Com o pai morto, Vincent precisa assumir o controle sobre a máfia.
Poder, dinheiro e VINGANÇA era tudo que ele queria e o garoto faria qualquer coisa para se vingar e honrar a morte de seus pais.
Faria de tudo para a cabeça de seu rival, James Cast...
Volto e me sento ao lado dele. Pego uma toalha úmida e começo a limpar seu nariz com cuidado. Consigo sentir o olhar dele queimando em cima de mim, mas finjo não perceber e entrego o saquinho de gelo em seguida. Logo o ambiente fica mergulhado em um silêncio meio constrangedor.
Meu Deus, como esse menino é bonito. Nenhum defeito! Já sei... a fanfic de hoje à noite vai ser com ele.
Pelo amor, menina, aquieta esse coração, se controla!
Volto à realidade quando Jaden quebra o silêncio com uma pergunta inesperada — Vou ser bem direto... gostei de você. Quer ir a uma festa comigo hoje à noite? Pra nos conhecermos melhor, ou sei lá.
— Acho que não vai rolar... já tenho uma festa hoje — respondo.
— Você vai na Night Club? — ele pergunta, afastando o saquinho de gelo do rosto.
— Essa mesmo! — digo, animada.
— Então pronto. Eu também vou. Agora você não tem desculpa pra me dar um fora — Ele sorri de canto, daquele jeito que faz minhas pernas quase falharem.
— Pois é, agora eu percebi a merda que eu fiz — Falo em um tom de ironia enquanto ele revira os olhos.
— Nossa, estou me sentindo ofendido! — Ele diz secando lágrimas imaginárias — rio da encenação do mesmo — fique pronta às 20:00, eu venho te buscar — apenas assinto com a cabeça.
Sempre foi difícil ter uma vida social normal quando seu pai é chefe de uma máfia. Sair, fazer amigos, conhecer pessoas... tudo parecia complicado demais, cercado de regras e seguranças invisíveis. Talvez por isso, estar prestes a sair com um garoto que realmente me convidou, e que não faça parte desse meio, seja tão especial.
Aleluia, irmãos!
E lá estou eu de novo, encarando aqueles olhos claros que mais parecem hipnotizar. Meu olhar inevitavelmente desce para a boca dele, e, meu Deus, que boca!
Mas o transe se quebra quando o celular dele começa a tocar. Assim que olha para a tela, sua expressão muda, fica tenso, quase nervoso. Não entendo nada. Ele se levanta rápido, me entrega o saquinho de gelo e já vai em direção à porta.
— É... eu preciso ir agora, tenho que passar em outra casa ainda — A voz dele sai firme, mas o jeito como evita me encarar denuncia algo estranho.
— Ah, beleza. Até mais... e, de novo, desculpa pelo seu nariz — Me levanto e o acompanho até a porta.
— Tudo bem. Te vejo mais tarde. — diz, já apressado, antes de praticamente correr até o carro.
Assim que fecho e tranco a porta, não consigo evitar pensar em voz alta — O que tem de beleza tem de estranho... bem o meu tipo.
Meu estômago ronca, então vou direto para a cozinha. Ao abrir a geladeira, meus olhos vão certeiros para o mousse de chocolate. Fico alguns segundos travando uma batalha interna. Preciso manter o corpinho, né?
Do outro lado da minha consciência me diz, Ah, vai se ferrar. Depois eu compenso na academia.
Uma pausa reflexiva, Eu vou mesmo na academia? Não. Mas a gente finge que sim.
E pra completar meu discurso convincente... Se eu não comer, vai estragar. E desperdiçar comida é crime contra a humanidade.
Pronto, decisão difícil tomada. Pego o mousse como se fosse um troféu e subo para o quarto. Olho o relógio, 15h30. Ainda é cedo para começar a me arrumar, então decido desenhar um pouco.
Desde pequena, o desenho é minha paixão, meu refúgio, minha válvula de escape. Nunca fui boa em demonstrar sentimentos... pelo menos não em palavras. Mas no papel, tudo sai. Linhas, traços, cores... é como se cada rabisco fosse uma parte de mim que finalmente encontra voz.