Capítulo 78

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A noite estrelada era substituída por nuvens negras que traziam as primeiras gotas de água para a Cidade de Londres, e eram observadas por duas mulheres paradas em frente a uma enorme janela de vidro, sorrindo e com uma colher cheia de chocolate e falando algo que o barulho da noite movimentada impedia de se entender.

Christine apontava para cada pessoa que caminhava nas calçadas em frente ou do outro lado da rua, dizendo o que achava sobre elas, mesmo sem as conhecer, enquanto ao seu lado, Kate Middleton ria e degustava de seu chocolate sem lactose, preparado para que a menina não passasse mal e fosse feliz em comer o que mais gostava de comer.

A Princesa de Gales negava quando achava exagerado, mas ao mesmo tempo, ria quando achava engraçado e por um segundo, viu uma mulher passando a passos lentos, fios dourados como ouro e longo, conversando como uma menina que aparentava ter 10 anos de idade, além de estar sorrindo e segurando um guarda-chuva, cujo protegia mais a criança do que ela própria.

A cena peculiar chamou a atenção da mulher de 41 anos, que se viu presa e sorriu ao vê-las se afastando, pois demonstrava o que estava acontecendo naquele momento, além de lhe mostrar que ela não estava mais tão presa a muitas coisas que tentou aceitar em sua vida, como um título e regras.

Kate Middleton, estava em uma casa pequena, de dois quartos, uma sala, uma cozinha, dois banheiros e a área de limpeza, que ficava acima de uma livraria, usando uma camisa preta e calça na mesma cor, de uma menina de 15 anos, enquanto segurava uma colher de alumínio e não prata, comendo brigadeiro preparado por ela própria, e não pelos empregados, estava descalça e sentindo o frio do chão, vendo a cidade como ela é, e não pelos olhos da Família Real Britânica e rodeada por luxo e mais luxo. Não!

Kate Middleton, a Princesa de Gales e uma das mais influentes figuras femininas de Londres, estava vendo, da janela de uma casa simples e ao lado de sua filha de coração, pessoas que nem sabiam que ela estava ali, pois ela era um fantasma ou apenas uma pessoa comum diante de todos. E isso, apenas isso lhe trouxe uma alegria tão grande, que por um segundos sentiu os olhos marejados em experimentar o anonimato e perceber o quanto era bom.

Christine a olhou, percebendo os olhos marejados e a emoção inesperada tomando a mulher ao seu lado e não entendeu, apenas a abraçou e sussurrou:

- Seja lá o que foi! É bom! - a ouviu rindo.

- É! É muito bom! - a beija no topo da cabeça - O que vamos fazer?

- Aceita tocar?

- Claro!

Pessoas caminhavam de um lado para o outro, e sentado em uma mesa no centro de um restaurante importante e caro da cidade, estava Fernando olhando o cardápio de vinhos e escolhendo seu favorito, cujo valor era extremamente elevado, mas não se abalou.

Luzes amareladas ocupavam cada centímetros, trazendo elegância e sofisticação ao ambiente, mas acima de tudo, a música do piano de caldas ecoando, fazia o homem voltar no tempo e lembrar do dia em que viu Catherine sentada e fazendo o mas belo espetáculo para todos ali presentes, mas acima de tudo, o fez voltar no tempo de quando eram jovem e a mulher não estava grávida.

O homem voltou ao mundo real, assim que sons de passos ecoaram ao seu lado, lhes chamando a atenção e percebendo ser seu pedido, mas ao longe, estava uma figura feminina familiar e bastante atraente, entrando com um vestido azul claro, fios soltos e ondulados, olhos azuis intensos e lábios pintados de vermelho, olhando em sua direção e desviando para uma das mesas de canto, mas não escondendo o sorriso em vê-lo ali.

Rosy estava no mesmo lugar, e não era coincidência, mas chance de conseguir o que tanto queria: William e se tornar a Princesa de Gales. E com suas investigações, após o momento em que Kate Middleton acertou o homem a alguns metros de distância de onde estava e em frente a uma vasta quantidade de pessoas importantes, ela descobriu que ele pode lhe ser mais útil do que cogitou imaginar um dia.

Sozinha e escolhendo sua refeição, a mulher percebeu que alguém se aproximava e não negou olhar em direção e vê-lo elegante e ainda mais atraente, parando ao seu lado e lhe cumprimentando com um boa noite, sensual e sorriso desenhado nos lábios, lhe mostrando o quão atraente era o pai de Christine.

- Boa noite - sorri a mesma.

- Que coincidência encantadora.

- Digo o mesmo - sorri e se levanta, aproximando-se e o abraçando e depositando um beijo em sua bochecha, afastando e notando a aproximação - Estou sozinha, se me der a honra de sua companhia.

- Por que não? Não é mesmo? - sorri e a espera para se sentar e segundos depois fazer o mesmo, mas sem tirar o contato.

Na casa simples, ecoava o som do piano de caldas preto e avermelhado da mãe de Christine, enquanto sentada e tocando perfeitamente cada tecla, estava a própria adolescente de olhos fechados e Kate Middleton de pé, debruçada sobre a tampa do mesmo e apenas a ouvindo tocar. E mesmo que errasse poucas notas, a melodia estava quase tão perfeita, que ela se viu sorrindo e cantarolando a primeira música que vinha em sua mente, e que de nada possuía haver com a canção tocada por Christine.

A menina abriu os olhos, se auto desafiando em uma canção extremamente rústica, doce e complexa, demonstrando que sua mãe biológica foi uma excelente professora da arte do clássico a base de piano de caldas.

Kate ficava encantada com cada nota, debruçando o rosto no corpo do piano e esticando os braços em direção a menina, que riu e continuou tocando, até chegar nos últimos segundos e parar, recebendo aplausos e mais aplausos da princesa de Gales, que deu uma curta corrida e sentou ao seu lado, esticou os dedos e começou a apertar as teclas que estavam em sua direção, enquanto Christine as em sua frente, fazendo juntas uma dupla linda e simples em suas canções.

No restaurante, a segunda taça de vinho era servida para Fernando e Rosy, que conversavam sobre assuntos aleatórios, mais que envolviam dinheiro e poder, enquanto o pianista e o violinista tocava uma melodia triste e ao mesmo tempo aconchegante.

Ambos se olhavam com um misto de atração e perigo, como se soubessem o que de fato queriam com tudo aquilo. Todo aquele encontro "romântico" improvisado e por coincidência.

O homem atraente e elegante, bebeu mais um gole de seus vinho, olhando para ela e perguntando segundos depois:

- Você pretende me usar para ter seu Príncipe, não é?

Rosy soube naquele momento, que Fernando era o aliado perfeito para o que pretendia fazer, e que ele seria a pessoa ideal para conquistar Middleton de alguma forma, porém, ela não sabia que ambos estavam em pé de guerra, e que o homem mais a Princesa de Gales, já se encontraram, mais de uma vez, e que esse momento não foi o mais agradável para ela, quanto para o homem sentado em sua frente e com uma marca roxa ao lado da sobrancelha.

- Você é esperto! - sorri.

- Você não trocaria um Príncipe por um empresário. Não tem cara de quem desiste fácil. - bebeu mais um gole de seu vinho.

- Não! Não trocaria! - sorri, levando a taça até os lábios e bebendo lentamente, como se o estivesse provocando - Mas, confesso que fiquei bastante curiosa em saber a razão para você ter recebido um tapa da mulher mais calma da Inglaterra? - franze a sobrancelha - Poucos conseguem fazer a Kate Middleton perder a compostura.

- Ela tem o que é meu! E ela não aceita isso!

- Tem é? - estranha.

- Minha filha, Christine Waller. A menina que ela exibe por todos os lados, e diz que é filha dela, na verdade é minha filha.

- Ela roubou sua filha? É isso?

- É uma história complexa demais para tentar explicar em uma mesa de restaurante - sorri, enquanto bebeu mais um gole de seu vinho.

- É um convite? - o encara.

- Talvez! - a olha fixamente - Aceitaria?

- Por que não?

A Vendedora de Livros - Vol. 1Where stories live. Discover now