Sangue do meu sangue

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Muito bem... o que posso falar sobre esse capítulo?

Olhem só, lembram quando eu disse que traria o ponto de vista de outros personagens do mangá? Então, cá estou eu com um que a maioria de vocês detesta.

Ressalto, porém, esse personagem é importante para a história de aot, e por isso é interessante ouvirmos o que ele tem a dizer.

Tentei escrever esse personagem da melhor forma possível. Nas notas finais, vou falar sobre o desenvolvimento do capítulo e as referências que usei. Por favor, dê uma olhada nas notas mesmo que você não leia o capítulo até o final.

Então, por fim: não sei se algum yagerista lê a VMP, mas, se sim, esse capítulo é pra você!

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AVISOS:
— Não vou colocar o aviso explicitamente porque é spoiler. Se você é sensível com certos assuntos, basta juntar a primeira letra de cada um dos parágrafos acima para descobrir qual é o tema pesado abordado no capítulo.


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Eram duas da tarde de um domingo ensolarado perfeito para piqueniques. No entanto, Floch estava longe de achar o dia agradável. As gaivotas enchiam o saco berrando para lá e para cá. De tempos em tempos, mergulhavam de cabeça no mar e voltavam com peixes no bico, enquanto outras se contentavam em descansar no alto dos navios. Aqueles animais se reproduziam feito pragas. Nem inauguraram o porto e as aves já tinham infestado o terreno.

Floch embalava a si mesmo apoiando o peso do corpo na ponta dos pés e depois cedendo nos calcanhares. Tinha os braços cruzados e munição de rifle guardada no uniforme. A referente arma encontrava-se presa no suporte amarrado às suas costas. Direcionou o olhar entediado para o horizonte, exausto da cor azul.

Não aguentava mais trabalhar na base litorânea. Levava horas para se locomover da praia para as muralhas, tanto que nem valia a pena voltar para casa depois do expediente. Por esse motivo, Floch passava a semana na porcaria do oceano e só voltava na sexta. De acordo com seus superiores, a construção da ferrovia diminuiria o tempo do deslocamento para meia hora. Porém, isso só ia acontecer daqui muitos meses, e Floch não suportaria nem mais uma semana comendo frutos do mar. Anteontem enviou um pedido de transferência. Esperava ter a solicitação deferida.

O porto estava quase finalizado. A própria ilha os presenteara com um buraco gigantesco na costa do mar, livre de correntes marítimas. Perfeito para a base da construção. De acordo com os voluntários, as rochas em volta não atrapalhariam a passagem dos navios, uma vez que o espaço era grande o bastante para dois passarem lado a lado sem dificuldade.

Começaram a obra há menos de dois anos e faltava pouco para termina-la. A rapidez, é claro, era devida a mão de obra local. Rápidos e competentes, os paradisianos trabalharam dia e noite para levantar aquele porto digno de um país em desenvolvimento. Quanto aos marleyanos... haha, esses mal puseram a mão na massa. Simplesmente pegaram planilhas e saíram por aí dando ordens.

No píer, ao lado de um navio marleyano sequestrado, Armin e os engenheiros discutiam os últimos passos para a finalização do projeto e os primeiros para a abertura. O escriba transcrevia a conversa para o caderno – escrevia agilmente e sem solicitar repetições. Floch, na retaguarda do grupo, cumpria seu papel de vigia.

— Como andam as entrevistas?

Questionou Armin aos voluntários. Eram quatro homens. Quem respondeu foi o mais velho deles, o senhor grisalho com a bela barriga de cerveja tentando pular pra fora das calças.

— Boas, já estamos com quase todas as vagas preenchidas.

É óbvio que as entrevistas ficariam a cargo dos marleyanos. Eles entendem como funciona um porto. Eles têm conhecimento sobre classes de barco. Eles compreendem a infraestrutura de um país. Eles são os bonzões. Então, somente eles podem contratar empregados. Floch não sabia se tinha algum eldiano envolvido na admissão dos funcionários. Daria um jeito de descobrir. Se não tiver, já imaginava que o porto de Paradis será uma panelinha de marleyanos imundos.

Venha me pegarWhere stories live. Discover now