Capitulo 60 - Adeus

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- O que é tudo isso? - Ana pergunta, sozinha comigo em sua sala, enquanto revirava uma das sacolas, onde eu guardava alguns objetos decorativos.

- Eh... algumas coisas que eu trouxe da minha casa!

- Ham... e por que as pessoas não podiam ver? O que tem na outra sacola?

- Lixo!

- Quero ver! - Move os dedos, pedindo pelo objeto.

- Senhora... - Hesito ao entregar, embora ela estivesse determinada a ver. Apesar de tudo, eu ainda não queria que ela fosse humilhada daquela forma. Ela ja desconfiava do nosso envolvimento, seria impossível que não soubesse, depois de tudo o que presenciou, mas ainda parecia convicta a não acreditar. - O que está prestes a ver, foi tudo parte de um plano, nada disso é real...

- Anda, Cecilia! - Agarra o plástico com força, quase o rasgando ao puxar. - O que é tudo isso? - Diz, tirando algumas pelúcias e bombons de dentro e jogando sobre sua mesa. - Doces, ursos... que isso? - E finalmente, o que eu pensei que jamais aconteceria, aconteceu. Dona Ana tirou de lá um bolo de cartas, fazendo meu coração se acelerar dentro do peito. Algumas delas, ou muitas delas, possuíam teor sexual, embora sempre muito românticas. Eu não queria que ela visse aquilo, não só para que não se magoasse, mas também porque era uma parte da minha vida que eu gostaria de esconder. Eu tinha vergonha, não só de ter sido amante, mas de ter sido tão boba... - "Encontrar você é sonhar com um futuro perfeito, é querer ter na pele o toque de suas mãos, o sabor dos seus lábios e o aroma do seu perfume natural... - O nariz dela se franze e seus labios se movem em um discreto "que nojo" - ...me deliciando em sensações únicas e excitantes, me arrepiando com a sua respiração ofegante e quente ao pé do meu ouvido, sussurrando carinhosamente o meu nome enquanto fazemos amor... Estar com você é uma aventura, um risco, um desejo... E como não desejar? Como não querer saborear todas as maravilhas que me refiro, e tantas outras que eu poderia citar? Mas melhor do que escreve-las aqui, é vive-las na pele. Conto os segundos para te encontrar! Assinado, Chris!" - Finalmente seus olhos saem da carta e se prendem aos meus, um silêncio constrangedor dominou o lugar, e novamente eu chorei de vergonha, desejando que aquela tortura acabasse de uma vez por todas, para que eu pudesse desaparecer para sempre. Ainda sem acreditar no que lia, ela puxou outra carta. - "Eu prometo te dizer EU TE AMO todas as manhãs e te provar isso todas as horas. Você não faz ideia do quanto eu gosto de nós dois!" - Joga mais um cartão longe, procurando por outro. - "A vida jamais me deu uma oportunidade tão bela de ser feliz como estou sendo agora ao seu lado! Com você eu descobri como pode ser gostoso amar alguém. Você me mostrou que existe amor em todas as coisas, que dormir juntos não é apenas excitante para o corpo, mas é também um alimento para alma. Sempre que tiramos nossas roupas, nos encontramos em espírito. Nosso sexo é poesia..." - Mais uma vez seus olhos procuram pelos meus, e agora eles também estavam dominados pelas lagrimas - Dormiu com ele, Cecilia? - Pergunta, incrédula, antes de continuar - "Mesmo quando parecemos dois depravados, eu ainda enxergo a beleza do nosso amor, enquanto desbravo cada estrofe das canções que escrevo em seu corpo com a minha boca... - Faz uma pausa silenciosa, digerindo as palavras. - ...com a minha boca?! - Involuntariamente ela faz vomito, levando as mãos aos lábios para esconder o nojo que sentia. Ela não sabia se queria vomitar, chorar, ou morrer... - "Me sinto nas nuvens, e quando estamos longe, me sinto sozinho, vazio, triste... Só você consegue dar luz a escuridão da minha vida. Só você me faz feliz, só você será eternamente o meu amor, e a minha mulher. Te escrevo essa carta parado no trânsito, enquanto dirijo de encontro à você, com a certeza, mais do que nunca, de que preciso cancelar o meu casamento com Ana... - Seu choro ganha um volume alto, que me parte o coração.

Por breves segundos, ela não consegue terminar de ler e apenas se senta em sua cadeira, com a cabeça baixa e o coração despedaçado. Aquela carta era a mais recente, e a única que ele mesmo havia escrito. Ela estava em minha bolsa, junto do girassol que guardei dentro do diário que carregava comigo, naquele momento me arrependi de te-la colocado junto as outras. Eu queria me livrar de suas cartas, menos daquela... eu tinha me esquecido como era linda.

A Estranha Cecília - Chris EvansWhere stories live. Discover now