88 💥 o nosso passo mais importante

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Bakugou não consegue dormir.

Há mais de dois meses que tiveram aquela conversa.

Depois que os ânimos se acalmaram é que conversaram pra valer.

Falaram sobre a casa, as contas - que são bem altas pra manter o padrão de vida escolhido por ele para eles -, a segurança no país, mas a conversa se deu, principalmente, na pergunta de Alessa:

─ Mas você quer uma menina ou um menino?

Depois disso Katsuki teve certeza: estava na hora. Ele queria um filho.  Só não havia nenhuma preferência da parte dele. Disse para Alessa que, se pudesse escolher, seria um menino.

─ Mas se você não tem preferência, por que escolheria um menino?

─ Acho que por causa da pirralha ─ Alessa morreria e não admitiria que nesse exato e específico momento, morreu por dentro, queimando de ciúmes da afilhada tomando as dores de sua filha que não existe.

─ O que tem a Winry?

Katsuki franze o cenho, como fosse óbvio.

─ Ué. É minha afilhada. E é uma menina. Tenho a impressão de que eu sei como é amar uma criança do sexo feminino.

Alessa gargalha.

─ Eu acho que vai ser muito diferente quando for a sua criança, Kacchan.

─ Não sei. Acho que você tem essa coisa esquisita que é o tal "instinto materno", então você nem sabe se um dia vamos poder ter filhos e já ama incondicionalmente. Eu não sou assim. Acho que vai ser como foi com você. Primeiro eu me apaixonei, depois precisamos ir alimentando nossos sentimentos até que chegamos aqui.

─ E onde é o "aqui"? ─ pergunta, já sabendo que iria se arrepiar com qualquer coisa que fosse dita, apenas pelo seu tom de voz.

─ Chegamos aqui, onde eu amo você, mais do que qualquer coisa.

Alessa sorri, fechando os olhos vagarosamente para aceitar o beijo casto e lento que ele lhe entrega.

─ Querido... ─ sim, ele também estava viciado no vício que ele desenvolveu, chamando-o de "querido". ─ Não vamos precisar alimentar um sentimento entre nós e nossos filhos ─ ela ri. ─ Essas coisas são naturais. Quando menos esperarmos, vai estar ali, o sentimento mais arrebatador do universo.

─ Como você pode ter tanta certeza?

─ Eu não sei... ─ Alessa arrasta sua unha levianamente pela sobrancelha marcada dele. ─ Eu só... não consigo ver de outra maneira.

Perto das três horas da tarde da sexagésima sexta-feira do seu casamento, Katsuki e Alessa não conseguem resistir. Sozinhos, em silêncio dentro do carro, no estacionamento da clínica onde ela faria sua consulta com a ginecologista, todo o ar fica leve e eles se entreolham, gargalhando.

Katsuki beija o rosto dela, sussurrando: ─ Se doer você não precisa fazer hoje, não é?! Digo, podemos pesquisar outros métodos de você tirar o DIU.

A risada baixa de Alessa torna-se outra vez em gargalhada, não sabia explicar o que sentia quando a voz deixava de ser ácida para soar tão meticulosamente atenciosa e preocupada com qualquer coisa que lhe diga respeito. Tem uma sensação de pertencimento inexplicável.

─ Não vai doer, amor. E se doer vai ser pouquinho. Temos que tirar agora para aproveitar o período fértil da sua gatinha ─ ela pisca, mordendo o próprio sorriso de bochechas quentes.

Para o bem da verdade, Alessa acha que não vai conseguir acostumar com isso. O som da sua gargalhada enchendo o veículo.  A forma em que as orbes coloridas desaparecem sob o sorriso calorento. Como as bochechas ganham cor. Até os cabelos dourados se balançam sob a movimentação dócil com mais graça.

Katsuki Bakugou ─ Explosivo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora