Capitulo 10 - Anjo da guarda

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Christopher Graham

- Bom, eu vou explicar porquê eu pedi ao Dr. Smith para participar da reunião conosco. -Daniel diz, ao chegar na sala de reuniões e nos depararmos com o vice-presidente financeiro sentado a nossa espera. - A solidez da sua proposta pode dar margem para algum mal entendido, você pode pensar que é algo pessoal, então eu pedi ao Dr. para analisar sua proposta em relação aos valores da empresa. - Faz sinal para que eu me sente, enquanto ele faz o mesmo. - Smith, sem dúvida, é neutro.

- É... Smith é neutro. - Ironizo, me acomodando a ponta da mesa. - Trabalha pra minha empresa, trabalha para a Ana, e trabalha pra mim! Neutro... - Sorrio, nasalado, desacreditado que o cara que só era vice-presidente porque eu permitia que fosse, havia se juntado ao meu rival. Eu já esperava, claro, mas quando suas suspeitas se materializam, elas sempre te surpreendem. - Mas não importa, continue, por favor!

- Queremos escutar sua análise, Smith! - Daniel dá a ele o lugar de fala.

O homem pigarreia, nervoso, provavelmente se perguntando se havia feito uma escolha ruim em estar naquela reunião. E ele com certeza tinha!

- Ham... - Mais um pigarro - Queira me desculpar, senhor, mas a sua proposta é inconsistente. Tem falhas nos cálculos do custo financeiro e isso implica em falha total das metas e também de toda proposta. - Sinto um frio subir por minha espinha, percorrendo todo meu corpo até apertar minha garganta.

- Eu tenho consciência de que a minha proposta não era tão consistente mas já corrigimos. - Minto - E as metas, continuam iguais!

- Ah, uau...já corrigiram? - Daniel sorri, debochado - E poderia me explicar quais são as "correções"? - Faz aspas com as mãos.

Meus olhos se arregalam, e posso jurar que uma gota de suor escorre por minhas têmporas. Minhas pernas tremem debaixo da mesa e agora eu sinto que o fim está próximo. Eu não somente seria destituído como também humilhado. Tudo isso porque eu não podia contar com a ajuda do MEU diretor financeiro e a secretaria, que jurou poder me ajudar, estava sabe-se lá deus onde.

Talvez eu devesse ter estudado contabilidade ao invés de relações públicas.

- Claro... claro... com prazer... - Pigarreio nervoso, exatamente como o Smith fizera segundos antes. - Eu só preciso ir até a minha sala buscar... buscar uma coisa! - Levanto em um único pulo.

- Buscar o que, Christopher? - Pergunta, impaciente.

A dignidade

- Calma, calma, cunhadinho, você verá em um minuto, eu não demoro.

Saio, fechando o botão do meu paletó, na tentativa frustrada de disfarçar o quão nervoso eu estava. Aquele era o meu fim!

Quando entro em minha sala, a primeira coisa que faço é me jogar sentado em minha cadeira. Eu precisava pensar em algo, rápido, mas era inútil, eu jamais acharia em dois minutos a solução que não fui capaz de achar a noite toda.

A única opção era me matar, porque só morto eu sairia da presidência.

Viro-me para a janela atrás de mim, fitando o céu azul claro.

- Deus, por favor, se você existe, me mande um anjo da guarda, um milagre, qualquer coisa, só pelo amor de deus, me ajuda! - Suplico, apertando meus olhos, tentando não chorar, porque tudo que eu queria era procurar o colo da minha mãe, dizer que eu falhei, e chorar até adormecer. Parecia dramático, mas só eu sabia como aquilo tudo era importante para mim.

- SEU CHRISTOPHER? - Me assusto, e quando me viro, encontro Cecilia saindo de sua caverninha. Diferente dos outros dias, seu cabelo hoje estava solto, apenas preso em cima por uma faixa, que o impedia de cair nos olhos. Em seu queixo, um adesivo de estrela reluzia e isso fez minhas sobrancelhas se franzirem.

A Estranha Cecília - Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora