Capitulo 89 - Eu vou me casar

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Estava distraída demais para entender o que estava acontecendo ali. Eu pensava no futuro, no momento que precisasse contar ao Henry, terminar com ele depois de ter dado esperanças de adiantarmos nosso casamento. No fundo, eu precisava daquela resposta, eu precisava dar mais uma chance ao que estava sentindo, para ter certeza se queria me casar. Por mais que esse não tivesse sido o motivo, e sim o meu ciúmes completamente cego, eu precisava daquela resposta, eu precisava concluir que não podia me casar amando outra pessoa. Era com isso que minha cabeça se ocupava, e por isso não percebi que eu tinha deixado o Nicolas no escritório e dormido fora de casa, sem avisar a ninguém. Tive medo de pegar meu celular e achar alguma mensagem, ou ligação do Henry, e acabei não vendo que meus pais também estavam desesperados atrás de mim.

Quando cheguei a casa, Nicolas estava na sala na companhia de minha mãe e meu pai, cada um em um aparelho celular diferente. Pareciam nervosos, tensos... mas assim que cruzaram seus olhos comigo, respiraram aliviados. Minha mãe foi a primeira a soltar o telefone sobre o sofá e correr em minha direção.

- Ai, graças a deus... - Ela me abraça, tão forte que parecia capaz de me quebrar o pescoço. - Obrigada minha santinha, obrigada meu deus!

- O que houve, Cecilia? - Diz meu pai, um pouco menos feliz em me ver. - Onde esteve?

- Por que tudo isso, gente? Eu só cheguei um pouco tarde... - Me afasto, delicadamente, tirando meu casaco.

- Um pouco tarde? Você dormiu fora de casa e deixou o Nicolas na Splendore. - Meu pai diz. - Onde esteve, Cecilia?

- Resolvendo um contrato. - Dou de ombros.

- Quer que eu acredite que passou a noite, sabe-se la deus onde, resolvendo um contrato?

- Papai, eu estava com seu Christopher, queria terminar umas coisas e ficamos em uma loja de conveniência trabalhando. Não vimos a hora passar.

- Nao é, exatamente, pra isso que serve o escritório? Pra trabalhar? Precisa ir para uma loja de conveniência?

- Estávamos cansados, enjoados... ai papai... - Reviro os meus olhos. - Eu estou bem, não estou?

- Fisicamente sim, mas mentalmente eu nem sei mais, Cecília.

- Velho... - Minha mãe toca em seu ombro, tentando acalma-lo ao perceber que ele estava exaltado.

- Acredita nela, Júlia? Acredita no que essa menina está falando? Faz sentido pra você? Perdemos o controle sobre essa garota, agora ela faz o que quer, volta a hora que quer, e não da satisfação a ninguém!

- Acredito! - Minha mãe dispara, com a voz serena - Minha filha não é mentirosa. Se ela disse que estava em uma loja de conveniência, então eu acredito!

- Depois não se pergunte porque essa menina está assim. A culpa é sua, por passar tanto a mão na cabeça dela!

Ele esbraveja, se controlando para não soltar nenhum palavrão enquanto bate os pés até a saída. Ele estava zangado, eu entendia, mas a minha mãe não era culpada. Eles tinham me dado a melhor educação do mundo, eu entendia a importância do casamento e da fidelidade, a razão para eu não aplicar todos os valores que me foram passados era, puramente, um desvio de caráter.

Claro que meu pai não tinha certeza sobre o que estava acontecendo, mas dado meu histórico de mentiras, era de se considerar que havia algo muito grave, para que novamente eu inventasse historias para encobrir a verdade. Eu só torcia para que, de todas as coisas que ele pudesse estar pensando, eu ter passado a noite com seu Christopher não fosse uma delas. Eu já me sentia mal o bastante, arrependida o suficiente, não precisava escutar sermões, nem pessoas atestando o obvio. Eu tinha errado, e eu sempre errava quando ele era o assunto. Eu já nem podia mais prometer para mim mesma que nunca mais faria algo do tipo, novamente. Porque cá estava eu, cometendo o mesmo erro, qual eu tinha implorado a deus que me perdoasse.

A Estranha Cecília - Chris EvansМесто, где живут истории. Откройте их для себя