Capítulo 8

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Gabriela Pv'

- O morro todo ta olhando mãe, me solta!- Meu rosto queimava de vergonha.

- Não teve vergonha na hora de sair de carro de macho vestida desse jeito né?- Puxou meu cabelo, gemi de dor.

Ela me levou pra casa desse jeito, pelos cabelos, com certeza no dia seguinteeu não conseguiria botar a cara na rua.

- Agora você pode se explicar.- Me jogou no sofá.- Com quem você tava?

- Eu tava no baile.- Não era mentira, afinal eu tinha saído de casa para ir pro baile.

- Com quem?- Perguntou tirando a sandália.

- Com a Mayra.- Mesmo sabendo que ela não gostava nem um pouco da Mayra, era minha melhor opção.

- Mentira.- Me bateu com a sandália.- Tava era com macho. Fala quem era!- Me bateu novamente.

Fiquei em silêncio, fazia anos que minha mãe não me batia, só escutava seus discursos enormes.

- Fala logo menina!- Dessa vez ela me deu um tapa na cara.

- Chucky...- Falei baixo.

- Repete.- Ela me olhava assustada.

- Com o Chucky.- Falei em alto e bom tom.

- Eu não acredito.- Elevou a mão na boca.- Foi pra isso que eu te criei Gabriela, pra você ficar andando com bandido.

Nessa hora eu ja chorava feito criança.

- Estou decepcionada com você.- Não disse mais nada, foi para seu quarto e trancou a porta.

Fiquei algum tempo afundada naquela sofá. Depois me levantei enxuguei as lágrimas e fui tomar um banho. Demorei um pouco pensando na vida. Me lembrei daquela transa, não posso negar que foi a melhor que tive até hoje.

Vesti uma roupa confortável e me joguei na cama, que me acolheu tão bem. Não demorou muito para eu pegar no sono.

...

Acordei no dia seguinte com uma buzina irritante. Busquei meu celular sobre o criado, mas ai me lembrei que havia perdido o mesmo.

Levantei com ódio, pois aquele carro não parava. Abri a porta da sala pronta pra xingar quem quer que fosse.

- Oh seu filho da...- Parei quando olhei pro interior do carro, e vi que era Chucky, Vitinho o acompanhava.

Milhares de coisas passaram na minha cabeça, uma delas era voltar pra dentro de casa e deixar os dois la. Mas quem disse que fiz isso, pelo contrário, me aproximei do carro.

- O que tu quer?- Cruzei os braçose fechei a cara.

- Tu fala direito comigo.- Disse frio. Nem liguei, já  não sentia tanto medo dele, talvez eu não sentisse medo morrer.- Entra no carro.

- Eu não.- Me virei pronta pra voltar pra casa, mas escutei ele destravar uma pistola.- To cansada disso, atira vai. Tu acabou com a minha vida, não  faz mais diferença.

- A tua não faz, mas a dela faz.- Mirou pro outro lado. Olhei pra trás  e minha mãe estava parada na porta assustada com a mão no peito.- Entra no carro Gabriela!- Ordenou.

  Estava sem saída. Eu sabia que minha mãe estava com raiva de mim, mas eu continuava a amando.

Toquei na porta do carro. Eu precisava fazer isso.

- Não faz isso filha.- Ela implorou.- Não leva ela, a gente vai embora do morro.- Insistiu.

   - Ela me deve muito senhora.- Chucky disse todo sério.

Com o coração partido entrei no carro. Ele abaixou a arma e deu sinal pro vitinho partir.

Fiquei olhando minha mãe se derramar em lagrimas, eu nunca saberia se a minha escolha foi a certa, mas sei que fiz isso apenaspara proteger ela.

- Não faz nada com ela por favor.- Me inclinei no banco.

- Faz teu serviço direitinho que fica tudo bem com ela.- Sorriu irônico.

Me afundei no banco, respirei fundo. Só queria voltar a minja vida normal, voltar a ir pra escola, sem preocupação. Ter minha melhor amiga de volta.

  Voltei a realidade apenas quando o carro parou em um lugar escondido, tinha algumas casinhas. Tinha vários caras por perto, todos armados, alguns estavam até mesmo com fuzis.

Esperei os dois desceram para assim descer também. Eu não estava muito apresentável, vestia um shortinho de malha e uma camiseta. Nem se quer me lembrava que tinha acabado de acordar.

Quando desci do carro todos eles me olharam, alguns soltaram cantadas e comentários desagradáveis, me deixando completamente desconfortável.

Segui Chucky para dentro de uma das casas, não havia nada que lembrasse a uma casa, era cheia de armários, caixas e algumas cadeiras perto de uma mesa.

  Em um delas estava um rapaz muito estranho. Ele se levantou e cumprimentou Chucky com um aperto de mão.

- Firmeza Rafinha?-

- Tudo certo mano.- Disse balançando a cabeça em positivo.

- Essa é  a boneca que te falei.- Me puxou fazendo com que eu ficasse ao seu lado.

- É  gostosa mesmo.- Deu um sorrisinho.- Fantasma vai cair na dela fácil  fácil.- Eu apenas observava tudo calada, sabia que se falasse algo seria pior.

- Tu já  ta manjando do esquema né?- Ele assentiu.- Senta ai.- Puxou uma cadeira pra mim. Demorei um pouco pra acatar seu pedido.- É o seguinte, Rafinha é um dos meus dentro da Coreia, ele vai te levar la. Tu vai fazer de conta que é  irmã dele.

- Ah claro, ele vai acreditar que somos irmãos.- Falei irônica e levei um tapa na cara.

- Cala boca.- Elevei a mão aonde ele bateu.- Tu vai se aproximar dele, não  vai ser difícil, ele adora carne nova  ainda mais a tua.

- Ta bom.. E quando vai ser isso?

- Hoje!- Arregalei os olhos, Rafinha deu risada do meu lado.

- Mas que porra.- Me levantei pra sair dali mas ele me puxou.

- Opa, pensa que vai aonde?

- Tenho que arrumar minhas coisas pra essa palhaçada sua ai.- Eu e minha bendita boca, acabei levando outro tapa, dessa vez mais forte.

- Tu vigia o que vai falar filha da puta.- Me deu um chute na canela. Se não fosse o tal Rafinha interfirir ele continuariame batendo.

- Para com isso, a gente precisa dela inteira mano.- Puxou Chucky pra longe de mim.

- Leva essa vagabunda daqui.- Me dirigi até a saída.- Espera.- Parei me virando pra ele.- Isso aqui é teu.- Me entregou meu celular, pelo menos isso eu iria levar comigo.

Segui junto de Rafinha pra fora, ele entrou em um carro vermelho, entrei no mesmo. Olhei pela janela e Chucky me olhava sem expressão nenhuma.

Mandei o dedo do meio pra ele, ele teria vindo até aqui e me batido se o carro não tivesse começado  a se movimentar.

...





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