Capítulo 47

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Gabriela Pv'

Entrei em casa com as mãos trêmulas. Não sei se era a emoção em saber que minha mãe estava bem, ou se era a sensação eletrizante que ele me causava.

Sim, eu ainda sinto o mesmo de antes quando estou perto dele. Isso vai demorar um pouco para passar.

- Mãe?- Chamei

Segui pra cozinha, vendo ela tomar um café. Não hesitei em ir até ela e a abraçar.

- Como é bom te ver!- Ela sorriu fraco.

- Que alívio filha.- Disse ao me soltar.- Pensei que não fosse mais te ver.

- Não exagera dona Cristiane.- Ela riu.- Eu teria dado um jeito.

- Indo atrás de bandido.- Ela levantou e foi pra pia.

- E você acha que tem outro jeito de lidar com bandido, que seja com outro bandido?- Ela ficou calada.- Vou pro meu quarto.

E foi o que fiz, era melhor não bater de frente. Afinal eu nem vou mais ficar atrás dele.

Me joguei na cama tentando afastar qualquer pensamentos sobre o que aconteceu hoje.

Escutei uns barulhos vindo da janela, como se alguém estivesse tacando algo contra ela. Fui devagar até la e a abri.

- O que você ta fazendo?- Era Mayra.

- Você não responde o celular.- Ela se aproximou pulando a janela.

- Droga, meu celular.- Falei baixo.

- O que?- Se jogou na minha cama.

- Nada, deixa.- Me sentei ao seu lado.

- Vitinho me contou o que aconteceu.- To vendo que logo mais o morro inteiro vai estar falando sobre.- Sua mãe ta bem né?

- Ta sim.- Sorri fraco.- Mas o que tu veio fazer aqui?

- Ai amiga, nem te conto.- Ela mordeu a ponta do dedo.

- Conta logo vagabunda.- Bati nela com o travesseiro.

- Eu acho que to grávida.- Fez careta.

- Como é que é? Sua vó vai te matar.- Ela assentiu.- Fez o teste?

- Então...- La vem.- Eu queria que você fosse comigo la comprar.

- Ta brincando com a minha cara?- Não tava acreditando no que tava ouvindo.

- To falando sério, você sabe como é o pessoal daqui.- Dei risada.- Quero ir la na pista.- Olhei bem pra cara dela.- Por favor, nunca te pedi nada.- Juntou as mãos.

- Ta bom.- Falei depois de um longa pausa.

- Ah, é por isso que te amo.- Me abraçou.

- Mas com uma condição.- Ela muchou na hora.- Preciso que teu boy pegue meu celular la na boca da principal.

- E por isso que não me atende.- Ela levantou.- Então... Vamos?

- Posso so tomar um banho?- Ela cruzou os braços e se jogou na cama.

- Sem me enrolar.- Mandei dedo pra ela.- Grossa.

Peguei uma roupa confortável e leve, já que o calor hoje tava de matar.  Tomei meu banho e ja sai vestida.

- Pediu pra ele?- Perguntei a ela assim que entrei no quarto.

- O que?- Ela desgrudou do celular.

- Do meu celular Mayra! Acorda!- Taquei meu delineador nela.

- Calma!- Fez sinal de rendição.- Vou mandar mensagem.

Terminei de me arrumar.

- Amiga...- Chamou minha atenção.- Vitinho disse que ele quer entregar pessoalmente.

- O que?- Olhei assustada.- Por que?

- E eu la sei.- Deu de ombros.- Vamos?- Assenti.

Peguei minha bolsa e minhas chaves. Pra minha sorte mãe  estava em seu quarto, assim não  teria que ficar explicando demais.

Começamos a descer o morro, e a Mayra não  parava de reclamar do calor.

Na minha cabeça só rodava várias teorias pra ele querer me entregar pessoalmente. Por que ele quer me ver?

Eu não quero  ver ele. Se eu procurei ele hoje, foi pelo fato dele ser culpado por tudo isso que tem me acontecido.

- Gabriela, se ta me escutando?- Mayra se colocou a minha frente.

- O que que foi?- Desviei dela e continuei andando.

- Ta toda distraída ai porque?- Me acompanhou.

- Nada.- Fiz uma pausa.- Tava só  pensando no que aconteceu hoje, na minha mãe.

- Tem certeza que é  so na sua mãe que está pensando?- Indagou.

- Não me enche Mayra.- Me sentei no ponto de ônibus.- Pra onde a gente vai?

- Vamos no shopping, assim fica mais fácil de eu fazer o exame.- Assenti.

Não demorou pro nosso ônibus  aparecer, e como sempre bem cheio.

Descemos no primeiro shopping do centro. Entramos e fomos a procura de uma farmácia.

- Ai amiga, compra pra mim?- Ela tremia do meu lado.- Por favor!-Implorou.

- Tudo bem.- Levantei as mãos em sinal de rendição.- Mas só  porque te amo.

- Ah.- Deu pulinhos.- Você é demais.- Me abraçou rapidamente.

Entrei na farmácia e ela ficou de fora tentando disfarçaro nervosismo, chegava a ser engraçado.

Não era a primeira vez que tinha que comprar um desse, então  foi bem simples.

  A moça do caixa me olhou com cara de dó, não dei importância. Apenas paguei e sai.

- Pronto.- Entrei a sacola pra ela.- Vamos.- Puxei ela indo em direção ao banheiro mais próximo.

- E se der positivo?- Falou receosa.

- A gente resolve depois.- Ela sorriu fraco.- Agora vai logo,  que eu to com fome.

Ela deu risada e entrou na cabine. Ja eu, escorrei na pia e ali fiquei por longos e agonizantes 15 minutos.

- Ta fabricando o teste ai?- Ela não  disse nada, mas saiu da cabine de cabeça  baixa.- E ai?

- Positivo.- Começou  a chorar e me abraçou.- O que eu foi fazer da vida?

- Calma, ta tudo bem.- Acarinciei seus cabelos.- E esse teste pode estar errado.

- Eu li em algum lugar que, falsos negativos acontecem, mas falsos positivos não. - Ela limpou as lágrimas.

- Mas vai ficar tudo bem.- Abracei ela novamente.- Você tem a mim, ao Vitinho.- Tentei tranqulizar.

- Vamos sair daqui.- Ela me puxou pra fora do banheiro.

....

Fizemos um lanche la no shopping mesmo, mas ela queria voltar pra casa. Eu achava até  melhor.

Ela seguiu pra dela e eu pra minha, disse que precisava de um tempo sozinha.

Minha cabeça estava quase dando um nó, era muita informação  pra um dia só.

- Gabi!- Escutei a voz dele, e eu jurei que tentei ignorar mas ele tava na frente de casa, montado na sua moto.- Preciso falar contigo.

....


In My BloodWhere stories live. Discover now