Dente-de-leão

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Olá,

Bem-vindo ao capítulo que não devia existir. hahaha

Hoje teremos Eren, Armin fazendo cosplay de Moblit e alguns momentos bonitinhos entre mãe e filha. Lembre-se de que o meu Eren é do mal.

Tenho alguns avisos importantes. Leia as notas finais.

Boa leitura, abraços.


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Eren fita o teto do quarto. Havia acabado de chegar de mais um dia duro de trabalho na ferrovia. O corpo berra por um banho quente. No entanto, não está em condições de levantar da cama onde se esparrama. Eren pensa em nada e em tudo. Tenta se focar no agora. Meu nome é Eren, estou no meu quarto. Encare o presente, fracote imbecil. Esqueça as visões, os caminhos, e os pesadelos com aquela garotinha sem olhos.

As pernas convulsionam. O choque familiar brota na nuca e atravessa a espinha. O quarto se transforma na terra de areia fina. As pálpebras tremem. Vê o céu brilhante. Pisca. A areia some. A mobília retorna. O teto volta a ser apenas o teto. Contudo, Eren não está mais sozinho. Dois homens o observam. Pelo rabo do olho, vê uma versão mais deplorável de si mesmo ao lado de um homem aparentando o triplo da verdadeira idade. Zeke Yeager é o seu nome. Compartilham um laço familiar esses dois... três... quatro homens.

Anos atrás, o Eren do passado viveu esse dia do futuro quando beijou a mão da rainha. Agora, o Eren do presente o revive em três pontos de vista. O LOUCO em pé na porta. O homem deitado no colchão. O garoto beijando a mulher de sangue real. Três realidades, cada uma observando o mesmo cenário. Passado, presente e futuro misturando-se um ao outro.

Mas, nesse delírio existe esperança. Eren sente isso no fundo da alma. E os outros três sentem também. Zeke Yaeger, não. Ele é só um intruso. Eren permanece imóvel no colchão sem lençol. Seus dois Eus sumirão em breve. O tempo passa. Um segundo no tempo real, um ano no tempo de Eren. A presença do garoto do passado desaparece. O demônio do futuro abre a porta e sai sem olhar para trás.

E então ele era apenas Eren. Portador do titã de ataque. Filho de Grisha Yeager. Esperança da humanidade. Haha, esperança da humanidade, essa é boa. A humanidade que chupasse o seu pau. Só tinha mais dois anos de vida e os usaria a seu bel prazer. Ele, o garoto do passado e o LOUCO do futuro tinham um plano.

Almejavam um mundo perfeito. Sem guerras e sem inimigos. Todo eldiano será livre. Nada de governantes, deuses, exércitos e nações, somente pardisianos. As pessoas de Paradis, que tiveram sua liberdade tomada pela "humanidade" para lá do oceano, eram os únicos merecedores do novo mundo. Ele, o homem deitado, não tem poder para construir o sonhado paraíso, mas o LOUCO tem. Em breve, ele, o garoto do passado e o LOUCO se tornarão um só, e assim será feita vossa vontade.

Foi para isso que matamos a nossa mãe, certo?

Olhou o relógio na parede. Eram seis da tarde, o policial já devia estar no quartel. Eren levantou. Já tinha o discurso preparado. A caminhada foi tranquila. Como de costume, não encontrou quase ninguém. O policial o aguardava na sala de espera. Eren sentou no sofá de frente para o policial. O homem era um gordo ensebado. O uniforme mal servia, os botões da camisa imploravam por socorro. Eren e o policial apertaram as mãos. Eren sentiu a catinga da gordura suada. Pela forma com o policial torceu o nariz, o homem tinha a mesma opinião a seu respeito. Sim, somos dois porcos nojentos, pensou Eren.

O policial tirou o pacote de dentro do uniforme. Era um tablete muito bem embalado em várias tiras de plástico e amarrado com barbante. Dispensava identificação e data de validade. O policial colocou a encomenda na mesinha de centro. Eren o olhou com indiferença.

Venha me pegarWhere stories live. Discover now