Capítulo 26

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Gabriela Pv'

Se passaram alguns minutos, ele se mantinha calado. Comecei a ficar enteada, meu celular tinha ficado em casa.

Olhei para meu colo e lembrei que estava vestida apenas com sua camisa.

- Não dava nem pra esperar eu colocar uma roupa?- Fechei a cara.

- Ta mo gostosa assim.- Mordeu o lábio inferior e bateu forte na minha coxa, apertando a mesma em seguida.

- Vai se foder Chucky.- Respondi brava.

- To quase é te fodendo.- Falou baixo, mas eu ouvi. Olhei de relance e voltei meu foco pra estrada.

No fundo eu ainda sentia muito ódio dele, mas não  tinha coragem de fazer nada. Talvez fosse por medo do que ele faria comigo, ou apenas  porque prefiro tudo da forma que está.

- Estamos indo aonde?- Peeguntei quebrando aquele silêncio ensurdecedor.

- Pra minha casa.- Olhei pra ele confusa.

- Mas sua casa não é no morro?- Ele riu.

- Tenho quantas eu quiser.- Debochou.

- Vai demorar muito?- Falei como uma criança impaciente.

Você respondeu? Ele também não. Certeza de que ele era bipolar, ou tinha algum problema.

Foquei novamente na estrada. 

Precisava saber como estava minha mãe; E também saber o resto daquela história, por que minha vó veio pra ca? Por qual motivo ela veio? Será que agora eu saberia a verdade sobre meu pai.

Em todos esses anos, rolaram várias teorias na minha cabeça. Em uma, ele teria abandonado minha mãe quando soube que ela ia me ter; Outra, talvez, seria de que ele teria sido preso, ou até mesmo morto. 

 - Me empresta seu celular?- Quebrei novamente aquele silêncio. Confesso que preferia o Chucky falando várias merdas, do que ele assim, calado. 

Ele não disse nada, vi seu celular no porta objetos entre os bancos, estiquei a mão para pegar o mesmo, mas ele segurou meu braço.

- Ta ficando maluca de encosta no celular de bandido?- Arqueou uma das sobrancelha. Tive que segurar para não rir da cara dele.

- Relaxa ai.- Ele soltou e eu recuei no banco.- Só queria conversar com minha mãe, explicar que ta tudo bem.

- Po deixar que mando os cara passar o recado.- Disse frio. Seus olhos estavam escuros, com certeza tinha algo rondando sua mente.

 Levou mais longos minutos dentro daquele carro, que mais parecia uma prisão de segurança máxima, que a cada movimento meu era um olhar de reprovação dele. 

 Parou em frente a uma casa, que tinha um muro enorme. Daqui dava apenas para ver o topo da casa, que com certeza tinha dois andar. Ele abriu o porta luvas e se debruçou no meu colo, procurando algo dentro do porta luvas.

 - Pode ser ou ta difícil?- Me senti incomodada com ele tão próximo das minhas partes intimas, que não estavam nem um pouco cobertas.

 Me olhou rápido voltando sua atenção ao que fazia. Depois de poucos segundos ele se levantou com um controle na mão, o mesmo acionou a abertura do portão. Entrou com o carro na garagem fechando o portão na mesma hora.

 Desci do carro com dificuldade, a dor estava voltando.

- Por que  não avisou que vinha?- Escutei uma voz feminina, olhei para frente vendo a imagem de um senhora baixa, bem morena.

- Foi de ultima hora Dandá.- Os dois se abraçaram.

- Como você está lindo meu filho!- Encheu o rosto dele de beijo. Será que era a mãe dele?- Quem é ela?- Perguntou indiferente, talvez pela roupa que eu vestia.

- Gabriela.- Falei antes dele, forcei um sorriso simpático. Mas estava desconfortável com aquela situação.

- Cadu ta ai?- Os dois entraram na casa, me deixado sozinha ali com minha cara de tacho.

 Você seguiu eles? Eu não. Abri novamente a porta do carro e vi que seu celular permanecia no mesmo lugar. Peguei, olhei para fora pra ver se ele não tinha sentindo minha falta e voltado pra me buscar ali.

 Tive sorte, o celular dele era desbloqueado. Ou ele não tinha nada demais ali, ou sempre andava com esse celular na cola.

 Fui direto no telefone e digitei o número da minha mãe, era o único que tinha decorado. Apertei o verde com meu coração faltando pouco para saltar pela boca.

 Ela atendeu no quinto toque.

Call On

- Alô? Quem é?

- Mãe, sou eu.

- Oh meu Deus! Pra onde aquele filho da puta te levou?- Ri com a forma que ela falou.

- Não faço a menor ideia, só sei que é muito longe do morro.

- Você não está em perigo não né?

- Ah mãe....- Ela sabia que estando ao lado de um traficante  era perigo a todo momento.- Eu estou bem.

- Quando você volta?

-  Não sei...- Ele ficou em silêncio.- Preciso desligar.- Falei ao escutar vozes se aproximando.

- Manda noticias menina!- Gritou do outro lado da linha. Não disse nada, apenas desliguei jogando o telefone dele no mesmo lugar.

Call Off

 Olhei pela janela, e ele conversava com um homem negro alto, aparentando ter uns quarenta anos ou mais. Continuei observando os dois de longe, seria estranho eu sair do carro no meio da conversa deles.

 Ele olhou em direção ao carro e sua cara não ficou nada boa quando me viu la dentro. Ele veio até mim em passos pesados, abriu a porta do carro com tudo.

- Caralho mano, tu parece criança.- Me puxou pra fora do carro.- Achei que eu tu tava em qualquer canto por ai.

- Você quer que eu faça o que? Explore sua casa como uma gatinha curiosa?- O homem alto se aproximou rindo.

- Quem é a gracinha Andy? Você nunca trouxe suas garotas pra ca.- Ele tinha um voz que era capaz de causar medo em qualquer um.

 Pela forma que ele chamou Chucky percebi que tinham uma certa intimidade.

- É a Gabriela.- O cara me olhou assustado, boquiaberto.

- A filha do Toninho?- Ele assentiu.- Meu Deus.- Elevou a mão até a boca.- Agora caiu a ficha da semelhança.

- Por que raios todos sabem do meu pai e eu não?- Cruzei os braços e bati o pé com raiva.

- Tu não contou pra ela?- Ele disse olhando pro Chucky que se mantinha sério, como sempre.

- Não tem porquê contar.- Ele deu as costas e eu fui atrás dele.

 - Não tem porque?- Alterei meu tom de voz.- Dá pra parar e me explicar que porra ta acontecendo Andris.- Foi a primeira vez que o chamei por seu nome, ele parou e se virou  pra mim.

- O que você quer saber sobre aquele filha da puta? Ele não fez nada por ti.- Falou bem próximo de mim.

- Custa o que pra ti me falar dele?- Meti o sério, assim como ele fazia comigo.- Tu só abre a boca pra falar merda, será que dá pra pelos menos colaborar comigo?- 

Vi seus olhos se escurecerem de raiva, ele levantou a mão pra me dar um soco, mas recuou na mesma hora.

- Tu é um cara egoísta, prepotente.- Ele continuou de costas pra mim.- Cadê aquele cara de ontem a noite? Que diz se arrepender de ter me espancado diversas vezes.- Gritava.

- Eu matei ele!- Congelei na mesma hora, não tive nenhuma reação. Meu corpo começou a tremer.




In My BloodWhere stories live. Discover now