Capitulo 67 - Sempre amarei você

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Eu ainda o amava.

Quando o vi caído no chão com os olhos roxos e inchados, quase irreconhecível, eu entendi que ainda o amava. Mesmo depois de tudo, mesmo depois de acreditar desejar para ele todo castigo do mundo, mesmo repetindo para mim mesma que não pensava mais sobre nós. Eu ainda o amava, e não deixaria de ama-lo em menos de 24 horas.

Empurrei alguns caras ao redor dele, me jogando no chão, onde ele estava apagado. Por alguns segundos pensei que tinham matado-o e aquela foi a maior dor que eu senti na minha vida. Era indescritível. Como se cada um dos socos que o deram, fosse em mim.

Eu não era alguém que fazia escândalos, mas um grito escapou na forma do seu nome, enquanto eu tentava puxa-lo pelos ombros, trazendo-o para o meu colo, mas ele era mais pesado do que eu conseguiria suportar com meus braços fracos.

- O QUE VOCÊS FIZERAM COM ELE? - As lágrimas rolam por meu rosto - SEUS ANIMAIS!

- Conhece esse imbecil? - Um deles pergunta, limpando o canto do lábio que sangrava. - Melhor levar ele daqui antes que eu o mate.

- Seu Christopher...? - Sussurro, acariciando a lateral do seu rosto, com delicadeza. - O que o senhor fez? Por que ta fazendo isso?

- Moça...?! - Uma garota se abaixa ao meu lado, tocando em meus ombros - Seu amigo estava fora de si, ele tava brigando com todo mundo sem motivo nenhum. Parecia que queria isso... - Aponta para ele, apagado no chão.

- Eu não entendo... - Passo as mãos em minhas bochechas, me livrando das lágrimas. - Tenho que tirar ele daqui!

Reviro os bolsos da sua calça atrás do seu celular. Por sorte, ele ainda usava a mesma senha. Fiz o que era mais óbvio de se fazer, liguei para sua mãe. Ela era sua melhor amiga, morava em Londres e poderia lidar com aquela situação muito melhor do que eu jamais poderia imaginar conseguir fazer.

Mas quando me atendeu, para minha surpresa, ela ainda não tinha voltado para Londres, ela nem quis me ouvir, só queria, desesperadamente, descontar suas frustrações em mim, me culpar por tudo de errado em sua vida, me fazer sentir pior do que eu já me sentia. Era estranho, porque para mim, a poeira já começava se abaixar, mas voltar a ter contato com aquelas pessoas me mostrou que, na verdade, tudo ainda estava terrivelmente igual, a ferida ainda era muito recente, a dor ainda estava viva em todos eles, e em mim também. Fugir tinha abafado o meu sofrimento, mas piorava o deles. Eles tinham perdido a empresa, a dignidade, o dinheiro, os sonhos, a esperança, e agora estava perdendo seu único filho para a bebida. A culpa era minha, mas me culpar não resolviam as coisas. Fazer eu me sentir mal até podia alimentar seu ego, mas não desfaria meus erros. A história escrita não pode ser apagada.

- Senhora, eu não sei o que fazer com o seu filho. - Interrompo-a - Eu sinto muito por tudo o que fiz, acho que o melhor que posso fazer por vocês, agora, é sumir das suas vidas, para que esqueçam da minha existência. Mas por uma infelicidade do destino, eu o encontrei caido na frente de um bar. O que eu faço? Largo-o aqui?

- Claro que não, Cecília. - Ela se exalta - Depois de tudo o que fizeram, vai simplesmente abandona-lo? Que conveniente. Você é realmente uma aproveitadora, Ana tinha razão sobre você. O abandonou quando ele não tinha mais o que te oferecer!

- Me diga o que fazer com ele! - Travo a mandíbula, contendo os palavrões que desejei deixar escapar.

- Leva ele pro meu apartamento. O voo da Ana deve chegar ai pela manhã, ela vai saber o que fazer.

Engulo o desconforto em minha garganta.

- Me envie a localização por mensagem e autorize a minha entrada. - Desligo o celular, sem esperar por uma resposta.

A Estranha Cecília - Chris EvansWhere stories live. Discover now