Capítulo 41

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Gabriela Pv'

 Despertei com alguém tocando em meus cabelos. Não fazia ideia de em qual momento havia dormido, ou se eu realmente tinha dormido.

  Abri os olhos, ainda sentindo meu corpo pesado. Levei um susto em ver a figura do loiro alisando meu rosto. Levantei rapidamente saindo de perto dele.

 - Relaxa morena.- Fez sinal de rendição.- Se quisesse te matar já tinha feito.- Caminhou em minha direção.

- Fica longe de mim!- Gritei mesma sentindo minha garganta seca.

 - Tudo bem.- Ele parou. Coçou a cabeça. - Mas você sabe que ele não vai sobreviver.- Me olhou por alguns instantes me deixando sozinha em seguida. 

  Se eu falar que aquilo não doeu em mim, pode ter certeza de que é mentira. Porque doeu. No fundo eu sabia que as chances da gente sair vivos disso era quase zero. Por mais que eu me forçava a acreditar que tudo ficaria bem.

 Não deixei de reparar em uma coisa, não escutei a porta sendo trancada. Ou isso fazia parte do plano deles, ou foi um erro muito besta. 

  A vontade de sair correndo era enorme, mas eu tinha que ter o máximo cuidado. Me aproximei da porta, ainda com receio, colei o ouvido na mesma. Não dava pra escutar nada. Tomei coragem e resolvi girar  a maçaneta só pra ter certeza da minha desconfiança... e, eu estava certa, destrancada.

 Me afastei.

  Sentei no chão e prendi meu cabelo em um coque  frouxo. Aquele quarto era muito quente. Meu nariz ainda ardia um pouco, me fazendo sentir falta de ar em alguns momentos.

 Precisava pensar em alguma forma de sair daqui, e tinha que ser rápido. Sabia que  por toda casa poderia ter vários deles. Não conseguia focar em nada que pensava, minha cabeça estava pesada, me esforçava pra me manter acordada.

 Corri os olhos pelo quarto, na tentativa de achar algo que servisse como arma. Eu sei, pode ser estupido, tentar enfrentar um bando de homem armado. Mas pra mim qualquer coisa valia.

 Me levantei com dificuldade. Parei em frente a janela, procurei algum pedaço de madeira que estivesse mais solto. Forcei o mesmo até consegui arrancar. O que resultou em uma farpa bem no meio da minha mão. 

 Fui pra porta colando o ouvido, para ter certeza que não tinha ninguém por perto. Me esforcei pra ouvir qualquer som, mesmo que fosse respiração. Mas por conta da madeira da porta, era impossível perceber tudo. 

 Girei a maçaneta, mas dessa vez eu abri a porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

 Botei a cara pra fora, olhei para os dois lados. Nem sinal de alguém.

 Respirei fundo saindo daquele quarto imundo. Caminhei até a escada, a cada passo que eu dava sentia que meu coração ia sair pela boca. Parei no canto da escada e dei um espiada la em baixo. A porta de saída era logo na frente.

 Meu maior medo era de abrir e dar de cara com um deles, ali eu poderia dar um adeus a minha curta vida. 

 Comecei a descer em passos lentos, e prestando atenção em cada som.

 Me assustei quando escutei alguns gritos vindo de bem perto, me abaixei na escada olhando pela frestas. Mas não dava pra identificar de onde vinha os gritos.

 Estava a um passo de voltar quando alguém me chamou.

 - Gabriela?- Era Vitinho. Não sei quem estava mais surpreso em saber que o outro também estava aqui.

 - Puta que pariu.- Falei um pouco alto e ele fez sinal de silencio.- Como você achou a gente?

 - Achei você, por que...- Foi interrompido com a porta sendo bruscamente aberta.- Droga.- Me puxou subindo a escada. 

 Acabei por tropeçar em algo e ir de cara ao chão. Meu nariz latejou no mesmo instante. Ele me ajudou a levantar e me olhou assustado.

 - O que foi? Ta tão ruim assim?- Perguntei desconcertada. Ele apenas negou com a cabeça e continuou sua caminhada. 

 Puxei ele pra dentro do quarto em que eu estava.

 - Caralho!- Ele socou a parede.- Como veio parar aqui?

 - Um cara... Ele...- Senti minha cabeça ficar pesada e minha visão turva.

...

 Dessa vez despertei com alguém me chamando.

 - Gabriela!- Gritou.- Acorda caralho.- Ainda era Vitinho.

 - O que aconteceu?- Levantei a cabeça e meu estomago revirou, o que me fez vomitar. Era apenas a cerveja. Afinal eu nem me lembro qual foi a ultima vez que comi.

 - Preciso te tirar daqui.

 - Por favor.- Falei com a voz falha. Me deitei sentindo o cheiro horrível daquele lugar.- Por que você sempre vem sozinho?

 - Eu não vim sozinho.- O vi pegar o celular.- Droga, não tem sinal.

- Cadê os outros?- Minha garganta ardia quase tanto quanto meu nariz.

- Na mata.- Passou a mão no rosto.- Vão saber o que fazer se a gente não sair daqui em uma hora.

- Uma hora?- Questionei.- Eu vou morrer porra... E quem sabe ele..

 - Chucky sabe se virar.- Tentei compreender.- Trouxeram vocês juntos?

- Não.

 Senti uma lagrima rolar meu rosto, eu não queria chorar. Mas isso é demais pra mim. Quando eu iria imaginar que a minha vida calma e tranquila viraram um eterna guerra por poder.

 - Vitinho?- O som vinha de seu radinho.

- Fala 2k. Vem pra ca o mais rápido possível.

 - Pode deixar

- Ainda tem alguns deles pela casa. 

 Não se ouviu mais nada do outro lado, ficou um grande silencio. 

 Eu já não tinha forças pra me levantar dali.

 - Preciso achar ele.- Vitinho saiu apresado.

 Não tive nem oportunidade de dizer nada. O medo tomou conta de mim. 

  Se ninguém viesse me ajudar eu poderia morrer ali, já que não conseguia nem me levantar, nem tinha mais voz pra gritar.

...










In My BloodWhere stories live. Discover now