7. O baile- parte 2

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A música cessou. Trocaram de pares.

Uma fada muito bonita chamou Edward para dançar. Tinha asas azuis e olhos tão grandes, que pareciam pérolas. Ela insistiu tanto que ele aceitou para o alívio de Katherine. Não queria conversar com ele naquele momento. Precisava digerir o que acontecera na dança.

Controle-se.

- Daria a honra de dançar comigo? – uma voz grave falou próxima ao seu ombro direito nu. Aquela voz. Thomas e seu sorriso narcótico.

Katherine se virou lentamente. Estava segurando um ponche em mãos. A música era lenta, diferente da música que dançou com Edward. Ela engoliu em seco sem saber o que dizer. Sua cabeça dizia não e seu coração dizia sim. Era luta interna por sua vontade.

- Eu aceito. – disse estendendo a mão com elegância. Queria ser mais e mais, quando estava com Thomas.

Ele a levou até o centro do salão. Thomas passou os braços pela cintura de Katherine que parecia sem ação. Ela passou os braços por seu pescoço e ele sorriu. Se Katherine fosse mais ousada, teria lhe tascado um beijo, já que seus rostos estavam tão próximos, mas ela precisava por em sua cabeça, racionalizar, o que era difícil quando ele estava por perto.

Os dois se movimentavam em uma perfeita harmonia. Ela sentia algo em volta no ar, circundando entre eles, algo forte e ardente.

Era como se só estivessem eles ali naquele salão.

Para ela, ninguém mais existia naquele momento.

Só ele e ela.

- Você está sentindo o mesmo que eu? – ela pergunta baixinho.

Ele se distanciou um pouco para olhar em seus olhos castanhos. Kate ficou levemente ruborizada por ter os olhos dele sobre ela. Ela queria tanto decifrar aquele par de olhos azuis tempestuosos.

Queria se perder neles.

Mas a resposta que ela tanto queria lhe arrancar foi lhe entregue de outra maneira.

Ele a beijou.

Mas não pense que foi um beijo qualquer. Foi um beijo carregado de tanto sentimento, que Katherine quase chorou. Foi como uma maré indo a sua direção sem parar e ela queria enfrenta-la. Kate enfrentaria tudo por ele. Ela nem ao menos racionalizou ou olhou em volta para perceber os olhares caluniosos e bisbilhoteiros.

Era algo assustador até mesmo para ela. Nunca sentiu algo tão profundo em tão pouco tempo. Ela sentia como se já o conhecesse há muito tempo.

O beijo foi lento e Kate aproveitou cada pedacinho dele. Almejava ter o poder de parar o tempo, pelo menos naquele momento. Só existiam os dois. 

Ela precisava de tempo para digerir. Aquilo aconteceu tão rápido, tão inesperado!

Assim que o beijou cessou, Thomas olhou para ela assustado, como se acabassem de cometer um delito. Ele começou a balançar a cabeça de um lado para o outro em negação.

Os olhares ainda estavam atentos à cena.

Thomas continuava negando.

- De- desculpe Kate. Eu não deveria ter feito isso. Perdoe-me. – e correu em direção à saída.

Kate precisou de alguns segundos para processar o que acabara de acontecer. Ela piscou tentando evitar as lágrimas que vinham para marcar seu rosto. As criaturas agora a olhavam com pena.

Humilhação.

As lágrimas azuis brilhantes começaram a cair de seu rosto. Sua mãe a olhava sem compreender e Edward estava parado próximo ao bufe com os braços cruzados. Sua expressão sobre ela a deixou pior ainda.

Ela devia ter racionalizado.

Mas deixou-se levar pelos sentimentos.

Maldito sejam os sentimentos!

Correu até a saída do salão que dava para o jardim. 

Correu tanto , que as lágrimas pesadas brilhavam ainda mais. Era como se seu rosto estivesse iluminado por um luz azul chamativa.

Assim que chegou ao jardim, sentou-se sobre a grama molhada próxima a um grande arbusto e chorou. Suas lágrimas estavam cada vez mais brilhantes.

Enxugou-as.

- O quê ouve com você? – uma garota de mais ou menos dezesseis anos a perguntou. Era uma fada com maravilhosas asas azuis com pequenos detalhes brancos. Ela tinha um cabelo bem curto e pintado de rosa.

- Aposto que você deve ter visto no salão. Você e mais duzentas criaturas.

- Eu não entrei no salão para a sua informação. – a menina rebateu.

Kate ergueu os olhos para olhá-la. A menina não parecia ruim.

- Bom qual é o seu nome? – Kate perguntou.

- Meu nome é Eileen e o seu?

- Kate.

- O quê ouve com você, Kate? – a menina sentou-se perto de Kate.

- Um cara me beijou e depois me deu um fora. Todos viram e eu me senti humilhada. – Kate disse com o queixo encostado no joelho. Ela observa as duas Luas.

- Talvez ele esteja protegendo você. Não precipite certas opiniões.

- Protegendo-me de quê? – agora Kate olhava para menina, que se virou para ela e respondeu:

- Talvez, dele mesmo.

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Do Outro Lado| [ reescrevendo ]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora