Flexível feito massinha de modelar

79 6 0
                                    

Eu cansei de escrever "fulano tem que devorar ciclano", "quando fulano devorou ciclano", "quando fulano herdou o titã X". A partir desse capítulo, estou usando o termo HERANÇA para me referir ao processo de repassar titãs.

Por favor, responda o meu FORMULÁRIO DE LEITORES. O link clicável está no meu perfil.


---

Como Leona descobriu apenas algumas horas após a volta dos soldados viajantes, o fato de Levi ser o pai do bebê impactava na vida de Hange. No entanto, Leona não imaginava que ela também fosse pagar o pato. E que pato caro. A vida de Leona virou de cabeça para baixo.

Naquele mesmo dia, os recém-chegados pegaram uma carruagem para a casa de Hange. Lá, os adultos conversaram sobre Hizuru e todos os seus luxos maravilhosos. Por exemplo, em Hizuru existe uma coisa chamada ELETRICIDADE. Esse sistema sublime é quase a base da vida não-paradisiana. Dele provém esplêndidos aparelhos tecnológicos, como as GELADEIRAS, um "eletrodoméstico" que garante a conservação da comida por dias a fio. Imagine só, pescar um peixe e guardá-lo sem medo de a carne estragar.

A eletricidade e outras narrativas sobre a vida em Hizuru foram detalhadas em relatórios. Os pareceres de Armin eram os mais descritivos e chegavam a alcançar cinco páginas. Mikasa escreveu os seus em formato de diário. Sasha só falava de comida e Connie esqueceu sua papelada no avião. Os relatórios de Eren careciam de elementos supérfluos e focavam-se nas indústrias e aeroportos. Os de Jean eram iguaizinhos aos de Eren.

Os viajantes não voltaram de mãos vazias. Presentearam Hange com uma vitrola portátil. Hange chorou de felicidade, pois ela pretendia comprar uma na viagem (caso tivesse ido). Para Leona, trouxeram um aviãozinho que voava de verdade ao comando de um troço chamado CONTROLE REMOTO.

O relógio batia meia-noite quando os soldados se despediram. Leona tentou ficar acordada até a partida de seus amigos do quartel, entretanto, Leona adormeceu horas antes, com o aviãozinho no colo. Naturalmente, o senhor Levi permaneceu na casa, e ele ainda estava lá quando Leona acordou no dia seguinte. Nada novo até então. Porém, quando Hange voltou do trabalho, ela veio acompanhada pelo capitão. Levi dormiu na casa de Leona pela segunda vez. E então pela terceira. Pela quarta. Pela quinta. E a cada vez que ele e Hange retornavam, o senhor Levi trazia mais um pouquinho de patrimônio. Era irritante abrir o armário do banheiro e se deparar com produtos de higiene masculina, sobretudo aquela terceira escova de dentes maldita.

Então, quando Leona deu-se conta, seu lar fedia a senhor Levi. E feder a Levi significa que a casa estava cheirosa e arejada. O capitão deixava sua marca onde encostava. Nem a modesta clínica veterinária de Leona escapou das garras do senhor Levi. O capitão a proibiu de trazer "esses gatos entupidos de toxoplasmose". E quando Leona perguntou o motivo daquela ailurofobia, Levi respondeu, simples e direto: porque sim, menina. Ah, o senhor Levi e seus enigmas. Ele nunca explica. O senhor Levi diz "porque sim, porque não, porque tem que ser assim, porque é melhor desse jeito", e não interessa se você concorda ou discorda.

— Mãe, esse chato do senhor Levi não vai embora nunca?

Leona sussurrou no ouvido de sua mãe. Hange respondeu que o senhor Levi morava com elas agora. Leona entrou em estado de choque. Hange explicou usando a família de Peter como modelo. De acordo com Hange, o senhor Levi é para Leona o que a tia Filomena é para Peter. O substantivo apropriado, Leona sequer era capaz de pronunciar: PADRASTRO. Não, o senhor Levi jamais seria o seu PADRASTRO. Ele era o senhor Levi e ponto. Leona não conseguia vê-lo de nenhuma outra forma, nem ao menos como "tio", a denominação usada por Peter para referir-se à madrasta. Caso você não saiba, PADRASTRO é o masculino de MADRASTA. A definição é: pessoa chata que vem morar na sua casa. O esclarecimento não agradou Leona. No entanto, Hange eventualmente a fez entender.

Venha me pegarOù les histoires vivent. Découvrez maintenant