Capítulo 28

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Gabriela Pv'

Dois dias depois...

Fazia dois que eu estava presa aqui. Chucky sumiu, deu ordens ao Cadu pra não me deixar sair nem que o mundo estivesse acabando.

Dandá que me arrumou umas roupas que eram da filha dela. Ela tem me ajudado bastante esses dias. Cuidou de mim e me deu vários conselhos.

Arrumei a cama, continuei dormindo no quarto dele, já  que o mesmo não deu a cara por aqui.

Abri as janelas, isso aqui precisava de um pouco de ar. Fiquei olhando a rua, aqui não era nada parecido com o morro. Era raro ver carros passando por aqui, tinha várias casonas. Tudo muito calmo.

Resolvi descer, não tinha noção de que horas era. Só  sabia que era manhã por conta do sol la fora.

- Bom dia menina.- Dandá disse animada.

- Bom dia.- Me sentei perto do balcão.- Que horas são?- Ela tirou um celular do bolso e meus olhos até brilharam. Não tive mais notícias  da minha mãe, nem nada sobre Mayra.

- Nove e vinte.- Guardou o celular. E voltou sua atenção a louça que lavava.

- Dandá?- A chamei com um sorriso amarelo.

- Diga.

- Será  que você podia me emprestar seu celula? E rapidinho. Só  uma ligação.- Juntei as mãos e fiz a minha melhor cara de cachorro sem dono.

- Ah menina, Andy ficaria uma fera se soubesse disso.

- Ele nem ta aqui. Não vai saber de nada.- Dei de ombros.

- Quem não vai saber de que?- Meu corpo estremeceu quando ouvi sua voz rouca bem próxima de mim.

- Não... Nada.- Pulei do banquinho.

- Ta assustada por quê? Ta devendo é?- Falou sério, não  disse nada e ele começou a rir.- Barra ta limpa meu amor.- Segurou meu rosto com as duas mãos e me roubou um selinho.

- Ta drogado?- Não sei pra que fui fazer aquela pergunta, seu sorriso sumiu na mesma hora.

- Tu vigia essa tua boca.- Apontou o dedo na minha cara. Eu não conseguia sentir tanto medo dele mais.

Ele saiu da cozinha nos deixando a sós novamente.

- Continua sendo o mesmo menino de sempre.- Sorria como se tivesse visto uma criança que acaba de aprontar mais uma.

- Esse cara é doido, isso sim.- Fui até  a geladeira pegando um suco.

- Tu tem sorte de conhecer o lado bom dele.- Revirei os olhos.

- E o azar de ter conhecido o lado ruim antes.- Enchi um copo e tomei um gole.

Ela sorriu de canto e voltou aos seus afazeres.

- Que porra!- Ele voltou com uma expressão nada boa e o celular na mão.- Bora Gabriela.

- Pra onde?- Olhei confusa.

- Pro morro caralho, tu não  entende porra nenhuma também.- Saiu novamente da cozinha e eu fui atrás. Não  só eu, Dandá também veio.

- O que tu fez?- Gritei.

- O que devia ter feito na mesma hora que aquele filho da puta levantou a mão pra ti.- Parou ao lado do carro.- Mandei pro espaço.- Fez sinal de arma com a mão sorrindo como uma criança.

Olhei pra Dandá e ela o repreendia com o olhar.

- Melhor eu ir né?- Falei ao ver ele entrar no carro.- Muito obrigada por tudo.- Abracei Dandá que retribui me apertando forte.

- Juízo menina! E toma conta dele pra mim?- Balancei a cabeça rindo.

- Ta difícil.- Entrei no carro colocando o cinto de imediato.- Tchau Cadu.- Acenei pra ele que observava a cena de longe.

Chucky deu partida e abriu o portão saindo apressado. Olhei pelo vidro e vi que tinha duas motos que começaram a nos seguir. Fiquei assustada, ja que ultimamente todos querem nos matar.

- Relaxa, são meus seguranças.- Nem foi preciso perguntar.

Acho que com ele funcionava assim, bastava eu deixar tudo claro que ele perceberia aonde eu queria chegar. Talvez agora eu comece a desifrar esse homem.

...

Chegamos no morro e tudo parecia estar normal. Os soldados dele circulando com armas de alto porte;os pequenos comércios abertos; vários moradores subindo e descendo; as criança brincando nas portas das casas; tudo exatamente como deveria ser.

Ele me levou pra casa, parou o carro e destravou a porta.

- Então... É só isso...- Eu poderia simplesmente sair daquele carro correndo sem olhar pra trás. Mas queria ter certeza de que ele não  iria precisar de mim para nada.

- Lili cantou pra ti morena.- Falou sério. Eu sorri animada.- Só não vacila, tenho olho em todo canto.- Fes gestos.

- Vai se fuder.- Ele me olhou de cara fechada depois deu risada.

Sai do carro se nem dizer um tchau, ou qualquer outra coisa. Ele acelerou cantando pneu, sorri sozinha com a cena.

- Gabriela!!- Escutei a voz da Mayra.- Mas que porra, aonde tu se meteu?- Nem esperou eu falar algo, me puxou pra um abraço.

- Vai com calma, ainda to machucada.- Sorri animada, como eu vive tanto tempo sem essa doida?

- Ele morreu amiga.- Passou de feliz pra triste na mesma hora.

- Ele quem?- Na minha cabeça rodava apenas uma pessoa, o Vitinho.

- O Alex.- Uma lágrima desceu pelo seu rosto.- A tia está  desesperada.

Fiquei estática, não  inaginaria que justo ela fosse sentir com a morte dele.

- Você sabia?- Pareceu ler meus olhos.- Mas que droga Gabriela, você sabia.- Passou a mão pelo rosto.

- Calma! Vem vou te explicar tudo.- Puxei pela mão pra dentro de casa, minha mãe  não estava. Provalmente estava no postinho.

Contei tudo a Mayra. Desde o início, do porque ele me levou pra la. De tudo que aconteceu naquele dia de guerra. Falei sobre o que Alex fez comigo.

- Nossa.- Colocou a mão  sobre a testa.- Você ta assim por causa dele?

- Sim, não lembro de muita coisa. Mas sei que foi ele que me bateu até a minha quase morte.

- Me desculpa? Sério mesmo, eu não imaginaria que fosse isso.- Segurou minha mão.

- Tudo bem, já passou mesmo.- Ela me abraçou.

- Então quer dizer que o rei da porra toda matou ele por sua causa?- Disse em tom de brincadeira.

- Acredito eu que não.- Ela deu risada.

Entramos em uma conversa aleatória, aonde ela me contou tudo o que tinha acontecido no morro quando eu estava fora.

Me falou das fofocas da escola, das piranhas tudo de queixo caído quando Vitinho começou a busca-la.

Ouvia tudo atenta, e fazia uns comentários.Como eu senti falta disso tudo.

In My BloodWhere stories live. Discover now