Capítulo 39

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 Gabriela Pv'

 Passei a mão no rosto várias  vezes tentando achar uma solução. Ele se fez de besta e se jogou no sofá.

- Ainda acho que você tá bêbado.- Me sentei na mesa de centro, ficando de frente pra ele.

- Talvez um pouco.- Fixou o olhar no meu, me deixando sem jeito como sempre.

 Desviei o olhar, buscando palavras pra começar.

- Por que não me procurou aquele dia?- Ele desviou o olhar passando a mão no cabelo.- Responde por favor.

- Tive que resolver uns b.o la na boca.- Voltou a me olhar.- Mas eu te deixei em boas mãos po.

- Mas sem mensagens, sem noticias? Eu só sei que você ainda ta vivo porque todos aqui falam de você.- Levantei me afastando dele.- Tudo que sei sobre você é o que os outros comentam pelo morro.

- Mentiras e mentiras.- Suspirou fundo.- O que quer saber?

- Quem você realmente é.- Ele riu debochado.- To falando sério Andris.- Me virei olhando pra aquela cara de vagabundo que ele tinha. Um sorriso fraco se mantinha em seu rosto.

 - Tu nunca me chama pelo nome.- Fechou os olhos e jogou a cabeça pra trás.- O Andris e o Chucky são duas pessoas.- Falou baixo.

  Me sentei novamente na mesa de centro.

- Como assim?- Perguntei curiosa.

- Eu era bom, queria ver todo mundo bem.- Fez um breve pausa.- Fazia de tudo pra ver todo mundo bem. Mas aquele filho da puta tirou isso de mim- Socou o sofá.

 Não sabia o que dizer e nem fazer, não sabia lidar muito bem com ele. Ainda mais quando ele se abre assim comigo.

- O Andris morreu Gabi.- Aquilo me atingiu de um jeito que não sei explicar.

- Não acho que seja  verdade.- Ele me olhou confuso.- Tudo bem que já provei da sua pior versão, mas não acho que seja tão ruim assim.- Ele deu risada.

- Realmente você não sabe nada sobre mim.- Fez gestos.

 Cruzei os braços olhando pra ele com cara de deboche.

- E tem como te conhecer sem você me mostrar?- Ele negou com a cabeça.

- Mas você não colabora comigo.- Ri.

- Então quer dizer que agora a culpa é minha?- Apontei pra mim mesma.

 - Isso.- Se inclinou e pegou minha mão.- Tu é encrenca mina.- Aquele olhar dele  me deixou arrepiada. 

Ri sem graça.

 - Esse teu olhar ainda vai me matar.- Me puxou pra perto.

- Tomara que seja de felicidade.- Me fez sentar em seu colo, de lado mesmo e me abraçou.- Quer mesmo me conhecer?- Perguntou baixinho.

- Quero.- Passei a mão em seu rosto, olhando em seus olhos assim como ele faz comigo.

- Então vem comigo.- Sai de seu colo e observei ele ir até a porta e a abrir me dando passagem.

 Peguei minha bolsa jogada no chão e sai.

- E pra onde vamos?

 - Pra onde estávamos indo antes.

 Fiquei confusa, mas então ele começou a caminhar subindo o morro. Só ai que percebi que iriamos ao baile.

 - O que o baile tem a ver contigo?- Nenhuma das teorias na minha cabeça me convencia.

- Muito mais do que você imagina.- Puxou minha mão e entrelaçou com a dele.

Dei risada da cena, e ele me olhou sério.

- Muito casalzinho clichê.- Ele sorriu, mas não disse nada.

  Algumas pessoas que passavam por ali nos olhavam, mas não encaravam por muito tempo. Era melhor assim.

 Não demorou pra gente chegar no baile. Dessa vez era o típico que rolava na rua mesmo, com o paredão.

 - Firmeza chefe.- Um cara todo tatuado fez toque de mão com Chucky.

 - Qual a fita?- Ele se afastou um pouco pra falar com o cara.

 Fiquei observando o baile. Era pra la de meia noite, aquilo estava lotado e todo mundo embrazando, seja pelas bebidas, pelas drogas ou apenas por conta do funk que era contagiante.

  Aproveite que Chucky estava ocupado e fui até uma barraquinha ali comprei uma cerveja, ia ficar só de boa hoje. A musica começou a me envolver, minha bunda estava criando vida própria.

 Voltei pra onde estava e comecei a dançar no ritmo da musica. Parei quando a musica acabou, começando outra. Busquei Chucky com o olhar, sem sucesso. Dei um gole na minha cerveja, e fui circular pra procurar.

 Rodei a rua todinha, cheguei a ficar cansada e minha cerveja já tinha acabado. Voltei pra barraquinha.

- Ai tia, manda mais uma.- Passei o dinheiro pra ela, e ela me entregou a cerveja.

 - Cadê a Mayra?- Vitinho parou do meu lado me dando um baita susto.

- Foi levar a avó no posto.- Falei tranquila.

- O que?- Surtou.- E porque ela não me avisou nada.- Passou a mão no cabelo preocupado.

- Não sei.- Dei um gole na minha cerveja.- Vai até la.- Ele assentiu e ja ia embora.- Ei Vitinho.- Me olhou.- Viu o Chucky?- Negou com a cabeça.

Fiquei ali por perto esperando que ele voltasse, mas perdi a paciência e resolvi curtir minha noite. Eu que não iria sair perguntando todo mundo cadê o Chucky.

 Dancei e bebi até não aguentar mais. Por incrível que pareça ninguém mexeu comigo, alguns apenas ficavam olhando, mas graças ao bom Deus ninguém veio mexer comigo, estava fora de problema hoje.

 Ele não voltou, e nem se quer me mandou uma mensagem. Não vou mentir que conferi o celular milhões de vezes.

 Resolvi voltar pra casa. Peguei uma ultima cerveja e comecei minha caminhada de volta. A rua estava bem movimentada, pessoas indo e vindo do baile.

 Entrei em casa pronta pra tirar aquela roupa e cair na cara. Mas assim que ascendi a luz da sala levei um puta susto. 

  Tinha um cara sentado no sofá, ele era forte e mal encarado. Abri a porta pronta pra fugir dali, mas escutei o destravar de uma arma.

- A donzela não vai a lugar nenhum não.- O medo correu por minhas veias em fazendo tremer.


...




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