A Estranha Cecília - Chris Evans

Capitulo 93 - Ex

Eu não aguentava continuar ali, eu não podia passar o resto do dia junto dele, fingindo que estava tudo bem, quando claramente não estava.

Mas assim que sai da minha sala, o quartel chegava para trabalhar e, talvez, eu usar a mesma roupa do dia anterior tenha chamado excessiva atenção. Assim que cruzei a porta, Paulina correu em minha direção, seguida de Marcela, que carregava um corpo de café. Eu sabia que estavam gritando, por suas expressões faciais, mas minha audição estava tão ruim, que nem me pareceu tão alto. Eu pensei que falariam sobre eu ter passado a noite ali, mas diferentemente disso, seus olhos foram direto para a carta que eu segurava, o brasão da família real chamava mais atenção que a possibilidade de eu ter passado a noite no escritório.

- É do Henry? - Paulina pergunta, dando pulinhos de alegria.

- De certa forma... - Respondo, sem muito animo, entregando o papel para que ela lesse - É sobre nosso casamento, a embaixada vai liberar a entrada de vocês na Inglaterra. - O choro embola em minha garganta, mas eu trato de engoli-lo, não me permitiria chorar por um amor perdido. - Eu gostaria de ter vocês comigo, no meu casamento!

- Ah, amiga... - Marcela afaga meus ombros em um meio abraço. - Eu queria muito poder ir, mas com as crianças é muito complicado...

- Nem me fale, eu teria que pedir autorização do energúmeno do pai deles... - Norma complementa, em tom de lamento e revolta.

- Ain... - Paulina mareja seus olhos, finalmente se dando conta de que ela também não poderia sair do país com seu filho sem pedir autorização do pai do menino, com quem ela não possuía mais contato. - Eu tinha me esquecido disso...

- Bom, mas eu, a Inês e a Mariana vamos, e iremos representando todas. - Sarah me abraça os ombros pelo lado oposto da Marcela, ao perceber que eu havia ficado triste. - E o Nicolas também irá, com certeza. Seu casamento vai ser lindo, Ceci!

Suspiro, deixando uma lágrima teimosa escapar, ao menos agora elas poderiam pensar que eu chorava por elas não poderem ir, o que, de certa forma, não era mentira, mesmo não sendo a verdade absoluta.

Enquanto elas me abraçavam, Oliver saiu do banheiro carregando sua bolsa de maquiagens e uma chapinha, era bem cedo, e ela parecia estar ali fazia tempo, se arrumando. Por breves segundos minha frequência cardíaca aumentou, tive medo de que ela tivesse nos escutado, seu Christopher e eu, e agora que tínhamos decidido colocar um fim, eu não queria que ninguém mais, além da dona Ana, soubesse o que havia acontecido entre nós. Eu me envergonhava, Henry não merecia tamanha traição. Mas eu sabia que ela não iria falar nada, não na minha frente, ela comentava pelas costas, sempre dizendo que o Henry era demais para mim, mas nunca na minha cara, não quando o emprego dela estava em minhas mãos. Ainda assim, olhar para ela me trazia lembranças traumáticas, que me faziam querer chorar ainda mais.

A porta de minha sala se abriu, quase ao mesmo tempo do banheiro e no pior momento que eu poderia esperar que se abrisse, seu Christopher saiu de lá, com a mesma roupa de ontem, mas significativamente amassada, seus cabelos haviam se desprendido do gel e agora estavam levemente esgrouviados. Ele não trocou olhares comigo, nem com nenhuma das meninas, eu sabia que ele não tinha nos escutado, as portas da presidência eram propositalmente isoladas para evitar o som de entrar e sair com facilidade, embora, com muito esforço, fosse possível escutar, diferente do banheiro onde a Oliver estava que tudo era facilmente ouvido.

- Chris? - Ela o chama, com uma falsa felicidade estampada no rosto. Seus olhos verdes brilhavam com uma sombria satisfação, foi ali que eu soube que ela desconfiava de nós, enquanto descia o olhar por nossas roupas, uma por vez. - Também vai para Londres?

Ele trava os pés no chão, elevando o rosto até o dela.

- Como? Por que? - Pergunta, confuso. Ele estava tão perdido em pensamentos, que não tinha entendido o que a mulher tentava fazer.