Capítulo 36

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Gabriela Pv'

Continuei parada no mesmo lugar, nem notei quando Mayra parou ao meu lado.

- Eu sabia!- Jogou os braços pra cima em um gesto rápido. - Sabia que Vitinho não faria esse tipo de coisa.- Disse convicta de suas palavras.

- Mas que porra May.- Comecei a andar em direção a saída e ela veio atrás.

- Oh calma ai.- Parei e olhei fixamente pra ela.- Eu não tenho culpa disso não po.- Levantou as mãos em sinal rendição.

Abri a boca pra falar algumas vezes, mas nada saiu. Me virei e voltei a caminhar, e ela ao meu lado.

Eu não estava com raiva dela, nem algo parecido. Na verdade não tinha nenhum motivo para isso. Estava apenas aérea, ainda tentando encaixar todas as peças.

- Se não foi Vitinho, foi quem?- A pergunta saio da minha boca sem nem permissão.

- Sério isso?- Me olhou como se fosse obvio.

- Ah não May, não vem com esse papo torto não.- Fiquei nervosa na hora, continuei andando mas ela parou.

- Amiga!- Parou e fixou o olhar a frente. Fiquei sem entender.

- O que foi?- Parei de andar e olhei na mesma direção. Quase tive um treco ali no meio da rua.

Apesar de movimentada, por conta dos alunos indo embora. A escuridão tomava conta da rua toda, e próximo a um beco estava ele. Vestido de preto, encostado em seu carro, e com uma cara nada amigável. Parece até cena de um filme de terror, o perfeito boneco assassino.

- Sua pergunta acabou de ter uma resposta.- May disse e começou a se afastar de mim.

E adivinha só quem estava se aproximando cada vez mais? Se disse a própria personificação do capeta, ai está ele, parado a centímetros de mim.

Abri a boca algumas vezes, mas não fui capaz de falar se quer uma palavra. Minha única reação foi dar um tapa forte em seu rosto. Continuaria a bater nele, se não fosse por ele segurar meus braços, me imobilizando.

- Que porra Chucky.- Esbravejei.- Me solta.

- Cala boca! Geral olhando.- Aquilo foi a gatilho pra minha raiva aumentar.

- Ta achando que é quem? Tu não é meu pai nem ninguém pra mandar em mim não!- Gritei, não estava nem ligando para as pessoas observando a cena, alguns engraçadinhos ousavam até a filmar.

- Entra no carro, depois nos conversa.- Falou firme ignorando tudo o que disse. Podia jurar que seu olhar estava completamente preto.- Não vou pedir duas vezes.- Ele me soltou aos poucos.

Olhei pra ele incrédula daquela ceninha ridícula. Eu não iria com ele, não queria olhar na cara dele. Comecei a caminhar no rumo da minha casa, esperando que eles desistisse do que veio fazer aqui.

Escutei seus passos logo atrás de mim. Não demorou pra ele me puxar pelo braço. Acabei indo direto pro seus braços.

- Colabora comigo.- Pediu baixo.

- O que tu quer?- Olhei pra cima fitando seus olhos.

- Vem comigo que te conto.- Suspirei fundo, balancei a cabeça em positivo e ele sorriu.

  Seguimos juntos até o carro, e por incrível que pareça a maioria das pessoas já haviam tomado seus rumos. Entrei no carro ainda puta de raiva, por pouco não arrancava aquela porta.

 - Esquentada.- Falou baixo, mas eu ouvi, e preferi deixar quieto.

   Olhei pela janela e percebi que um dos cara que sempre anda com ele, batia em um dos alunos.

 - Pra que isso?- Ele olhou pra cena, ignorou e deu partida.- Será que dá pra pelo menos me responder?- Ele me olhou rapidamente.

 - Esse ai ainda não aprendeu quem sou eu.- Foi breve em suas palavras.

  Preferi não discutir. Cruzei os braços e enterrei minha cabeça no banco do carro.

 Não demorou para ele estacionar em frente  aquela mesma casa que a gente ficou pela ultima vez.

  Eu poderia até  não conseguir bater nele, mas que ele iria ouvir poucas e boas, isso podia ter certeza.

 Entramos na casa. Joguei minha bolsa em qualquer canto. 

 Ele permanecia parado próximo a porta, com a expressão um pouco mais aliviada.

 - O que tu quer?- Cruzei os braços. Ele me olhou dos pés a cabeça e riu. Respirei fundo e lhe dei as costas indo pra cozinha.

 - Volta aqui po.- Me seguiu.- Ta bolada por que? Fiz nada com tu.

 - Não fez comigo, mas fez com ele.- Meu tom de voz ja estava alterado.

 - Com quem doida?- Tava estressada com ele, certeza que não aguentaria e partiria pra cima.

 - Vai se fazer de sonso com outro.- Apontei o dedo na sua cara.- Eu não sou besta não.

 - Que porra Gabriela.- Jogou as mãos pro alto e se afastou de mim.- Fiz nada com ninguém não, papo torto.

 Bufei de raiva.

 - Ah pronto!- Fiz gestos com as mãos.- Agora vai dizer que não bateu no Caio?- Ele deu risada.

 - Po.- Respirou fundo.- Se ta falando é daquele merdinha?- Encarei ele, esperando que continuasse.- Ele só mexeu com o cara errado.- Encostou no balcão.- Nem tinha nada a ver contigo não. 

 - Mas afetou a minha vida.- Fiz uma breve pausa.- De novo.

 - Po... Vacilo meu.- Abaixou a cabeça. Era difícil ver ele abaixar a guarda, pra mim aquilo era mais uma das jogadas dele.- Mas vagabundo tem nada de ficar de cima de mina minha não porra.- Seguiu pra sala, e eu fui atrás.

 - Mina sua?- Dei risada.- Eu deixei bem claro que não quero nada contigo, e não sou nenhuma propriedade pra você se apossar de mim não.- Falei com raiva.

 Ele  não disse nada apenas se aproximou de mim. Alisou meu rosto suavemente, colocou  meu cabelo pra trás, aproximou do meu ouvido. Sua respiração assim tão perto me causava um certo incomodo.

 - Sua boca pode até dizer isso, mas teu corpo me fala outra coisa.- Me arrepiei todinha, nem imaginava que ele tinha esse poder sobre mim.



In My BloodWhere stories live. Discover now