31💥 a nossa última despedida

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Mesmo que aquele maldito dia estivesse tão perfeito quanto nunca esteve desde que Alessa desembarcou no Japão, os raios quentes do Sol brilhante não foi motivação suficiente para fazê-la querer levantar.

Sentindo as costas aquecidas e os olhos fragilizados, a italiana cobre a cabeça com o lençol, totalmente ciente e conivente com o fato de que se atrasaria para o trabalho. Atrasaria, claro, não fosse o peso de Bakugou afundando o colchão ao seu lado,  o toque também pesado pousa na cabeça de cabelos escuros e bagunçados e leva alguns segundos até ouvi-lo chamá-la dizendo:

─ Além de estúpida você é preguiçosa, projeto de heroína? ─ contra sua vontade, Alessa suspira tão forte que move todo seu corpo sobre a cama, o sorriso escondido nos travesseiros não consegue se desfazer mesmo com a constatação imediata de que esse seria o último bom dia que receberia de seu namorado, ao menos por um longo tempo.

No entanto, o loiro estava certo. Ela se vira preguiçosamente de barriga para cima, ajeita seus cabelos para trás, desmanchando os cachos que voltavam a se enrolar nas pontas de seus fios.

Olhando-o de frente, bem fixamente dentro daqueles olhos exóticos ela quase, quase vacila. Porém, sorri cumprimentando-o abertamente em seguida: ─ Bom dia, meu amor ─ e a simples e manhosa frase o tirou o fôlego, o fez engolir em seco, arrepiado ao ponto de balançar a cabeça negativamente para dispersar aqueles pensamentos cruéis.

─ Vem pra cozinha. Tenho meia hora ─ Alessa não o cuida se afastar, afinal, precisa levar alguns segundos para aceitar o fato de que tudo o que lhe resta é uma merda de meia hora.

O que ela faria em meia hora? Como diria o quanto lhe ama em meia hora? Como fazer caber todos os planos que ela só tem com ele, em malditos trinta minutos?!

Mordendo o lábio com frustração e raiva, Alessa esfrega seus olhos marejados, lava seu rosto, escova seus dentes e olhando o próprio reflexo no espelho, diz para si mesma: "Você já fez isso. Você já se despediu antes. Já lhe disse adeus antes. Não seja uma covarde... não seja uma covarde... não seja uma covarde...".

E quando caiu em si estava sentada na cadeira de frente para ele. Vendo como as pernas compridas se ajeitam ao redor da mesa, e como o cabelo arrepiado parece ouro reluzindo sob o Sol, Alessa sorri. E a imagem dos dentes brancos e úmidos enrugando o canto de seus olhos chama a atenção dele. Bakugou também sorri. Sorri e pergunta:

─ O que foi? Quão estranha você tem que ser pra estar sorrindo às seis da manhã? ─ a pergunta a faz rir.

Alessa encolhe os ombros ao se servir e levando o cabelo para trás da orelha, o pega completamente desprevenido ao gemer, dolorosamente, entre seu sorriso, sua dúvida:

─ O que vai ser de mim sem você?

Então, instantaneamente, Bakugou faz barulho ao soltar os hashis amadeirados sobre o mármore da mesa redonda. Nenhum sentimento conseguiria ser mais cru e difícil de engolir como aquela frustração entre eles. Nem uma Alessa arrependida por ter arruinado em uma frase, todo o clima que seu namorado tentou instalar para sua despedida.

Claro que ele poderia consolá-la e dizer coisas do tipo "não se preocupe com isso; nos veremos em breve; não vai sequer dar tempo de você sentir minha falta". Mas ele era honesto demais pra isso, por isso achou que o melhor a dizer seria:

─ Pode ser qualquer coisa de você sem mim. Tanto coisas ruins quanto fodas pra caralho. Você é boa sozinha. E claro... ─ pensa um pouco antes de concluir: ─ Não vai sequer dar tempo de você sentir minha falta!

Alessa o ouve em silêncio. E quando aparentemente, Bakugou conclui sua fala, ela termina seu chá de ervas, dá a volta na mesa e empurra o ombro dele até afastá-lo o suficiente, deixando um espaço onde ela pode se encaixar, sentando-se sobre suas coxas e encostando seus corpos num abraço. Bakugou não demora para apertá-la, afagando suas costas e enroscando seus dedos com força por debaixo dos seus cabelos na nuca quente e agora arrepiada.

O que eu faço se essa mulher cansar de me esperar? Que porra vai ser de mim se ela simplesmente se apaixonar por outro? ─ Katsuki morde um pouco o ombro dela, fazendo Alessa apertar seus ombros com as unhas. ─ Ela vai crescer, e se tornar uma heroína, totalmente independente em Tóquio, bem sucedida e muito provavelmente excêntrica como sempre foi... outro herói vai olhá-la, outro herói vai treiná-la, ensiná-la a ser uma heroína. Deku e Todoroki estarão mais presentes que ele para Alessa e esse fato o deixava simplesmente arrasado.

─ E-Eu... Eu ainda não conheço ninguém aqui ─ Alessa sopra. ─ Você pode me dizer o que eu faço... caso... qualquer coisa aconteça...

Bakugou ergue a mão, contorna o rosto dela com o polegar ao instruí-la: ─ Meu pai é a pessoa mais acolhedora e madura que você terá para se aconselhar, eu, porém, sugiro que procure Veena, Ochako ou Momo... talvez você se sinta mais a vontade com elas. Heroicamente falando, Shoto é a pessoa certa.

Alessa ergue a sobrancelha, afastando um pouco mais seus rostos para encará-lo.

─ Momo? A garota que você beijou?

Imediatamente, Katsuki ri.

Sequer imaginou que Alessa pudesse lembrar de um episódio desses.

─ Já faz mais de sete anos, otária.

─ E quem me garante que vocês não ficaram de novo depois daquilo? ─ fala, cruzando os braços sobre o peito.

A desviadela rápida de Bakugou a faz entreabrir os lábios indignada.

─ Você... transou com ela depois daquilo, seu filho da puta cretino ─ e logo ele gargalha, apertando um pouco a coxa dela em sua mão.
─ E além de tudo me manda conversar com a garota que ele comia, per Dio, carcamano...

─ Olha essa sua boca suja, porra ─ aperta o rosto dela em sua palma, formando um biquinho de peixe tão rosado que ficou irresistível pra ele, Bakugou precisou mordiscá-la. ─ Eu não "comia" ela ─ se justifica, petulante o suficiente para olhar sua namorada nos olhos enquanto informa: ─ Comi uma vez só, e pronto.

─ Aaarg ─ Alessa simula uma ânsia de vômito, ameaçando erguer-se do colo dele, ele porém, a prende com força, tanta força que a faz arrepiar, Alessa treme de olhos fechados, tão, mas tão pressionada que por nada queria esquecer aquela sensação.

Leva meio milésimo de segundo para sentir todas as emoções do mundo acelerarem extraordinariamente seu coração.

Todavia, mesmo submersa naquela ânsia avassaladora, sua consciência que já tentava cauterizar aquela dor eminente, se mantém sã, querendo saber: ─ Como é esse sistema aqui?! ─ ele não responde imediatamente porque a percebe formulando o restante da sua questão que continua: ─ Sabe... De onde eu vim, por causa do crime organizado, costuma ser cruel demais...

Bakugou quase sorri, queria muito, mas talvez Alessa pensasse que ele não estava a levando a sério.

─ Não se preocupe comigo ─ responde. ─ Não há orgulho em admitir, mas, heróis são muito bem tratados nas prisões.

─ E-eu... vou poder visitar você?

Bakugou solta a respiração como um riso debochado.

─ Nem que você pudesse, eu jamais permitiria.

─ Bakugou...

─ Você tá recomeçando sua vida agora, que tipo de merda deixaria uma mulher como você passar por isso?! ─ o loiro mal conclui sua fala e sente suas testas grudadas uma na outra.

Um pesar tão legível emanando do tom de voz baixo dela, que chora: ─ Eu não aguento mais me separar de você...

─ Minha linda... ─ todas as células do corpo dela tremem quando Bakugou sussurra. Os lábios se secam, as unhas de dedos magros apertam os ombros largos dele e o sopro emocionado e audível quando ele promete:

─ Eu juro pra você... Essa é a nossa última despedida!

Katsuki Bakugou ─ Explosivo 2Where stories live. Discover now