Capítulo 5

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Dois dias após a Coroação de Charles III

Catherine Waller caminhava pelas ruas do Centro de Londres com suas roupas formais e elegantes, demonstrando que a idade não era empecilho para uma boa vestimenta, e que o pouco dinheiro, não a impedia de usar boas roupas e precisar gastar uma fortuna para tal vontade.

Os olhos azuis e as madeixas castanhas, se destacavam entre a multidão, enquanto a mulher de 53 anos entrava em livrarias, mesmo tendo uma própria, pois jamais se sentiu superior por essa razão, e isso foi o que ensinou a sua filha. Jamais se sentir superior por ter ou saber de algo.

As vendedoras, de longe, já conheciam a mulher de anos passando e conversando, porém não levando nenhum livro. E mesmo sabendo que ela era uma "concorrente" do ramo que faziam parte, Catherine era convidada para tomar um cafezinho ou um chá, enquanto conversavam sobre os frutos e desfrutes da chegada dos livros digitais na vida de jovens, e o quanto a leitura passou a ser algo raro para nossa nova geração de adolescentes.

Assim que abriu uma enorme porta de vidro de uma das maiores livrarias no Centro da Cidade, a mulher de olhos azuis foi recebida com abraços e sorrisos, por parte uma jovem, que aparentava ter seus 30 anos de idade e a olhava com admiração e carinho, enquanto ambas começavam a caminhar entre as enormes e incontáveis estantes de livros, em um imenso corredor ocupado por duas ou três pessoas, cada um.

Sarah, vendedora de livros e 23 anos mais nova que Catherine, conversava como uma adulta em um corpo jovem, e ambas possuíam uma sintonia, simpatia e elegância, digna de histórias clássicas. Caminhando com vestidos simples e lisos, mas que deixavam a velha simplicidade para trás, já que chamavam a atenção por essa razão.

- Soube que a sua filha conseguiu uma bolsa de estudo - pergunta Sarah, percebendo o olhar brilhante de Catherine ao apenas ouvir.

- Sim! - se orgulha - Ela conseguiu uma bolsa de estudo na King's College

Nossa! - para Sarah, olhando para Catherine e se sentindo orgulhosa de onde Christine irá fazer sua faculdade - Lembro dela caminhando pelos corredores com suas roupas nada formais e pegando uma pilha de livros, como se aqui fosse uma biblioteca - ri - Só não brigava com ela, porque ela é uma menina organizada, que colocava todos no lugar e não deixava uma dobra.

- A Tini tem essa capacidade de, ao mesmo tempo ser organizada, chamar a atenção pela extravagância e opinião contrária - ri, continuando caminho.

O sol brilhava fraco e belo no céu londrino, enquanto, depois de longos e agradáveis minutos, a mãe de Christine voltava para sua casa e sua livraria. Vendo as ruas movimentadas como antes e bandeiras do Reino Unido hasteadas na frente das casas por onde passou no tão conhecido Routmasters, ou Ônibus vermelho de dois andares e mundialmente conhecido pela beleza e história.

Eram cerca de 20 minutos de trajeto do centro até o bairro em que morava, aos arredores do Palácio de Kensington. Caminho esse que foi feito com calma e deixando em evidência para turistas que no ônibus estavam, a beleza de Londres e sua história clássica e única. Enquanto Catherine se mantinha sentada ouvindo a voz aveludada da guia turística, dizendo por onde todos estavam passando, e atrás suspiros de emoção e perguntas que eram respondidas pela mesma, até que em um determinado momento, a pergunta foi:
"Ouvi dizer que o Palácio da rainha, não se chama Kensington. É verdade?"

Catherine apenas ouvia a guia explicando a pergunta e sorriu, pois, mesmo não frequentando uma sala de aula e muito menos uma faculdade. A vendedora de livros aprendeu sobre a história da família real através dos livros e quando sua menina, Christine, sentava ao seu lado da cama, lhe mostrando o que havia aprendido na escola na semana anterior. E assim começavam uma espécie de debate educativo, onde a menina lhe ensinava o que sabia, e a experiência de vida de Catherine lhe mostrava como as coisas eram.

A mulher de 53 anos, por alguma razão, sentiu um aperto no peito ao recordar esses pensamentos e lembranças, lhe fazendo sentir medo de perder sua única filha. Como se no dia seguinte não estivesse mais no mesmo mundo que ela.

Esse pensamento não era o primeiro a rondar sua mente, mas uma sequência de pensamentos assustadores sequenciais que surgiram depois que fortes dores passaram a tomar seu estômago algumas vezes no dia.

Assim que desceu no local de desembarque para ela, a mulher caminhou mais alguns minutos pelas ruas que levava até sua casa, mas parou em frente a uma padaria, levando imediatamente uma das mãos a barriga e segurando a dor, para que ninguém a visse demonstrando estar mal.

Uma mulher começou a caminhar em direção a ela, se aproximando e sorrindo. E mesmo que estivesse sentindo fisgadas na região direita de seu estômago, Catherine arrumou a postura e esticou uma das mãos para cumprimentar sua vizinha.

- Bom dia, Catherine.

- Bom dia, Mary. Quanto tempo - sorri - Nem parece que mora ao lado da minha casa! Nunca mais lhe vi na livraria.

- Cheguei hoje de viagem.

- Trabalho chamando? Entendo! - brinca, começando a caminhar em direção a sua casa, e vendo a mesma a seguir - Não quero atrapalhar, Mary.

- Não atrapalha. Eu estava indo na padaria, mas prefiro conversar com minha vizinha - ri, arrancando risos de Catherine que chegou, abriu a porta e adentrou na frente da mulher.

O lugar vazio, transpirava cheiro de livros e mais livros, e enquanto acendia as luzes, a dor crescia e em um determinado momento, já afastada da mulher, Walles segurou em uma das prateleiras e respirou fundo. Arrumando a postura e voltando ao encontro da mesma, que segurava um livro nas mãos e via a foto de Christine sobre o balcão de pagamento.

- Como ela cresceu! - fala Mary.

- E vai fazer faculdade.

- Mas ela tem, não sei, 15 anos?

- Sim! Essa menina tem 15 anos. - olha para retrato - Como o tempo passa rápido!

- Muito! Lembro dela correndo por aqui e derrubando todos os livros, mas os colocando no seu devido lugar, sem nem ao menos você mandar. E ainda pedia desculpas.

- Hoje é o contrário - ri - Ela arruma e pede desculpas por não derrubar mais!

As horas passavam como jato, e quando se viu sozinha na livraria, a mulher de 53 anos, sentia um peso em seu peito, e não se tratava de uma sensação estranha, como se algo de ruim fosse acontecer com sua menina, mas uma dor no tórax, como se ela estivesse segurando uma placa de concreto, além de sua cabeça começar a doer e latejar.

Eram cerca de 15h da tarde em Londres, quando a mãe de Christine caminhava pelos corredores de sua loja, sentindo essa pressão se tornar cada vez maior, porém o sino da porta se abrindo foi ouvido, lhe obrigando a girar em direção a mesma e vendo uma mulher alta, cabelos castanho, longos e castanho, corpo magro e usando um vestido amarelo canário visivelmente confortável, salto scarpin em azul Royal aveludado, adentrando no local sozinha.

O coração de Catherine acelerou tanto ao ver a Princesa de Gales sozinha e parecendo buscar algo entre as estantes, que ela ficou petrificada, esquecendo dor de cabeça, abdômen e peito. Apenas olhando a bela mulher, bastante alta, caminhando em direção a ela com calma e delicadeza. Sorrindo ao vê-la da forma que estava e dizendo, com sua voz aveludada e doce.

- Boa tarde, senhora? Tudo bem?

A Vendedora de Livros - Vol. 1Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang