Capitulo 73 - Alguns meses depois...

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Eu tinha prometido ao Henry que ligaria de volta, mas eu não consegui, eu quis sair da li o mais rápido que pudesse, eu quis fugir novamente, eu quis me esconder de tudo e de todos. Eu não conseguia encarar o Henry, não depois de tudo o que eu tinha escutado, todas as palavras que me faziam sentir novamente um monstro.

Seu Christopher estava certo, eu não era melhor que ele, e eu estava tentando me esconder atrás dos ombros de outro homem. Eu não era capaz de assumir as consequências. Pensar em reencontrar as meninas do quartel, a minha mãe, o meu pai... doía tanto... por mais que sentisse saudades, não era maior que a minha vergonha.

Quando olhava para meu reflexo na lataria dos carros estacionados na rua por onde eu passava, eu não reconhecia o que via. A mulher que me tornei era estranha a mim, eu não gostava dela. E a pior coisa que pode acontecer a alguém, é não gostar de si mesmo.

(...)

Os dias que se passaram eu me dediquei ao trabalho, eu não saia para festas, nem nenhum evento além daqueles que dona Karolina me obrigava a participar, mas ainda estava sendo bom, estar com ela, o Henry, o elenco da competição, os jurados... era sempre muito divertido. Cada minuto que se passava no relógio me afastava mais da minha vida antiga, eu estava me tornando uma pessoa diferente, alguém que eu gostava de ser.

Não havia contado para o Henry o que aconteceu naquele dia, no inicio ele até insistiu em perguntar, mas conforme as semanas foram se passando, deixou de ser importante. Meu ex chefe, a Splendore, a Oliver, as minhas amigas do quartel, a dona Ana, o seu Will... todos haviam ficado para trás, eu não pensava mais neles com rancor, nem mesmo culpa. Minha vida estava ganhando um novo rumo, eu estava reescrevendo-a, como se iniciasse uma nova temporada, que prometia ser incrível.

Abandonei a antiga Cecilia, eu já não gostava mais das mesmas roupas, meu cabelo tinha ganhado um novo corte, mais leve e despojado, com muitas camadas e uma franja retrô, meus óculos deram espaço para lentes de contato, e até minha pele havia ganhado um aspecto melhor, mais iluminada e com menos sardas, embora eu gostasse delas. Mas a mudança não era apenas por fora, eu não estava tentando impressionar ninguém, eu realmente estava gostando de quem eu parecia agora. Eu tinha mais segurança, era respeitada e querida no trabalho.

No tempo que passei em Londres, conheci grandes pessoas, produtores de TV, empresários do ramo hoteleiro e até grandes chefes de cozinha. Aprendi a apreciar bons champanhes e a saborear os mais diferentes tipos de pratos, especialmente frutos do mar. Mas tudo isso sem perder a simplicidade, eu ainda era a mesma garota que saiu de um lugar humilde, e os amigos do Henry pareciam admirar a mulher que eu era.

[...]

Era o meu segundo mês em Londres, quando o pai dele soube sobre nós dois, demorou porque depois de saber que o ex melhor amigo seria jurado do programa, ele desistiu de aceitar o convite do pai. Como eles ainda não se falavam, eu acreditei que não fosse um problema para mim, que eu não precisava ser aceita pela família, que nunca mais eu conheceria alguém como os Graham, mas eu estava enganada.

No fim da gravação do último episódio, houve uma festa no salão do hotel, um baile de gala com direito a vestido longo e muito champanhe.

Senhor J.Green havia realizado o baile para a alta sociedade, em comemoração aos lucros que havia conseguido com a audiência do programa, que seriam todos doados para a caridade.

O baile estava repleto de empresários e nobres, a vezes eu me sentia dentro de um filme da monarquia, vendo eles dançarem valsa no centro do salão.

- E o meu filho? - Senhor Green para ao meu lado, me oferecendo sua mão para uma dança. - Não vem?

A Estranha Cecília - Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora