Leão feroz

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Olá,

Pessoal, o capítulo de hoje e o da próxima terça eram para ser um só. No entanto, na semana passada meu processo criativo enfrentou uma série de desventuras. A VMP e eu brigamos bastante, e essa desarmonia acabou prejudicando o andamento da fanfic.

Por causa disso, precisei dividir o capítulo em dois. Não, não vou postar a continuação na sexta. Ainda estou instável e preciso fazer o esboço do capítulo 27.

Enfim, no episódio de hoje vamos expandir o universo e dar início a um pequeno arco dentro da história. O capítulo tem paralelos, três referências ao filme do Rei Leão e uma ao Stephen King.

(Na verdade, eu entupo meus textos de referências, mas acabo trabalhando tanto nelas que se torna referência só na minha cabeça)

Boa leitura. Abraços.


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O porto foi aberto quatro semanas após o homicídio. A essa altura, Floch já tinha conseguido transferência para a muralha Rose. Outro soldado tomara seu lugar na base litorânea. Junto com este homem desconhecido, paradisianos e marleyanos também começaram a exercer novas profissões na infraestrutura. Bem ou mal, o povo não falava de outra coisa. A Capital alimentava os civis com esperanças promissoras sobre o futuro de Paradis, sendo este o assunto da assembleia de hoje.

A tal reunião só aconteceria daqui algumas horas. Enquanto isso, Hange e Levi passavam o tempo na praça em frente ao palácio. O jardim bem-cuidado era vigiado por gloriosas esculturas de arbustos. Figuras de reis, rainhas, animais e guerreiros. O estado impecável das estátuas evidenciava a atenção constante do jardineiro. A praça era quadrada, e no centro existia um lago artificial resistindo ao envelhecimento através da manutenção diária. Carpas coloridas nadavam na água cristalina. Policiais militares garantiam a obediência da placa – não alimente os peixes. No centro, a estátua de uma mulher seminua usava o balde de pedra para derramar água na fonte. A posição da cabeça não permitia aos visitantes ver os olhos de mármore por baixo dos cílios.

Hange e Levi assistiam os peixes nadando. A garotinha entre eles pulava e apontava para a comprida carpa albina no meio das multicoloridas, a única unicolor. Era a primeira vez de Leona na muralha Sina. A vinda da menina foi planejada. Na noite do próximo dia, o governo inauguraria um museu baseado na história de Paradis, com direito a uma ala só para a Tropa de Exploração. Haveria uma festa para comemorar tanto a abertura do porto quanto a do museu. Muitos militares levariam a família, e Hange não quis bancar a diferente.

Além disso, achava que a filha estava na idade de experimentar longas viagens. Por causa da distância, levava um dia inteiro para ir da muralha Rose até a Capital. A Leona de quatro anos nunca aguentaria uma jornada daquelas - já se estressava bastante no trajeto de cinco horas para visitar o distrito da avó - a de cinco anos, entretanto, viajou sem reclamar. A demora acontecia por causa do transporte de tração animal. Precisavam trocar de carruagem pelo menos sete vezes porque os animais cansavam. Em breve, quem sabe, pudessem substituir os cavalos pelos tais carros.

— Mãe, leões comem peixe?

Onyankopon presenteara Leona com um livro de animais. Toda semana, a filha de Hange abandonava a forma humana e se transformava num bicho diferente. Já fora hiena, camaleão, gorila e tubarão. Esse último foi bem engraçado, Leona chorava porque ia morrer se ficasse fora d'água. Nos últimos dias, andava obcecada por leões; felinos selvagens naturais da África.

— O livro só menciona carne vermelha. — Hange respondeu.

— Ah, então não posso comê-los. — Lamentou Leona. Em seguida, perguntou: — Por que aquele peixe é diferente?

— É uma anomalia. Deu algum problema na barriga quando a mamãe peixe estava grávida.

Levi riu através dos olhos, sem precisar ver o de Hange para saber que ela fazia o mesmo. Como você, eu, Levi e Hange sabemos, peixes não engravidam. A comandante apenas brincava com Leona, e também aproveitava para testar os conhecimentos da criança. Leona assentiu. Então, ao processar o absurdo dito, o choque substituiu a carinha sorridente. Ergueu o rosto para a mãe, arqueando a sobrancelha.

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