Capitulo 96 - A futura condessa

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A casa de campo da família real ficava à alguns minutos do palácio dos Greens, e por incrível que pareça era significativamente menor. Talvez o objetivo fosse não ofuscar a propriedade do Conde, já que ele era considerado o "rei do condado", por isso ali a suas terras eram as maiores e seu castelo o mais rico, ainda que infinitamente inferior ao palácio real em Londres.

As luzes do jardim estavam acesas, e todo caminho, desde os portões de ferro até a entrada da casa, fora uma experiência lúdica, cheias de insetos luminosos que sobrevoavam os arbustos anões.

Eu usava um lindo vestido preto, até a altura da minha canela e alças amarradas em laço sobre meus ombros, o busto era bordado a mão, com uma linha perfeitamente dourada contornando as rosas vermelhas e azuis. Eu não fazia ideia de quem havia construído aquela obra de arte, mas ele era muito mais talentoso que o artista que pintou o teto do palácio.

Assim que o chofer parou o carro na entrada da casa, de frente a uma escadaria de pedra, um mordomo veio nos recepcionar, abrindo as portas e me ajudando a sair, exatamente como Alfred havia feito. Eles pareciam saber, exatamente, a hora que chegaríamos, ou a muito tempo esperaram em filas pela escada. Eu não queria ter me sentido daquela forma, mas me bateu o nervosismo. Eram pessoas importantes, mesmo que eu lutasse contra isso.

A primeira pessoa que meus olhos encontraram foi a mulher negra, usando um belíssimo vestido azul royal, até a altura abaixo de seus joelhos. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo baixo, repartido ao meio, e ela exibia belíssimas safiras em seu pescoço.

Mesmo não sendo a maior fã da família real, eu ainda sabia quem era cada um deles, especialmente o homem ao seu lado, um degrau acima, com cabelos ruivos e um terno cinza escuro.

Não soube o que fazer. Primeiro porque ele era muito maior do que eu esperava que fosse, segundo porque eu desconhecia todas as regras de etiqueta da nobreza. Eu devia me curvar? Provavelmente sim, mas ao invés disso, eu fiz algo que nem mesmo o maior dos estadunidenses consideraria normal, eu me aproximei e toquei sua bochecha na minha, fazendo a mulher se assustar, não o suficiente para se esquivar mas o bastante para provocar-lhe uma risada sincera.

Eu não costumava cumprimentar pessoas assim, eu me curvava mesmo quando não eram membros da realeza, mas meu nervosismo me causou uma súbita confusão mental.

Quando penso em fazer o mesmo, com o homem de cabelos ruivos, sinto a mão de Henry cutucar a minha discretamente.

- Altezas! - Diz ele, fazendo uma reverência contida.

- Vossa graça! - O principe devolve a reverencia. - Que prazer tê-lo conosco essa noite. Sejam bem-vindos à nossa casa de campo. Espero que tenham feito uma boa viagem até aqui.

- O percurso foi bastante agradável, obrigado. - Henry toca meus ombros - Gostaria de apresenta-lo à Srta. Cecilia, futura Sra.Green.

- Ham... - Procuro, desesperadamente, pelos olhos do homem ao meu lado, implorando para que me dissesse o que fazer em seguida.

Mas o principe Harry era, talvez, a realeza mais nobre de toda Inglaterra, porque com toda gentileza do mundo, ele se aproximou de mim, inesperadamente tocando sua bochecha na minha, exatamente como eu havia feito com sua esposa, e chocando todos, principalmente a cunhada, que tentou disfarçar o constrangimento que sentia ao vê-lo me beijar no rosto de maneira tão informal.

- Prazer, Cecilia. Bem-vinda!

- Obrigada. - Digo, desviando os olhos para o casal ao lado, que Henry cumprimentava com um aperto de mão, depois de se reverenciarem. - Me desculpem. - Peço, imitando a reverencia que Henry havia feito.

A Estranha Cecília - Chris EvansWhere stories live. Discover now