Capítulo 24

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Gabriela Pv'

Encarei ele com medo, sua cara de poucos amigos me dizia que eu estava lascada.

Ele permaneceu em silêncio por um tempo, em seguida soltou uma gargalhada.

- Mas que porra! O que tu quer?- Mayra se exaltou.

- Cala a boca da sua vadia, antes que eu mesmo cale.- Dirigiu a fala pro vitinho.

- De qual é  irmão? Vigia como tu fala da minha nega.- Vitinho meteu o sério.

- Tu não ta com moral pra falar desgraça nenhuma não. Apontou o dedo na cara dele.

Vitinho cerrou os punhos pronto pra lançar um soco em Chucky.

- Não amor!- Segurou seu braço.- Deixa quieto.

- Teu plano não deu certo? Por que ta aqui?- Resolvi me manifestar.

Estava cansada, tanto fisicamente por conta dos ferimentos, quanto emocionalmente por causa de toda essa situação. Tudo o que mais queria, era tomar um banho, ver minha mãe, e dormir um pouco.

Foram dias difíceis. Ainda não acreditava que em menos de uma semana fiquei grávida e perdi meu bebê. Não  conseguia acreditar que me encontrava nas mãos  de um traficante. Estava sem forças  para lutar.

- Tu ainda é  minha!- Meteu marra e bateu no peito. Eu dei foi risada.

- Sua o que? Sua escrava?- Ficou em silêncio.- Fala o que tu quer? To cansada disso já.

- Só troca uma ideia contigo.

- Que porra, precisa fazer esse show todo pra isso?- Vitinho soltou até sem pensar.

- Tu fica calado irmão, já ta no erro. Por que não passou visão de onde ela tava?- Cruzou os braços.

 - Oh gente!- Mayra chamou atenção de todos.- Vamos parar com a palhaçada, a menina toda quebrada aqui e vocês nessa? Puta que pariu.

 Foi nesse momento que eu percebi a falta que Mayra fez na minha vida, mesmo com sua loucura ela sempre me salvava.

- Ta certo!- Suspirou.- To de olho em você.- Fez sinais com as mãos, entrou no carro e foi embora.

 - Mas que cara chato.- Mayra reclamou.

- Tu não viu foi nada.- Balancei a cabeça em negativo.- Já que ele sabe da minha volta, vamos pra minha casa?- Vitinho assentiu me ajudando a voltar pro carro.

 Dessa vez ele quem foi dirigindo. Mayra falava sem parar ao seu lado, e eu apenas pensava em como séria ver minha mãe depois de tanto tempo, será que ela sentiu minha falta? 

 Senti um frio na barriga quando ao chegar na frente de casa. Não tinha mais controle sobre minhas pernas, assim que ele parou o carro eu abri a porta  e pulei pra fora, ignorando completamente a dor que sentia. 

 Caminhei até minha casa a janela da sala estava aberta, indicando que minha mãe estava em casa. Nem fiz questão em bater, sabia que ela estaria destrancada. Aqui até pode ser o pior lugar do mundo, mas ninguém rouba ninguém.

  - Mãe!- Gritei quando a vi sentada no sofá, ela levantou com o susto.

- Meu amor.- Correu até mim me abraçando.- Meu Deus! O que aconteceu com você?- Me analisou da cabeça aos pés.- Foi ele filha? Você ta livre dele?

- Respira mãe!- Sorri fraco.- Eu to de volta!

- É ela Cristiane?- Foi só nesse momento que percebi a presença de uma senhora, seu olhar era sério e se mantinha sobre mim.- Ela é minha neta?- Minha mãe assentiu.- Minha menina, vem ca deixa eu te dar um abraço?- Veio até mim, eu sem entender nada a abracei.

- Quem é você?- Indaguei completamente confusa.

- Senta aqui filha.- Minha mãe me puxou pro sofá.- Me conta tudo o que aconteceu.

- Me conta você o que aconteceu? Quem é ela? Por que me chamou de neta?- Me senti tonta, me sentei mais pelo impulso.

- Você ta bem?- Me olhou assustada.

- Sim, só ta doendo um pouco.

- Vou lhe buscar um...- Minha visão foi ficando turva, não vi mais nada.

...

 Despertei no meu quarto. Como senti falta daqui. Ainda tinha o cheiro dos meus perfumes no ar, algumas roupas minhas jogadas pelo chão, meus minhas maquiagens espalhadas na penteadeira no canto, tudo da mesma forma que deixei naquele dia em que fui praticamente sequestrada.

 Novamente eu havia desmaiado. As vezes tinha a impressão de que nesses dias eu morri e estou tentando voltar a realidade, que não está nem um pouco feliz.

 Me sentei na cama com dificuldade. Meu celular estava sobre o criado mudo, junto de um copo de água e um comprimido. Peguei apenas o celular para checar as horas. Marcava dez e meia da noite.

  Vi que tinha algumas mensagens, desbloqueie e fui para caixa de mensagem.

Chat On

Xxx.: Vou te buscar ai.

Xxx.: Oh desgraça, cadê tu porra?

Xxx.: Não adianta se esconder não porra.

 O número marcava desconhecido, mas não precisava ter bola de cristal para saber que é o Chukcy.

Eu: Que foi cara? Tava dormindo.

 Não iria falar que desmaiei, não era relevante para ele.

Xxx.: To ligado, vem aqui.

Eu: Tu ta aonde?

Xxx.: Olha pela janela.

 Com dificuldade me levantei e fui até a janela. Ele estava escorando em sua moto do outro lado da rua.

Chat Off

 Ele sorriu e se aproximou da janela.

- Ta ai a quanto tempo?- Perguntei o vendo pular minha janela.

- Tempo suficiente pra saber que tu dorme pra caralho.- Se aproximou de mim ficando a centímetros de distância.

- Fala logo o que você quer.- Cruzei os braços.

 Ele ficou em silêncio apenas me encarando. Segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou com calma. Minha mente me mandava o empurrar e desfazer aquela palhaçada. Mas o corpo pedia por aquilo, não conseguia esperar.

  Desceu suas mãos pra minha cintura e me puxou pra perto.

- Ai!- Me afastei dele colocando a mão sobre a costela.

- Que foi?- Levantou minha blusa, deixando amostra minha costela enfaixada.- Filho da puta! Vou matar aquele filho da mãe.

- Vai matar quem?- Perguntei sem entender.

- Tu não lembra o que aconteceu?- Me olhou confuso, neguei com a cabeça.- Melhor assim.- Continue sem entender nada. Ele me abraçou de leve, coisa só me deixou mais confusa, mas preferi deixar tudo como estava.




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