Capitulo 56 - Domingo

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Christopher

- Bom dia... - Sinto as mãos da Ana em meus ombros, enquanto eu me deitava de lado, virado para a janela do quarto.

O lugar ainda estava completamente escuro e se não fosse pelo despertador, eu não saberia que a noite já havia acabado, sem que eu tivesse pregado meu olho por um único segundo que fosse.

Desde que comecei meu relacionamento com a Cecília, aquela tinha sido a primeira vez que um de nós saia da empresa sem um beijo. Aquele abraço tinha sido doloroso, como se ela estivesse se despedindo de mim. Eu a tinha perdido, para sempre!

- Vem pro banho comigo? - Ela pergunta, deixando um beijo em meu pescoço. Permaneço imóvel, não me esquivo, mas também não sinto absolutamente nada, era como beber água sem sede. Também não consigo responder, tudo o que faço é continuar parado e calado, como um morto vivo. - Ta bem... entendi!

Ouço ela se levantar da cama, marchando zangada pelo taco do seu apartamento. Assim que ela desaparece, levo apenas alguns segundos para decidir procurar por meu celular, o dia de ontem não pareceu suficiente para mim, Cecilia não tinha me dito claramente que acabou, porque ela sabia que ainda me amava... ou eu queria acreditar que sim!

Saio descalço pela casa, digitando seu número em meu celular, pensando em uma boa desculpa para estar ligando. Pelo caminho, encontro a bandeja de bebida sobre o aparador da sala. Me sirvo um whiskey sem gelo e coloco o celular contra o ouvido.

O álcool tão cedo e em jejum faz o meu estômago doer, mas estranhamente a dor em minha barriga era reconfortante, apenas porque isso ofuscava o aperto em meu peito.

Eu tinha certeza que ela não iria me atender, e talvez até fosse melhor, afinal, o que eu ia dizer? Ia implorar novamente, pedir para voltarmos, depois dela já ter dito, claramente, que não me queria mais?

- Seu Christopher? - Meu coração salta na garganta, me obrigando a afastar o telefone da orelha e conferir se ela realmente tinha atendido a ligação e eu não estava alucinando. - Seu Christopher? O que foi?

- Ham... - Travo, sem saber qual a justificativa eu teria para chama-la para perto de mim em pleno domingo. - Ham... Eu... eu... eu to ligando pra... pra saber se você terminou o balancete...

- Ainda não, senhor, mas termino nessa tarde e te envio...

- Não precisa! - Engulo o desconforto em minha garganta - Eu não tenho mais tempo pra analisa-lo, você terá que apresenta-lo.

- Mas, senhor...

- Por favor, Ceci, só você pode fazer isso!

Ela estala a lingua.

- Ta bem...

- E o dinheiro? Conseguiu o dinheiro das criptomoedas?

- Consegui, sim, senhor. Acredito que ainda essa semana seja feito o depósito e o senhor poderá dividir entre os sócios.

- Ta... - Suspiro, enquanto giro a bebida dentro do copo. Eu não tinha nada para dizer, ou pensar, me bastava escutar o som da sua respiração e saber que, mesmo longe, ela ainda estava perto. - Sua medalha ficou comigo... - Largo o copo sobre o móvel e levo as mãos ao bolso da bermuda, tirando de lá a medalhinha que eu guardava comigo.

- Fique com ela!

- Mas foi um presente...

- Foi um pedido, senhor, qual eu recusei. Não há motivos para que ela fique comigo!

- Não faz isso... - Sinto um forte aperto em meu peito, ao ouvi-la se desfazer de nós como se não fôssemos nada. - Não apaga a nossa história dessa forma...

A Estranha Cecília - Chris EvansWhere stories live. Discover now