Capítulo 4

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O aroma das páginas de livros, invadiam o olfato de Christine, que se encontrava sentada no chão da loja e segurando um de seus livros favoritos, cuja capa dura e grotesca camada de folhas, lhe faziam sorrir como uma criança ao deslizar a ponta dos dedos para mudá-las.

Depois de quase 10 minutos e percebendo o clima esfriar ainda mais devido à chuva, a menina de 15 anos se levantou, começando a fechar a loja de sua mãe, enquanto Catherine permanecia no andar superior, e da última vez que olhou, estava dormindo devido ao cansaço.

Então trancou as portas, agarrou uma vassoura, começando a retirar o máximo de poeira trazida pela rua e pessoas que, mesmo estando fechada, buscavam por livros ao invés de assistir a uma cerimônia pela TV ou ao vivo, em frente ao Palácio da cidade.

Christine apagou algumas luzes, deixando apenas uma fraca e iluminando o caixa, demonstrando que a loja estava sim fechada, então começou a caminhar pela o andar superior, abriu a porta e se deparou com o silêncio. Indo até o quarto de sua mãe e a vendo, ainda, dormindo e se revirando, arrumando uma posição mais confortável. E isso a fez pensar no que fazer, lhe restando apenas seguir o mesmo caminho, pois lê estava fora de cogitação para alguém que havia terminado um exemplar e estava no segundo do dia.

A jovem de 15 anos, se viu pensando no que fazer antes de voltar ao colégio no dia seguinte. Então foi até a despensa, verificar se faltava algo para sua mãe passar a semana, e agradeceu por sim, pois isso iria a "obrigar" a sair em compras pela cidade. E mesmo sabendo que quase nenhum estabelecimento comercial estava aberto naquele dia, ela iria atrás. Torcendo para algum cidadão revoltado com a família real, abrisse uma pequena taberna que fosse.

Walles escreveu um bilhete explicando sua ausência, e saindo segundos depois.

As ruas de nada pareciam com o que ela estava acostumada a ver aos fins de semana, quando voltava para casa. Onde pessoas e mais pessoas caminhavam de um lado para outro no bairro, entravam em lojas e saiam de lojas ou apenas engraxavam sapatos. Mas naquele início de tarde, o silêncio reinava soberano, além de nenhum automóvel circular pelas ruas, nem mesmo os públicos e famosos ônibus vermelhos de dois andares.

Era tão rara a aparição de alguém, que Christine caminhou até seu destino pelo meio da rua, muita das vezes movimentada. E a cada passo dado, mas alto o som de orquestra clássica, fogos de artifícios e outros instrumentos, ecoavam no ar, já que a livraria fica a minutos do Palácio de Kensington, residência real. Porém, a intenção da jovem não era se aproximar, e sim caminhar até uma venda próxima e torcer para estar aberta. Recebendo o primeiro desapontamento: Estava fechada.

O vento frio e o guarda-chuva, faziam companhia para a adolescente, que começava a ver um mar de pessoas, sendo muitas em apenas um lugar, enquanto o som mais alto ficava e lhe trazia agonia. Não pelas músicas serem tachados como Bregas, mas por estarem sendo interrompidas pelos gritos e aplausos de todos, enquanto uma carruagem passava e dentro estava o novo Rei e sua Rainha, Camilla.

A menina continuou, seguindo seu caminho e fingindo que nada estava acontecendo, até ver ao longe e entre centenas ou milhares de pessoas, uma senhora idosa, tentando descer uma rampa inclinada e segurando sacolas, aparentemente pesadas.

A idosa de longos fios grisalhos, corpo gordinho e uma perna maior que a outra, segurando, também uma bengala desgastada devido ao uso, parou, olhou e tentou descer uma segunda vez, mas suas pernas lhe impediam. E por mais lotado que o lugar estivesse de pessoas, nenhuma queria deixar de ver a passagem das carruagens por segundos para ajudá-la. Então Christine correu, percebendo a chuva ficando cada vez mais forte e cobrindo a idosa, que lhe olhou com estranheza e segundos depois um sorriso.

A metros dali, e com o olhar distante, depois de passar a maior parte do tempo sem falar nada com seu marido, William. Kate Middleton adentrava no transporte real que levou ela e sua família ao enorme palácio. Vendo em sua frente o mesmo corredor de pessoas e muitas pegando a chuva que continuava a cair, enquanto lhe lançavam acenos de mão e balançavam pequenas bandeiras molhadas em demonstração de carinho à Família Real.

Ao seu lado, William acenava para o lado oposto e vendo Kate sorrindo e não fazendo o mesmo.

Por um segundo pensou em, novamente chamar sua atenção. Mas quando estava prestes a fazer, recuou e a deixou em paz, pela primeira vez e quebrando um protocolo de anos, e não se importou, pois viu desenhado nos lábios de sua bela esposa, um sorriso ao olhar pelo lado de fora da janela.

A Princesa de Gales e a mais amável e gentil membro da realeza, depois da Princesa Diana, olhava entre os olhares de admiração, uma menina usando roupas largas e simples, cabelo curto e tentando a todo custo segurar um guarda-chuva, já que estava ajudando uma senhora com dificuldades para andar, a descer uma rampa, e enquanto tentava, a chuva aumentava sua força e, por um momento, Kate viu a desconhecida entregando seu guarda-chuva a senhora idosa, e isso a fez ficar completamente encharcada devido as gotas grossas de água. Deixando em evidências em uma das mãos, compras pesadas e na outra, uma mulher descendo calmamente uma rampa e se protegendo da chuva.

A carruagem, por alguma razão parou, e Middleton estava tão vidrada na cena, que nem se perguntou o que havia dado de errado no cortejo do Rei, apenas continuou olhando e vendo a menina gesticular para a idosa que ela poderia ficar com o guarda-chuva, mesmo a mulher negando, pois a jovem que aparentava ter 14 ou 15 anos de idade, estava toda molhada. Mas a mesma insistiu e abriu os braços, dizendo algo como: "Chuva é bom!".

Kate levou uma das mãos aos lábios para esconder o riso frouxo, enquanto pessoas do lado de fora do cordão de isolamento, ficavam eufóricas ao imaginar que a reação havia sido para elas. E para disfarçar, a Princesa acenou e sorriu, mas sem tirar o foco de Christine e da idosa, que sumiu, enquanto a menina virava e olhava em direção a carruagem que estava, percebendo seu olhar para ela, e simplesmente começando a caminhar lentamente, sentindo a chuva a banhando e sorrindo livre, como se não tivesse problemas e vivesse a mais calma das vidas. E por alguma razão, a forma livre que ela exalava, fez Middleton sorrir verdadeiramente e esquecer dos problemas de imediato, querendo apenas abrir a porta e sentir a mesma energia da menina ao ver suas roupas molhadas e não ligar.

A mulher de 41 anos, queria sentir sua pele ser tomada pela água, as vestimentas reais impecáveis, sendo desfeita, a beleza angelical trazida pela maquiagem, escorrendo de seu rosto, mas se conteve em apenas imaginar como seria fazer isso, enquanto a menina ia ficando para trás e sumia a cada metro avançado pela carruagem que voltava ao trajeto.

William viu seus filhos olhando para todos e conversando entre si, enquanto sua esposa sorria e olhava fixamente para o lado de fora, e isso lhe fez ficar curioso e começar a olhar também. Mas não vendo absolutamente nada de anormal.

- Tudo bem? - pergunta ele.

- Sim!

- Viu algo bonito? - tentou puxar o mas curto assunto que fosse, pois queria ouvir a voz calma, aveludada e doce da Princesa de Gales.

- A liberdade! - o olha, com os olhos brilhantes, e não eram de emoção, mas de vida.

A metros dali, Christine chegava ao seu destino, percebendo estar aberto e entrou, chamando a atenção de todos pela educação, leveza e carisma, mesmo usando roupas largas e escuras, enquanto pegava o que havia a levado ali. Passando no caixa e conversando com a operadora de caixa. E assim que viu nítido no monitor às horas, fez uma engraçada expressão e começou a dizer:

- Tô atrasada!

- Vai levar na chuva mesmo?

- Sim! Dei minha sombrinha a uma senhora que estava tentando descer a rampa em frente a padaria. Muito arriscado e não tinha nenhuma alma para ajudá-la! Estavam mais preocupados em ver a carruagem real passando! - afina a voz, arrancando risos de todos - Grande coisa!

- São Reis e Rainhas, Príncipes e Princesas - fala a mulher.

- Mas são pessoas comuns! Que respiram como todos nós! - sorri, percebendo a mesma concordando, enquanto lhe entrava as sacolas - Obrigada e, Viva o novo Rei! Eba! - zombou, arrancando ainda mais risos de todos que a viram começar a caminhar em direção a chuva e sumir.

A Vendedora de Livros - Vol. 1Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang