Capitulo 88' - Ultimo segundo antes do fim do mundo

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E quem disse que consegui fazer qualquer coisa no restante daquela noite? Nicolas dormia no sofá da minha sala, me esperando para ir embora, mas eu continuava paralisada em frente ao novo contrato do Mc Donalds, que eu deveria redigir antes de enviar para os advogados conferirem, mas minha cabeça estava longe. Eu devia me perguntar o que Henry fazia um mês inteiro sozinho na Inglaterra, mas tudo o que eu conseguia era me perguntar o que seu Christopher estava fazendo naquele momento exato. Teria, ele, a coragem de levar aquela mulher para o hotel que ele estava morando, no primeiro encontro? E se ele dormisse com ela? Ele faria isso? Quer dizer... a reputação dele nunca foi das melhores, ele nunca se importou se era o primeiro ou o milésimo encontro. Teria ele saído com outras pessoas nesse tempo que ficamos separados? Ele nunca tinha ficado tanto tempo sozinho antes... e eu nunca tinha pensado sobre isso.

Eu não entendia porque estava pensando agora, não seria a primeira vez que ele ficava com alguém, eu acobertei varias vezes, eu fui a amante, eu o via voltar pra casa depois de ter estado comigo. Ainda assim, aquilo era diferente. Ele estava desistindo de mim... não era mais como se em algum momento ele fosse voltar, como voltava da casa da dona Ana. Ele estava indo embora, e dessa vez ele estava fazendo isso de maneira honesta. Estaria, eu, preparada para ver isso acontecer? Estava pronta para me casar, mas nunca estaria pronta para perde-lo.

Só de imagina-lo com as mãos em outra mulher, trocando beijos, carícias, juras de amor... Só fazia um mês que havíamos dado um ponto final.

Idai que eu iria me casar? Ele tinha me magoado, nenhuma dor seria suficiente para reparar o que ele havia me feito. Mas eu... o que eu tinha feito? Estive ao lado dele em todos os momentos, mesmo depois de tudo o que me fez. Não era justo...

Onde será que ele foi? Onde ele a levaria? Ele não a levaria nos restaurantes que costumava frequentar, ela não pertencia a bolha...

E foi então, que o ar me faltou. Me coloquei de pé, por um impulso, ele não conhecia muitas coisas que não fosse os restaurantes chiques que costumava ir, era um mauricinho filhinho de mamãe que só se relacionava com modelos e artistas... se estava com alguém de fora, então óbvio que levaria direto para o hotel.

Agarrei meu sobretudo pendurado na arara no canto da sala e sai andando a passos largos, tentando me equilibrar sobre os saltos. O que eu ia fazer, eu não sabia, mas eu sentia que precisava ir para algum lugar, eu queria me certificar de que ele não tinha feito isso, de que ele não ia dormir com ela. E quando fiz isso, não percebi que eu estava agindo, exatamente, como dona Ana. Aquele homem tinha a terrível habilidade de enlouquecer as mulheres.

•••

Mas quando cheguei na frente do seu hotel, eu não tive coragem de descer, apenas parei, observando as milhares de janelas e me perguntei qual seria a dele.

Por que eu estava ali? Ele estava tocando a própria vida, como eu mesma lhe disse que fizesse. Era um homem solteiro, não me devia absolutamente nada. Ele podia dormir com quem quisesse, e também podia se apaixonar e se casar, como eu estava fazendo. Mas como explicaria à sua futura namorada, que carregava uma medalha com nome da ex, pendurada no pescoço? A menos que... ele não teria coragem de tira-la... teria? Depois de tomar um tiro por ela? Ele teria coragem de se desfazer da única lembrança que havia restado de nós dois?

Eu ia perde-lo, sem nem mesmo ter certeza se era o Henry que eu realmente amava.

Meu coração saltou na garganta. Nunca, em toda minha existência, eu me senti tão apreensiva como estava sentindo naquele exato segundo.

- Vai estacionar? - O manobrista pergunta, colocando o rosto na janela do carro, depois que eu ficar parada tempo demais na vaga de embarque e desembarque.

A Estranha Cecília - Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora