Capitulo 95 - Palacio em Leicestershire

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Fui para Londres sozinha, porque, pela primeira vez, em anos, minha mãe não me apoiou em algo. E me doeu muito pensar que eu teria que entrar em uma igreja sem os meus pais, sem ninguém para me levar até o altar. Todo caminho que eu faria até o Henry seria meu, comigo mesma. Eu não entendia como minha mãe e meu pai podiam ter feito uma coisa dessas... Mesmo que eles fossem, terrivelmente, contra a minha decisão, parte de serem pais residia em estar ao lado dos filhos, segurando suas mãos ao cair. Escolhas erradas faziam parte do aprendizado.

Quando eu passei pelas portas da sala de desembarque, eu me despedacei. Estava de volta ao local onde Henry e eu nos conhecemos, fora ali onde eu vi pelo primeira vez o homem que se tornaria meu marido. Não, exatamente, no aeroporto, mas dentro de um avião. De um jeito muito estranho eu desejei nunca ter ido até Londres, nunca ter conhecido-o, nunca ter fugido. Eu desejei ter ficado em Nova York, aceitado as desculpas do seu Christopher, eu desejei ter sido forte para enfrentar todos. Mas eu não era. Eu era fraca, e quando vi meu futuro marido me aguardando com um sorriso lindo nos lábios, eu voltei a pensar que precisava dele para me reerguer. Eu me lembrei de como seu abraço era acolhedor, de como ele me abrigava e me protegia como mais ninguém foi capaz de cuidar. A distância me fez esquecer, por um tempo, como ele era maravilhoso, e como eu me sentia bem na sua presença.

Corri em sua direção, largando a bagagem no meio do caminho.

Quando meu corpo encontrou o seu, foi como voltar para casa, meus batimentos se regularam e eu me senti acolhida. Seu cheiro era familiar e o calor da sua pele era confortável. Ele me envolveu em seus braços, com muita saudade, escondendo seu rosto em meu pescoço. Ele me abraçava com tanta força, que senti minhas costelas doerem.

- Oi, minha pequena, que saudade que eu estava sentindo de você... - Ele me afasta um pouco, para olhar para mim. - Deixa eu te ver. Ta tão linda! - Passa as mãos pelas lagrimas em minhas bochechas.

- Como você ta? - Acaricio seu rosto, notando que sua barba estava sem fazer. Ele havia perdido o pai, a vida tinha virado do avesso da noite para o dia, tudo estava diferente, eu imaginava que não devesse estar sendo nada fácil para ele, inclusive, parecia ter perdido um pouco de peso. - Ta se alimentando direito?

- Mais ou menos... - Ele sorri fraco - Sinto falta da minha comida. Na casa do meu pai os empregados nem me deixam chegar perto da cozinha!

- Mas a casa é sua agora...

- Não por muito tempo. Não quero desensina-los tudo que aprenderam, eles ainda vão precisar saber como servir o novo conde, depois que eu renunciar.

Reviro meus olhos para toda aquela bobagem. Mas não queria ser a pessoa inconveniente que a todo momento fala sobre como eu achava tudo aquilo uma imbecilidade, por isso me calo. De certa forma, fazia parte da cultura dele, e eu respeitava, apesar de ser, definitivamente, contra.

- Vamos pra casa? Estou cansada da viagem!

- Sem um beijinho antes? - Ele pergunta, franzindo suas sobrancelhas para mim.

Minhas bochechas se coram, eu havia me esquecido, completamente, de que noivos se cumprimentam de uma maneira intima. Para mim, o abraço tinha sido mais do que suficiente, mas para ele, não. Era estranho, mesmo ele sendo meu noivo, o homem que escolhi para viver a vida, pareceu errado, como se eu estivesse traindo a mim mesma, ao meu próprio coração, a verdadeira pessoa que minha mente entendia como meu parceiro. Ao mesmo tempo, também parecia desonesto com o Henry, beija-lo depois de ficar com outra pessoa por suas costas.

Eu me esquivei, sem querer, e ele percebeu, mesmo que eu tivesse sido tão discreta que meus movimentos fossem quase imperceptíveis. Ele percebeu! E ele se assustou!

A Estranha Cecília - Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora