Os horas passavam com Kate vendo Christine fotografando tudo que achava de seu agrado, experimentando o presente dado por Tom Cruise, mas focando suas atenções em quem chegava na livraria atrás de uma livro, e o deixando de lado.
Era impossível não ver a Princesa de Gales e achar normal, porém o excesso de atenção que sua presença estava lhe causando, obrigou Kate a se retirar e subir para o segundo andar da casa.
Os passos da mulher ecoavam, enquanto subia os lances de escada e abria a porta, se deparando com o interior da casa, que um dia foi de Catherine e que agora ganhava espaço com as poeiras e teias de aranha, já que Christine vivia no palácio de Kensington ao seu lado e aparecia na livraria aos fins de semana, devida ao período escolar.
Kate tirou os saltos, deixando-os na porta e do lado de fora, ergueu as mangas da camisa que usava e agarrou uma vassoura encostada na parede a alguns metros da entrada. Fechou a porta e sem medo algum, resolveu varrer a casa por um todo. Não se importando se iria sujar sua roupa e muito menos se isso era função de uma Princesa.
Apenas começou a passar as sardas do objeto nas paredes e lugares onde as aranhas fazem sua morada, tirava as traças impregnadas nos cantos e amontoava tudo em um canto, agarrava um guardanapo em uma gaveta, depois de procurar bastante, molhou e passou onde a poeira fazia caminho e mudava a cor.
Não era e nunca foi a primeira vez que a Princesa de Gales pegou no pesado, e não seria aquela ocasião capaz de lhe fazer mudar de ideia e agir como uma mulher mimada pela realeza. Muito pelo contrário.
Middleton se via esvaziando os pensamentos acelerados a cada passada e varrida na casa, além de conseguir pensar da forma correta no que estava acontecendo em sua vida, e não ver imagens soltas de tudo.
A mulher pegou uma sacola plástica, amontoando toda a sujeira de quase uma hora e a deixando ao lado da lixeira, sentindo o suor impregnar sua camisa cara e a gola alta agoniar seu pescoço devido ao calor e abafado do tecido, mas só possuía aquela e não pretendia arrumar uma casa, mesmo que de forma superficial assim que saisse de um compromisso real.
Christine virava a placa para "FECHADO", pois era a hora do almoço e sabia que Kate ainda estava no segundo andar da casa.
Então começou a caminhar, e a cada passo dado, sua mente lhe fazia lembrar no homem bem vestido e no quanto ele era alguém amigável e gentil. E por uma fração de segundos, seus pensamentos lhe fizeram acreditar que Middleton poderia se vingar de William com Fernando. Mas ele se foi assim que viu a mulher com as madeixas presas, roupa suja e descalça, limpando um criado mudo.
Kate ouviu os sons dos passos ecoando da entrada, e assim que virou, percebeu a adolescente de 15 anos lhe olhando com reprovação e braços cruzados, além de dizer:
- Por que você não me esperou?
- Eu estava precisando pensar - sorri, terminando de passar o tecido em um canto e se afastando - Foi até bom!
- Mas... - se cala ao saber que não iria adiantar de nada mudar o fato de Kate Middleton, a Princesa de Gales ter arrumado sua casa - Vou fazer algo para almoçarmos e... - a olha dos pés à cabeça, percebendo o tecido vermelho repleto de poeira e molhado - , ver uma roupa para você.
A adolescente se aproxima de seu quarto, agradecendo por possuir peças em seu guarda-roupa e elas não estarem com cheiro de guardadas a muito tempo. Retirando uma camisa de banda de Rock, sua favorita Slipknot, onde a estampa era uma mulher usando uma roupa de esqueleto e de braços abertos, uma calça de algodão bastante larga e preta, colocando-as sobre a cama e rindo imediatamente ao imaginar Kate Middleton, a mulher de roupas caras e elegantes, se vestindo como uma adolescente rebelde 15 anos.
Enquanto isso a Princesa de Gales, a observava da porta, ouvindo a risada ecoando pelas paredes do quarto e olhando sobre a cama as peças que a meninas havia arrumado para vestir, e no fundo, amou cada uma, já que lhe remetia ao tempo da escola e quando ela usava e abusava de roupas largas.
Kate se aproximou, parando ao lado de Christine, que assim que a viu, riu mais ainda, porém a ouviu dizendo:
- Acredite se quiser, gosto do Slipknot! - a olha com um sorriso nos lábios, percebendo a menina franzir a testa.
- Sério??
- Sim!
- Pensei que só escutasse Jazz e essas músicas clássicas de ricos!
- Você não me conhece direito, Chris - ri, caminhando e pegando as roupas - Será que...
- Uma toalha! - caminha até o guarda-roupa, pegando uma longa toalha cinza e a lança com força em direção a Kate, que a agarra no reflexo, devido a campainha - Estranho!
Os passos de Christine ecoavam apressados, e assim que abriu a porta, viu sua vizinha e a mulher que cuidava dela quando sua mãe precisava tocar na noite, parada em sua frente e com um imenso sorriso no rosto ao revê-la, depois de quase um mês.
- Chris! - a abraça, e apenas isso arranca um sorriso da adolescente, que também a abraça forte.
- Saudades da senhora, madrinha! - afirma, escondendo o rosto na cintura do pescoço da mesma.
- Eu também, minha menina! - aperta o abraço - Como estão as coisas no Palácio?
- Médio! - se afasta, percebendo a mulher a olhando com uma certa apreensão.
- Estão maltratando você?? - pergunta firme.
- Sim e não! Mas não me importo! - sorri - A senhora me conhece. Ninguém me assusta! - fala firme.
- Então a Princesa...
- Não! Ela não! Ela é a única pessoa naquele lugar que ainda está me fazendo ficar lá, além dos filhos dela. - afirma - Agora, mais do que nunca, não posso deixar ela lá, com aqueles abutres reais!
- Você se preocupa com ela, não é? - sorri a mulher, tocando no rosto de Christine que confirma.
- Ela é como minha mãe, madrinha! Ela cuida de mim, assim como a mamãe cuidava. Eu sou muito grata a ela. Muito! E faria de tudo, assim como faria para a minha própria mãe! - sorri, abraçando a mulher.
Christine não sabia, mais Kate estava no inicio do corredor de acesso aos quartos, com os olhos marejados e olhando fixamente para a mulher que abraçava a menina, além de receber o olhar da mais velha e um sorriso, que demonstrava agradecimento pelo que estava fazendo para Christine.
A adolescente se afasta, e nesse momento Kate se esconde para deixar a emoção se esvair e retornar, como se nada fosse ouvido.
- Ela está aqui? - pergunta a mulher para Christine, que confirma.
- Acho que terminando de tomar banho - caminha até a cozinha - Almoça com a gente?
- Claro! Vai preparar o que?
- Macarronada! - ri - A única coisa que sei fazer e que fica gostoso - continua rindo.
Os passos de Kate ecoam no espaço, e ambas as adultas agem como se estivessem se vendo pela primeira vez.
Middleton se aproxima, cumprimentando a mulher em sua frente com um sorriso e deixando evidente as roupas de Christine, que lhe serviram perfeitamente, além de ouvir da mesma:
- Até que não ficou ruim em você, Princesa! - fala ao olhar a mulher sentando-se ao lado da mais velha e rindo - "Princesa rebelde. A vida de Middleton fora dos muros da Coroa!", título perfeito para sua biografia.
- Uma delas, você quer dizer - ri a Princesa de Gales - Tenho muitas.
- Tá! Vou fazer uma sua! - vira em direção ao fogão.
- Eu ia amar - sorri imensamente.
A mulher ao lado da Princesa, percebia a intensa interação entre as mulheres.
Era como se a tão famosa Princesa de Gales, se tornasse apenas uma mãe cuidadosa, mas que sempre incentiva seu filho em seus sonhos, assim como Christine se sentia livre para ser quem ela realmente era, pois poucas pessoas possuíam a sorte de arrancar risos soltos e piadas da adolescente de 15 anos, que desde muito pequena, aprendeu o que é o abandono e a falta de amor por parte do pai, mas acima de tudo, a desconfiar de muitas coisas, ao ver sua mãe ser destratada por pessoas de alta classe.
Ver esses dois mundo - Kate com seu status de Princesa de Gales e sua fortuna incontável, mas Christine, uma órfã e que vendia livros para pagar a própria escola depois da perda da mãe - era a perfeição para os olhos da mulher de 58 anos, além de saber que sua afilhada estava em boas mãos, e que jamais estaria sozinha, pois se Kate a deixasse, poderia adotá-la. Não fazendo isso, porque a própria Middleton lhe garantiu amor e carinho incondicional para Christine, e seria muito difícil competir com alguém da realeza britânica.
Kate lembrou de Fernando, já que não o viu partindo devido ao excesso de atenção que sua presença estava causando ao local.
- E o Fernando? - pergunta olhando para a menina, que de imediato lhe lançou um sorriso malicioso.
- Interessada?
- Foi apenas uma pergunta.
- Bom, ele desferiu inúmeros elogios a você. Lamentou não ter se despedido. - sorri com malícia nos lábios.
- Fernando? - interrompe a mulher de 58 anos - Um homem forte e elegante?
- Esse mesmo! - confirma Christine.
- Ele veio na semana passada, mas a livraria estava fechada - fala e recebe o olhar imediato de estranheza de Kate, assim como Catherine a olhava quando se referia a Christine - Me pareceu bastante gentil e educado.
- Sim, ele é! - fala Chris - Mora na Itália, mas está aqui para resolver o passado.
- Ah é? - pergunta Kate.
Por mais que a conversa estivesse sendo em um clima amigável e familiar, a Princesa de Gales começou a pensar em razões para que Fernando aparecesse antes em frente à livraria à procura de sua filha, Christine. E foi quase impossível não ficar com a pulga atrás da orelha, como falam os populares.
A mulher de olhos verdes, voltou a olhar para a madrinha da adolescente:
- Ele veio apenas uma vez, enquanto não estávamos aqui?
- Pelo que me lembre, sim! Mas não se preocupe, ele não me parece ser uma pessoa mal intencionada.
- Não é não! - afirma Christine - Senão, você não me encontraria na livraria hoje, e sim morta no chão! - brinca, percebendo a Princesa visivelmente assustada.
- Nem brinca com uma coisa dessa, menina!!