Até ela desabar no chão.

-*-

Katherine abre os olhos lentamente. A dor retumbava em sua cabeça, fazendo-a ficar zonza. Sua respiração saia com dificuldade e ela sentia que seus ossos estavam fracos.

- Katherine, você comeu alguma coisa de manhã? – Elizabeth perguntou preocupada. Kate balançou a cabeça em negação.

- O quê está sentindo, minha linda? – Thomas perguntou, para a surpresa de Kate.

- E-eu me sinto fraca...

- Vou deixa-los a sós. – Elizabeth disse depositando um beijo na cabeça de Kate e deixando os dois para trás.

Assim que Elizabeth saiu, Thomas se sentou na mesma cama de Katherine. Ele pousou suas grandes mãos sobre o seu rosto para verificar se ela estava febril.

Ela estava muito febril.

- Kate... Você está ardendo em febre! – ele exclama. Kate não conseguia formular uma palavra. Estava se sentindo amada ao seu lado. – Você bebeu alguma coisa? – ele perguntou novamente e ela balançou a cabeça positivamente. – O quê você bebeu, querida?

- Água... – ela diz fracamente.

- Só isso?

Kate assentiu. Thomas saiu do quarto rapidamente, deixando Katherine fraca e quase inconsciente na cama.

Estou morrendo. – pensou.

E fechou os olhos.

Thomas chegou minutos depois. Kate abriu os olhos novamente.

- Mandei verificar as águas. Podem ter colocado alguma coisa querendo atingir alguém.

Kate tentou cerrar os olhos, mas a tentativa foi em vão. Thomas pegou suas mãos cálidas delicadamente e pôs sobre as dele.

- Você é tão delicada. – ele diz sorrindo. Kate fecha os olhos e aprecia a sensação da sua pele contra a dela, mesmo que fosse um simples toque de mãos, para ela, era tudo.

_*_

Sinto a sua falta, papai.

Também sinto tanto a sua falta, minha querida filha.

Kate acordou subitamente. Seu corpo suava como nunca. A respiração pesada em intercalada foi se acalmando aos poucos. Kate percebera que estava em seu quarto e que tudo estava escuro. A única coisa que iluminava o ambiente, era a luz que vinha das venezianas abertas.

Fazia anos que Kate sonhara com pai. Dias atrás, na casa de Thomas, o sonho voltou para ela, mas ela ignorou completamente.

Respirando fundo, Kate se levantou da cama lentamente, pois ainda estava zonza e a febre havia piorado.

Foi até a penteadeira e viu sua a aparência nada agradável. A boca arroxeada e inchada, a pele ainda mais pálida que o normal. Ela tocou em uma gota de suor que saia de perto da raiz de seus cabelos.

O que eu tenho? – pensou.

Andou lentamente até o quarto de sua mãe, passando por todos os corredores estreitos e largos. Parecia levar uma eternidade, mas bem, ela precisava falar com sua mãe sobre seu pai, que ela pouco sabia. Na Terra, Kate nunca teve uma presença paterna, a não ser seu tio, o irmão de Maris Aurora, porém, ela sempre sonhou com um homem de cabelos castanhos avermelhados que dizia ser seu pai. Ela sempre recorria a Maris, perguntando sobre esse tal homem dos seus sonhos, mas ela sempre se esquivava e dizia que isso era coisa de sua imaginação.

Agora ela precisava tirar as suas duvidas.

Ao chegar ao corredor principal, viu-se a fresta da porta de sua mãe, meio aberta e ouviu vozes e risos. Curiosa e silenciosa, Kate se aproximou da porta e viu um homem de costas.

Edward.

E Elizabeth, com a aparência de vinte anos mais jovem. Ela estava deslumbrante e muito, mas muito igual à Katherine.

Ela beijava Edward lentamente. Os dois pareciam muito apaixonados. Kate que estava fraca e sem equilíbrio, quase caiu em cima da porta, mas deteve-se. Suas mãos geladas estavam segurando a maçaneta com força e ela fazia de tudo para não chorar.

A cena havia abalado Katherine. A mulher era Elizabeth, mas muito mais jovem, porém, o que mais a chocou foi a seguinte frase que saiu assim que o beijo se cessou. Elizabeth olhava com os olhos brilhantes para Edward e disse:

- Eu não devia beijá-lo, já que você falhou ao tentar matar a minha irmãzinha.

---

Do Outro Lado| [ reescrevendo ]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora