Capítulo 8

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O som dos passos de pessoas nas calçadas da cidade de Londres, fazia Christine acreditar que a longa viagem até sua casa estava próxima.

O olhar da adolescente de 15 anos, observava cada ponto iluminado por uma luz em tonalidade diferente, nos prédios históricos da cidade, enquanto passava o lado de uma dos famosos ônibus de dois andares, estacionado e esperando por mais passageiros, além de carros e ciclistas disputando espaço nas avenidas e ruas estreitas do bairro em que vivia desde que nasceu.

Assim que o veículo em que estava com sua professora estacionou em frente a livraria de sua mãe, percebeu a mesma estar aberta e a silhueta da mulher no interior do local, caminhando de um lado para o outro e assim que percebeu, virou em direção a saída, abriu a porta e demonstrou surpresa ao vê-la longe da escola.

Christine agradeceu sua professora e saiu, ficando em frente a sua mãe, que também agradeceu e segundos depois a lançou um olhar de reprovação, enquanto dizia:

- Lhe falei que estou bem! O que faz aqui em plena quarta-feira, Christine?

- Queria saber como estava pessoalmente! Não posso? - cruzou os braços.

- Tudo bem! Amanhã levo você para a escola novamente. Mocinha!

- Não precisa, mãe! Me deram o resto da semana para ficar aqui - sorri, começando a caminhar para o interior da loja de livros e vendo sua mãe parada.

- E você aceitou? Filha? - a segue. E não adiantaria contrariar a mesma - Só você mesmo, menina! - sorri, abraçando sua sua segundos depois, e segurando firmemente o choro.

- Agora, me diga o que aconteceu?

No Palácio de Kensington, pessoas bem vestidas cumprimentavam o novo Rei, enquanto Kate e William, ficavam ao lado dos três filhos, conversando assuntos de Estado e economia ao redor do mundo, e o quanto seria duro o trabalho de Charles III, em manter o nível da Rainha Elizabeth II, já que não era muito aceito pelos cidadãos de Londres.

Enquanto o Príncipe continuava o assunto, Middleton, que usava um vestido azul Royal, madeixas soltas, salto preto e maquiagem impecável, chamando ainda mais a atenção com sua beleza única, conversava sobre outras cidades que pertenciam ao Reino Unido, e sentia ao mesmo tempo, sua mão sendo puxada por Louis, seu filho mais novo e levando sua atenção a ele, que estava visivelmente entediado de estar ali.

Kate pediu licença, levou suas atenções ao menino e sussurrou: "Já estamos acabando, tá?". O vendo concordando e segundos depois, indo em direção ao seu pai, abraçando suas pernas enquanto o mesmo conversava com outra autoridade da Cidade.

Os minutos passavam, e quanto mais tarde ficava, mas Louis demonstrava sono e a Princesa de Gales, sabia perfeitamente disso. Então se aproximou do Rei Charles III, fazendo reverência e pedindo licença para se ausentar por alguns minutos, já que o noto mais novo do homem estava prestes a dormir. E apenas isso arrancou risos de Charles, que concedeu, a vendo voltar e avisando a mesma coisa para William, que depositou um beijo rápido na cabeça do menino, e vendo ambos caminhando, deixando a mais velha e o filho do meio com o pai.

Os passos lentos e leves de Middleton, estavam seguindo o ritmo de seu filhos, que ao abrir a porta do enorme quarto que possuía no palacete real, começou a retirar as roupas dignas de príncipes com a ajuda da mãe, subiu na cama e viu a mãe coruja deitando ao seu lado e o fazendo dormir rapidamente.

Não demorou 5 minutos, e Kate já viu seu menino apagado profundamente sobre a big cama. Então saiu lentamente, depositando um beijo e o admirando por alguns longos segundos, até criar coragem para sair do quarto e voltar ao salão principal para a continuação da noite, que estava muito longe de acabar.

A noite atrás das enormes e grossas paredes do Palácio, mostrava a Princesa um céu estrelado, lua rente no céu e poucas nuvens, e apenas isso lhe fez lembrar de Catherine, e o quanto foi cruel de sua parte sair sem, ao menos, vê-la no hospital. Então decidiu que, assim que o sol nascer, irá novamente até a livraria, com a desculpa que havia esquecido sua compra e ver como estava, mesmo sabendo que era questão de tempo.

Na livraria, Catherine contava o que estava acontecendo para sua filha, que olhava assustada e ao mesmo tempo triste, sentindo seu coração acelerado e tudo desmoronando, enquanto sua mãe continuava serena e calma, pois já havia chorado todas suas lágrimas e aceitado.

A menina se levantou, começando a caminhar sem rumo para fora da loja, e não vendo se sua mãe estava lhe seguindo ou não. Apenas queria sumir e acordar, acreditando ser um pesadelo saber que a mãe estava com poucos dias de vida.

Christine, caminhava entre as pessoas, seguindo um caminho que ela não sabia para onde lhe levaria. Apenas ouviu os sons da cidade ao seu redor, pessoas reclamando dos esbarrões dados ao passar entre elas e motor de carros e dos ônibus, além de vozes ecoando aos montes.

Seus pés doem, e em seu peito uma pressão de desespero que lhe fez chorar todas as dores que sentia em saber que ficaria sozinha, já que era esperta demais para saber que não adiantava tratamento, pois iria apenas prolongar o sofrimento de sua mãe. E seu amor por ela, lhe fazia não querer que ela sofresse mais do que, demonstrava estar sofrendo em deixá-la sem ninguém.

Christine se apoiou em uma parede qualquer, começando a chorar entre as pessoas, que paravam e a olhavam, mas apenas uma lhe tocou e perguntou o que estava acontecendo. Mas claramente a resposta não veio e a adolescente de 15 anos, abraçou a desconhecida que retribuiu o abraço, ouvindo mais choros ecoando e se sentindo mal pela mesma.

Na loja, Catherine chorava e voltava para dentro, virando a placa para FECHADO, e caminhando em direção ao balcão, vendo sobre o mesmo, cinco livros, e lembrando que eram da Princesa de Gales, esquecido ali quando a levou para o hospital. Então o deixou no lugar, pois ela havia pagado na manhã seguinte, através do segurança que estava na loja.

A mulher de 53 anos, fechou os olhos, pensando em como sua filha iria ficar sem ela, sem pai, avó e avô, sem ninguém. Pois eram apenas ambas contra o mundo repleto de perigos e pessoas ruins. E quando estava pensando na solução mágica para tudo, focava nos livros da Princesa de Gales, vendo, por alguma razão, ali a solução para o futuro de sua filha, já que a mulher poderia ajudar a encontrar bons pais para Christine.

Então caminhou até uma estante distante, agarrando o livro favorito de sua filha, voltando ao balcão, pegando uma folha de papel em branco e escrevendo a punho tudo sobre sua vida e a da adolescente de 15 anos. Não imaginando que a membro da realeza sabia de sua doença. Sabendo no mesmo dia que ela, mas não havia ficado para se prestar solidariedade e força.

A enorme carta, passou de duas folhas A4, branca, sendo finalizada com:

"Ass. Catherine Waller.

Por favor, Princesa de Gales, cuide da minha filha?"

Longe dali, Kate sorria, sendo a moça doce e simpática, amada por muitos e divertida quando convidada para dançar, como estava acontecendo naquele momento e pelo próprio Rei da Inglaterra.

O sorriso frouxo nos lábios da Princesa de Gales de 41 anos, encantava a todos, sendo como principais, William que a olhava como um adolescente apaixonado e enfeitiçado, quanto por seu irmão, Harry, que observava de longe a beleza, leveza, passos flutuantes de Kate, sorriso e elegância, ao ter as mãos tomadas pelas do Rei, que lhe rodava e arrancava risos da mesma, ao dizer algo como: "Se eu não fosse casado, e você não fosse mais jovem que eu. Lhe tornaria minha rainha".

O comentário, com senso de humor, fez todos rirem, pois o homem mais velho, parecia um pai para Catherine Elizabeth Middleton, e ao ouvir tais palavras, pediu permissão para abraçá-lo e assim fez. Começando a esquecer um pouco de tudo que passou e passa. Sendo livre como a menina que viu andando na chuva no dia da coroação.

A Vendedora de Livros - Vol. 1Where stories live. Discover now