Capitulo 22 - Desejo reprimido

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- Ceci? - A porta se abre, revelando o homem com seu terno já sem a gravata e dois botões de sua camisa abertos, seus cabelos também estavam bagunçados, o que me faz olhar as horas no computador, percebendo que já estava no fim do expediente. - To indo.

- Ah... ta... daqui a pouco vou também, só vou terminar o que estou fazendo...

- Deixa pra amanhã. - Abre a porta completamente - Vamos, eu te dou uma carona.

- Não precisa senhor, obrigada. - Minha mente clareia como uma luz que se acende em um cômodo escuro, me lembrando de que eu não havia falado com ele sobre o suborno da filmes e imagens. - Mas se tiver um minuto, eu gostaria de conversar com o senhor antes que fosse embora.

- Aconteceu alguma coisa? - Ele pergunta, desconfiado, fechando a porta atrás dele e se sentando sobre minha mesa.

- Meio que sim... - Giro a cadeira em sua direção, enfiando as unhas no estofado do braço, tentando conter o nervosismo que ele percebe, o que o deixa ainda mais tenso. - Eu quase fiz uma coisa da qual não me orgulho... - Seus olhos se cerram, e sei que na sua cabeça se passava diversas opções, que ele tentava adivinhar enquanto eu não tomava coragem para contar. - A Filmes e Imagens me ofereceu uma comissão de 10% se eu facilitasse a compra do equipamento deles...

- Cecíiilia... - Vira o rosto para o lado, me observando de rabo de olho.

- Não senhor, eu não fiz isso, eu juro!

- Mas eu me lembro bem que você disse para mim que a filmes e imagens era a melhor opção...

- Porque eu realmente acho que seja, mas lembra que eu disse que a decisão devia ser sua?

- Se não fez, então por que ta me contando?

- Porque eu pensei em fazer, senhor.

- Pensou em me trair? O dinheiro era tão mais importante do que a relação de confiança que construímos no decorrer desses meses?

- Senhor, a minha família ta passando por dificuldades financeiras. Meu pai foi demitido, e ele já é idoso, minha mãe também... o salário que o senhor me paga não dá pra sustentar a casa. Nosso apartamento é financiado e se não pagarmos, a gente perde... Eu tava desesperada, e ai apareceu essa proposta... - Dou de ombros, fugindo do seu rosto, estava envergonhada demais para olha-lo.

- E por que não falou isso comigo, Ceci?

- Eu não quis te encher com um problema que não é da empresa...

- Meus problemas com a Ana também não são da empresa, e você me ajuda, não ajuda? - Assinto, ainda de cabeça baixa. - Quanto te ofereceram?

- Cinquenta mil.

- Aceite! - Volto a olha-lo, confusa se eu havia escutado certo. - Mas quero que abra uma empresa e conste esse dinheiro como capital inicial. Depois você pode fazer o que quiser com esses cinquenta mil, desde que mantenha a empresa ativa, e em seu nome. Também vai ter que arcar com os impostos, então recomendo que não ponha o dinheiro fora. Você é uma grande economista, vai saber o que fazer.

Pisco algumas vezes, confusa...

- Não entendo...

- Quero proteger a Splendore caso a gente se endivide com os bancos, pra isso eu preciso de uma empresa de confiança para embarga-la, antes que o banco o faça.

- Isso é crime. - Digo, sem precisar pensar muito.

- Só se alguém descobrir.

- Não. - Levanto, em um pulo - Não, não, esquece, não posso fazer isso... não vou fazer isso... você enlouqueceu? - Ele ri, o que me deixa ainda mais zangada. - Não to achando graça...ta brincando?

A Estranha Cecília - Chris EvansWhere stories live. Discover now