Tem alguém atirando

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Olá,

No capítulo de hoje temos uma passagem de tempo de cinco anos.

Aviso: eu sei que as eleições ocorrem de 4 em 4 anos. Aqui elas ocorrem de 5 em 5 porque eu queria que a Leona estivesse com treze anos nesse capítulo;
Aviso 2: está sendo difícil conciliar a escrita com a faculdade e com as minhas obrigações do dia a dia, mas por enquanto estou me saindo bem em produzir (o que é o mínimo). É possível que a qualidade da VMP caia um pouco daqui em diante, pois não disponho do tempo que eu possuía antes para trabalhar nela;
Aviso 3: seja um bom leitor e responda o formulário que está na conversa fixada no meu perfil.

Abraços!

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Não aconteceu no dia seguinte e nem no próximo, porém, eventualmente, as palavras do senhor Levi mostraram-se verdadeiras: pensar em Hange parou de levar Leona às lágrimas.

Ainda assim, Leona tentava pensar em sua mãe todos os dias. Tinha medo de esquecer o rosto de Hange tal qual acabara esquecendo-se da voz – em sua memória, a voz de Hange passou a ser uma versão mais grave e madura da sua própria, em vez da voz doce e sagaz de sua mãe.

No entanto, depois que as aulas começaram e Levi inaugurou a loja de chás, novas preocupações, obrigações, aventuras e desventuras preencheram o tempo que Leona usava para lembrar de sua mãe. E, após um ano vivendo em Belavista, a imagem de Hange parou de fazer parte da sua rotina.

Leona não foi a única a crescer. Belavista também se expandiu. No fim, Newcrest não recebeu os refugiados da Revolta de graça, e quando chegou o momento de as pessoas repovoarem suas terras natais, Newcrest começou a receber sua retribuição tributária. De todos os países auxiliados pelo país americano, o mais beneficiado foi Hizuru, com quem Newcrest passou a ter uma relação lucrativa graças ao conhecimento tecnológico dos aliados asiáticos. Não só isso, inteligente como era, e em fase de produção industrial, Newcrest comercializava seus produtos com outros países. Sem tomar partidos ou alianças, Newcrest dava uma mordida em cada parte do mundo e aos poucos estabelecia-se como uma nação poderosa.

Portanto, cinco anos depois da Revolta, pode-se dizer que Newcrest espichou tanto quanto a altura de Leona. As carruagens caiam em desuso com a chegada do bonde e a popularização dos carros. Era relativamente barato e fácil viajar de avião de uma cidade a outra, graças aos aviões providenciados por Hizuru. Havia empregos aos montes, seja nas empresas, no campo, nas indústrias, ou na área acadêmica; mas o ramo mais vantajoso continuava sendo o militar. O mercado interno era ótimo, muito incentivava-se o consumo de produtos fabricados em solo americano.

Com os preços baixos, o mercado em expansão, as vendas externas correndo feito água e a realização de acordos de colaboração entre Newcrest e outros países, Belavista se tornou uma das melhores cidades para se viver. O glamourizado modelo de vida da classe alta americana, com seus carros luxuosos e margarinas frescas, tornava-se o sonho de consumo de qualquer jovem dentro e fora de Newcrest.

A vida com o senhor Levi não seguia o modelo americano, mas Leona não reclamava. Não era tão ruim. O capitão ranzinza lhe providenciava comida na mesa, uma cama quente, cadernos novos, e lhe dera o melhor presente do mundo: um emprego. Leona o ajudava na loja de chás fora do período da escola e ganhava o pagamento riquíssimo de dois dólares por semana, com o acréscimo de um dólar caso ela trabalhasse no sábado! Para uma criança de treze anos, aquilo equivalia a uma fortuna. Seu cofrinho engordava quilos e mais quilos a cada mês. Seu objetivo era comprar uma bicicleta, para poder ir e voltar da escola mais rápido. E ia escolher uma com cestinha!

Ter o senhor Levi como chefe possuía, sim, alguns pontos negativos. O capitão exigia que a loja estivesse brilhando do chão ao teto, e que as caixinhas de chás fossem organizadas pela classificação das preparações, embora Leona preferisse arranjá-las pela cor da embalagem ou por ordem alfabética, pois ela nem sempre recordava que chá verde não tem oxidação e que chá de frutas são infusões (até porque todo chá é infusão).

Venha me pegarWhere stories live. Discover now