4. O castelo

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  Amar é colocar as necessidades de alguém acima das suas.  

-Frozen

_*_

-Papai, cadê você? – a menina gritava para as paredes.

-Eu estou mais perto do que você imagina.

Kate acordou num súbito salto. Seu coração estava acelerado e seu corpo inteiro estava sobre uma fina camada de suor. Thomas, que tomava seu café da manhã tranquilamente, voou para cima da garota para medir a sua temperatura.

- Você está bem? – ele estava com os olhos esbugalhados, não sabendo por onde começar e nem se tinha a permissão de tocá-la.

- Estou com febre. Você tem algum chá? – ela pergunta.

- Vou verificar. – ele se afastou da garota e Kate notou que ele não usava nenhuma roupa na parte de cima, logo seus músculos fortes e o peitoral estavam tomando a sua visão. Kate podia ser quieta, mas já aprontou poucas e boas com garotos quando era mais nova. Seu rosto corou com a visão e ele percebeu por onde o olhar da menina seguia e ele se envergonhou também.

Kate nunca viu um menino que corasse por receber um olhar de segundas intenções de uma garota. Seria um momento para dar boas gargalhadas se não fosse pela febre a fraqueza que sentia em seu corpo. Thomas foi até algum lugar e voltou com uma camisa, que de nada adiantou, pois era colada ao seu corpo. Kate decidiu não provoca-lo mais, pois não queria deixa-lo constrangido. Ela percebeu que em suas mãos estavam um potinho verde e parecia conter alguma gosma nojenta.

- Aqui está. – ele pegou uma colherzinha que estava sobre algo que Kate supôs ser o criado-mudo.

- Eu não vou comer isso. – ela colocou o cobertor sobre a boca. Thomas riu pelo modo que ela agiu.

Thomas parecia ainda sentir o olhar dela sobre o seu corpo, o que para ele era uma situação desconcertante, pois Brisa, sua namorada, poderia chegar a qualquer hora e não gostaria nada de ver a relação um tanto íntima entre ele e Katherine.

- Katherine, pare de me olhar assim! – ele exclamou. Kate revirou os olhos.

- Você não parecia tão inocente pelo bilhete que me mandou ontem. – ela gargalhou de uma maneira leve. Era assim que Katherine se sentia quando ele estava por perto. Leve.

- Foi só uma brincadeira. – ele levantou as mãos fingindo ser inocente.

- Coma você antes. – ela o desafio e Thomas rolou os olhos.

- Vou mostrar a você que isso não é tão ruim assim.

Thomas pegou a colher e botou uma boa quantidade daquela gororoba verde na boca. Sua expressão primeira foi de fazer Kate gargalhar até não poder mais. Ele parecia que ia vomitar pela boca. Saiu correndo dali para tacar tudo fora na pia.

- Eu sabia! Eu sabia! – Kate disse entre uma gargalhada e outra.

- Você não viu nada! Agora coma e vai ficar bem rapidinho.

- Eu estou bem, deixe de ser fresco. – Kate saiu do meio das cobertas.

- Katherine,  você vai me dar muito trabalho... – ele secou o rosto com uma toalha.

Kate ergueu a sobrancelha e foi ao banheiro deixando Thomas parado com uma feição idiota. Ouviu o bater da porta e foi atender, recebendo uma visita nem um pouco surpresa:

- Brisa, meu amor. – ele disse sem graça.

- Quanta alegria ao me receber. – ela revirou os olhos com as mãos na cintura. Suas asas de fada estavam fechadas e ela parecia ainda mais bonita. – Eu estava com saudades. – ela disse abraçando-o de uma maneira possessiva.

- Eu também estava minha linda fada. – ele beijou o topo de sua cabeça afagando seus lindos cabelos loiros.

- Eu queria ficar mais tempo com você, mas preciso ir trabalhar. A Fada Mor quer que a gente faça uma viagem especial. Poderemos até usar as naves.

Thomas ficou impressionado pela evolução de sua namorada.

- Uau, fico muito orgulho de você, Bri, mas é seguro?

Brisa era o ponto de equilíbrio de Thomas. Sem ela, sua vida seria tomada pelo caos e em todas as suas situações frustrantes pela qual ele passou, Brisa estava lá para lhe acalmar.

- Sim, Thom. Eu sei me cuidar, ok?

- Eu sei. – ele abraçou- a delicadamente e os dois selaram um beijo lento e amoroso. Thomas ouviu um barulho alto na cozinha e de repente, Katherine apareceu com uma panela na cabeça. Brisa o apertou e fuzilou Kate com o olhar.

- Quem é você e o que faz na casa do meu namorado?

Kate ficou ruborizada e parecia não encontrar as palavras. Sentia-se intrusa.

- E- eu sou a filha da Rainha. – Kate disse, a Rainha seja-lá-qual-for-o-nome. – Thomas não vai mais precisar se preocupar comigo, pois hoje mesmo estarei morando com ela.

- Hum. – foi tudo o que Brisa disse. Ela olhou para Thomas que estava sem graça com toda aquela situação. Não queria ter problemas com sua namorada. – Vou lá, então. Até logo, meu amor. – ela beijou suas bochechas e lançou um olhar nada agradável na direção de Katherine, que devolveu com um sorriso e um aceno.

- Não sabia que tinha namorada. – Kate disse, assim que viu Brisa longe de vista.

- Eu não lhe devo satisfação. – Thomas retrucou, mesmo não querendo ser tão rude.

- Tem razão. Desculpe. – Kate entrou na casa, um pouco magoada.

- Está na hora deu te levar até a Rainha. – ele disse indo atrás dela.

- Sim.

Kate já estava arrumada. Usava o vestido lilás da mesma noite anterior e prendera os cabelos em um coque deixando alguns fios ruivos cair sobre seu delicado rosto.

- Está pronta? – ele a analisou inocentemente e Kate assentiu.

Thomas agarrou a menina pela cintura como da última vez. Pela viagem toda, ela não fez perguntas e nem ao menos olhou para o rosto do jovem. Estava concentrada em seu futuro. No que estava por vir.

Assim que adentraram em um lugar curioso, Katherine esbugalhou ainda mais os olhos. Ela estava vendo o castelo. Tinha uma ponte enorme, encrustadas por flores. O cheiro maravilhoso se exalava em seu nariz e ela deixou a sensação dominá-la.

Assim que viu o castelo de uma maneira mais detalhada, seu coração encheu-se de alegria, pois ele parecia um pouco com os seus desenhos de quando ela era criança. Os pensamentos sempre a levaram para a sua mãe da Terra. Como será que ela estava? Kate sentia tanto a sua falta, que às vezes tinha vontade de largar tudo e voltar para a sua casa.

Mas agora ela estava tão perto de descobrir a sua verdadeira identidade.

Verdadeira e absurda identidade.

O castelo era roxo e um pôr-do-sol emanava-se atrás dele, deixando a visão ainda mais arrebatante. Kate queria chorar de alegria por ver algo tão lindo em sua vida.

- Se prepare, pois vamos descer. – Thomas avisou com a voz rouca.

Kate também sentiria falta dele.

Assim que seus pés pousaram o chão, Kate olhou maravilhada para tudo ao seu redor.

- Lindo! Lindo! – ela disse rodopiando.

- Bem, Kate... – Thomas abriu a boca para dizer alguma coisa, quando a voz foi cortada por uma pessoa.

- Katherine! Que bom te ver por aqui!

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Do Outro Lado| [ reescrevendo ]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora