Tempo

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A reunião acabou depois do meio-dia. Uma mulher chamada Kayle Strauss foi nomeada comandante da marinha. Kayle foi capitã da Tropa Estacionária por onze anos. Seu currículo dava de dez a zero nos outros apresentados. Hange estava contente por ver outras mulheres assumindo cargos importantes no exército.

Antes de saírem do palácio, Armin perguntou a Hange se Leona poderia sair com eles, pedido este aprovado imediatamente. No lado de fora, Hange encontrou Leona na praça. Agradeceu Floch e Hitch por tomarem conta da menina. Levi esteve com a comandante durante esse tempo. Após o reencontro entre mãe e filha, as deixou.

Hange e Leona passaram o resto da tarde juntas. Hange a levou para conhecer o centro, as lojas e os parques. A cidade era toda de paralelepípedo. Não tinha uma única rua de areia na Capital, e não se via cães vadios revirando lixeiras nem mendigos dormindo nos bancos. Leona disse a Hange que até os vendedores de comida eram bem-arrumados, e a comandante concordou. Tudo na Capital é muito chique. Nem parece que até poucos anos atrás existia uma cidade entupida de gente fodida logo abaixo daquele distrito rico.

Mãe e filha foram para o hotel por volta das seis. Tirando policiais militares, que possuem sede na Capital, os demais soldados sempre eram hospedadas no Overlook. Lá, deram de cara com Pixis e uma subordinada da Tropa Estacionária. Pela cara de Pixis, o velho passou a tarde toda enfiado num bar. Pixis cantava a moça no balcão. A jovem tentava dispensá-lo delicadamente.

— Você fica babão quando toma vinho, velhote.

Provocou Hange em voz alta e divertida. Parou na frente do segundo balconista e colocou os antebraços sobre o balcão curvo de madeira escura. O ambiente era bem iluminado e decorado com plantas. Alguns nobres liam jornal nos sofás logo adiante, aguardando carruagens. Ambos os atendentes trajavam ternos caros. Leona parou perto da mãe, observando Pixis.

— Comandante Hange, não tá morto quem peleia.

Respondeu Pixis, gargalhando e soluçando. A subordinada dele, coitada, tentava arrastar o chefe bêbado para o quarto.

— Mocinha, se você quiser mudar de divisão, tem vagas na Tropa de Exploração.

Hange sorriu ardilosa para a subordinada de Pixis. A garota constrangida riu envergonhada. Hange passou o nome completo ao balconista. Geralmente, as malas eram levadas aos quartos na chegada dos soldados. Dessa forma, quando iam pegar as chaves, a bagagem já esperava no aposento.

O atendente prontamente se pôs a buscar a ficha de Hange. Enquanto isso, Pixis reparava na presença de Leona e vinha falar com ela. Leona não se abalou pelo estado alterado de Pixis. O velhote era seu amigo.

— E você, Leona? Está gostando da Capital?

— Bastante, senhor Pixis. Minha mãe me levou num monte de lugares. E daqui a pouco vou sair com meus amigos do quartel.

— É mesmo? — O comandante soluçou. — Isso é muito interessante. — Pixis apertou os olhos e deu um sorrisinho zombeteiro. — Me diga, você tem medo de fantasmas?

Leona arqueou as sobrancelhas.

— Não. — Mentiu.

— Isso é ótimo. Sabe, o Overlook é cheio de fantasmas.

A subordinada de Pixis escondeu o rosto vermelho. Os balconistas reviraram os olhos. Hange sorriu de canto. Leona agarrou o casaco da mãe.

— Mãe, é verdade que tem fantasma aqui?

Hange virou o rosto muito devagar. Os óculos refletiram a luz do aposento.

— Sim.

Leona deu um gritinho de medo. Hange e Pixis deram risada, e nisso Leona percebeu que tiravam sarro da cara dela. A menininha fez beiço, detestava ser feita de burra. Hange fez carinho na cabeça dela.

Venha me pegarWhere stories live. Discover now