As paredes avermelhadas e com relevos feitos a mão por artistas conceituados e de séculos passados, móveis em vermelho e dourado, assim como o piso polido perfeitamente e brilhante do Palácio de Kensington na Inglaterra, morada da família Real Britânica e da, já falecida, Rainha Elizabeth II. Não eram capazes de ofuscar a presença de uma bela mulher, com madeixas castanhas, macias e longas, pele clara, olhos verdes, rosto marcante, corpo magro, altura de modelo em 1,75m de elegância, formalidade, carisma e beleza, enquanto a mesma estava sentada em um sofá com estofado vermelho e detalhes em ouro, olhos fechados, postura ereta e respirando profundamente, tentando buscar uma maneira em seus pensamentos para não deixar seu corpo reagir aos gritos de seu marido, William Arthur Philip Louis, ou apenas Príncipe William, o Príncipe de Gales e futuro Rei da Inglaterra.
O homem bem vestido e visivelmente irritado, caminhava de um lado para o outro, falando em um tom mais elevado, demonstrando desaprovação por algo, enquanto a mulher continuava sentada e com as pernas cruzadas. Se sentindo em um julgamento, onde ela própria seria a ré naquela manhã chuvosa e fria, onde o céu cinza seria companhia para a coroação do novo Rei Charles.
William se aproximou de Kate Middleton, sua esposa desde 2012 e a viu abrindo lentamente os olhos, percebendo estarem calmos e serenos, aumentando com mais força sua raiva e o fazendo dizer:
- SERÁ QUE, PELO MENOS UMA VEZ... VOCÊ PODE REAGIR? - arregalou os olhos, percebendo a mesma se levantando com calma e dizendo em tom calmo e voz aveludada.
- Você me traiu, William! E nem por isso vou deixar de ser como sou! - afirma - Vamos! Temos uma coroação para presenciar! E não se preocupe que serei a mesma Princesa de Gales, até porque ninguém tem culpa, e nem eu de suas ações!
- Catherine? - chama, mas a mesma caminha para longe da enorme sala real.
Os passos calmos e leves, escondiam um coração acelerado e uma grande vontade de derramar as lágrimas presas nos olhos de Kate Middleton, Princesa de Gales e esposa do futuro rei da Inglaterra. Mas quando abriu a porta de onde estava, para fugir do homem acusado de traição e com uma de suas melhores amigas, a bela mulher de 41 anos, apenas caminhou sem rumo, querendo ao menos chegar em seu quarto real e se trancar, mas não poderia fazer isso.
Kate se viu entrando em um extenso corredor com artes aos montes. Ativando sua admiração pelas obras e reconhecendo cada uma delas. Exercendo sua formação acadêmica entre os vasos e relíquias, já que, como esposa do Príncipe de Gales, e sendo Princesa de Gales, ela não poderia, simplesmente trabalhar como Historiadora de artes, não poderia dar aulas, não poderia trabalhar em um museu e ganhar um salário como qualquer pessoas.
Ela não poderia escolher sua própria religião e pior, não poderia beijar seu próprio marido em público, pois demonstrações de afeto e carinho eram extremamente proibidas, e muito menos caminhar com as mãos dadas como um casal comum e real. Não! Ela não podia fazer isso!
Agora a mulher bela e gentil, adorada por muitos súditos e eleita a mais amável membro da Família Real Britânica, estava parada, olhando para um vaso de 200 anos e chorando calada, enquanto seu coração acelerado lhe fazia odiar o dia em que aceitou casar-se com William e seguir regras que a impediam de muitas coisas simples. E segui-las à risca, lhe fazia se sentir culpada pela infidelidade de William, mesmo que não fosse sua a culpa.
As lágrimas escorriam, mas a postura se mantinha a mesma, enquanto Kate olhava por uma enorme janela retangular e com vista para a avenida em frente ao palácio. Mas a tristeza desenhada no semblante da princesa, era visível no mais leigo olhar.
Passos começam a ecoar fortes no fim do corredor, e Middleton os reconhecia de olhos fechados, pois eram 12 anos casada com o dono dos mesmo. Então respirou, ergueu uma das mãos até o rosto, secando as lágrimas com a palma das mãos até que o mesmo parou ao seu lado, segurando as próprias mãos rente ao corpo e nem cogitando tocá-la.
- Desculpe, Kate? - diz William, virando lentamente para olhá-la, e perceber que a mesma não estava bem, e mesmo assim, não a tocou.
- Você nem me toca mas, William! - vira, encara-o e engole em seco - E não estamos em um compromisso real, mas em nossa própria casa! E mesmo assim, você não me toca! - afirma, dando um passo para trás, percebendo o mesmo se aproximando - Não! Com licença.
William permaneceu parado, enquanto sua esposa caminhava lentamente para longe de si, deixando evidente que seus sentimentos estavam machucados e as chances de Kate manter a educação, elegância, carisma e simpatia, acima das crises que passava ao seu lado e devido a ação causada por ele próprio, em traí-la. Seria capaz de machucá-lo ainda mais, porque iria perceber o erro grotesco que fez com a princesa perfeita de um conto de fadas, pois era assim que Kate Middleton, a menina que conheceu na faculdade era e ainda é.
Middleton adentrou em seu próprio quarto, deparando-se com pessoas bem-vestidas e a alguns metros, posto em um manequim, existia um vestido branco e com detalhes discretos em diamantes, vestimenta real em azul e vermelho ao lado, decorada com símbolos reais e que comprovaram onde ela estava vivendo, sapatos pretos e altos, brincos da Princesa Diana além, colar da Rainha Elizabeth II e uma coroa cravejada em diamantes, sobre uma almofada para proteção.
Todos estavam ali para lhe arrumar, já que a coroação do rei iria acontecer em algumas longas horas, mas as regras a serem seguidas para que ela apenas usasse uma roupa, era a causadora da demora.
O sorriso de Kate veio de imediato ao ver as 10 ou mais pessoas em seu quarto, apenas lhe esperando e assim que se deu conta, estava conversando com todos e esquecendo um pouco dos problemas. E isso era algo que conseguia com facilidade por alguns minutos ou horas.
A mulher retirou os salto, ainda com risos nos lábios, já que sabia estar atrasada e acabou por pedir desculpas para todos pela conversa que tomava ainda mais o tempo, enquanto corria em direção ao banheiro de forma desajeitada, trancava a porta, tomava banho e saia em um roupão com o brasão da Família Real, cravado no tecido.
Kate voltou para o quarto, começando a vestir o belo vestido branco e com diamantes, que deslizava em sua pele e parecia ser feito em seu corpo naquele instante.
Segundos depois, caminhou para frente de um enorme espelho, sentindo a leveza do tecido e o quanto a peça era confortável.
Sentando-se em uma cadeira macia e sentindo seu rosto receber as camadas de maquiagem, enquanto suas madeixas eram puxadas, enroladas e arrumadas, o colar de diamante de Elizabeth II era posto em seu pescoço, os brincos de sua falecida sogra postos em suas orelhas, lhe fazendo lembrar o que a mesma havia passado com a traição do marido, e percebendo que esse sentimento era o mesmo que o dela. Mas Kate se manteve neutra ao receber a coroa real e cravejada com muito mais diamantes em sua cabeça.
A mulher se olhava no espelho, vendo uma bela Catherine Elizabeth Middleton, digna de um conto de fadas real, mas o sorriso nos lábios de nada importava para alguém que não foi bela o suficiente para impedir o próprio marido de se envolver com outra mulher.
Os minutos passavam, e quando todos: Príncipe William, Princesa Kate e seus três filhos começaram a caminhar em direção a entrada do palácio. A mulher conseguia ver seu marido com sua vestimenta real e para ocasiões importantes, como a coroação do novo Rei, e ao mesmo tempo via seus filhos caminhando apressadamente para encontrarem a carruagem que os aguardavam.
Assim que se aproximou, Kate viu o transporte digno de contos de fadas estacionado em frente a porta de sua casa, lhe fazendo sorrir, pois sempre que tal acontecimento ocorreu, ela se sentia como uma princesa de seus filmes e séries favoritos, mesmo sabendo que era uma.
Era algo tão lindo, que lhe fazia voltar no tempo e lembrar do dia de seu casamento, onde chegou em uma carruagem real e disse "Sim!" ao homem com quem está a 12 anos.
William olhou para Kate, percebendo o belo sorriso no atraente rosto da Princesa de Gales, e tentou segurar em sua mão para ajudá-la a subir, mas a viu negando discretamente com o afastamento discreto, adentrando sozinha, sentando-se ao lado da porta, enquanto o homem permaneceu parado por alguns segundos, começando a sentir a indiferença apenas no olhar da mesma.
Kate, olhava pela janela as primeiras gotas de água começando a cair no lado de fora, e sentia cada uma como se fossem suas lágrimas proibidas de serem soltas, porque a postura e elegância, era o que mais importava para ela naquele momento, não por opção própria, mas obrigação.
Ao seu lado, William, tentava tocá-la nas mãos pela segunda vez, mas a discrição e educação impecável de Kate Middleton, eram capazes de a fazer olhá-lo e sorrir, enquanto afastava uma das mãos, para que ele não a tocasse naquele momento, seguindo o que ela própria havia falado.
Ela seguiria sua obrigação como parte da Família Real, e não iria demonstrar o que realmente existia entre às paredes do Palácio de Kensington e entre ambos, para que a imagem do casal perfeito e inseparável reinasse, mas ele não iria tocá-la, já que não fazia isso a muitos dias.