Capítulo 52

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Gabriela Pv'

  Abri e fechei a boca várias vezes, na tentativa de responder. Mas nada parecia que ia me livrar de ouvir um monte.

Respirei fundo.

- Eu sei que você não vai gostar nem um pouco de ouvir isso, mas eu sou apaixonada por ele.- Ela se mantinha com a mesma expressão.- Não fiz pra te irritar, ou ir contra tudo que você me fala.- Fiz uma pausa.- Mas é  que aconteceu, não pude evitar.

- Filha.- Segurou minha mão, a mesma tremia, ja que eu esperava um esculacho.- Eu já passei por tudo isso que você ta passando, eu não posso te impedir de sentir algo.- Já  olhei surpresa.- Mas preciso te alertar sobre algumas coisas.

Ela ficou quieta por um tempo, parecia se lembrar de algumas coisas.

- Seu pai não era uma pessoa ruim, ele me tratava bem.- Fez uma pausa.- Mas ele me trai muito, mas eu como estava apaixonada nem dava ouvido pro que os outros falavam.- Já sabia onde essa conversa iria levar.- Esses cara tem o ego acima de tudo, eles acham que podem fazer o que quiser, sem se importar com os outros. Eu sei que você vai dizer que to errado, que esse tal Chucky é  diferente, pode até  ser. Mas eu não  quero te ver magoada.

- Eu não sei se posso confiar nele.- Fui sincera.

- Então por que se envolve com ele? Por que fazer isso consigo mesma? Tem tantos jovens por ai, de boa família, com uma conduta bem diferente.

- Eu tentei mãe.- Me levantei.- Eu juro que tentei me afastar, mas cada vez que eu tentava eu ficava mais próxima dele.- Passei as mãos no cabelo.- Eu entendo que ele me fez mal, mas acredito que ele tenha se arrependido.

- Será que se arrependeu mesmo? Abre teu olho Gabriela, se ele foi capaz uma vez, por que seria diferente agora?- Minha cabeça estava dando um nó.

- Eu não sei mãe.- Ja tava irritada.- Pode me deixar sozinha?- Essa assentiu.

- Só toma cuidado, ta?- Assenti.- Eu amo você.- Beijou o topo da minha cabeça e saiu do quarto.

 Deitei na cama respirando fundo. Será que não vou ter um dia de paz? 

 Tudo que eu mais precisava agora era de dormir um pouco. Minha cabeça estava a mil, confusa demais.

...

 Chegou a segunda feira, e eu não estava nem um pouco animada.

Não tive muitas notícias sobre o Chucky, apenas de que ele ja estava em casa. Mas ainda não fui ver ele. O mesmo não me mandou mensagens, com certeza minha mãe falou um monte pra ele.

 E falando na minha mãe, ela me colocou pra ajudar ela em um monte de coisa aqui em casa.  Ela acha que me engana, mas eu sei que é só pra me distrair e me manter longe dele.

 - Larga esse celular Gabriela!- Chamou minha atenção.- Preciso que vá no mercado pra mim.- Me entregou um lista e dinheiro.- Mas não demora.

- Ta bom.- Dei de ombros e sai de casa. 

 Com certeza tinha  um sol pra cada cidadão desse morro. Já estava a ponto de derreter.

  Dei uma visão geral no morro e notei que algumas casas estavam enfeitadas para o natal, nem me lembrava que já era dezembro. O que me lembra que falta pouco pra eu completar meus 18 anos.

 Quando me dei por conta já tava em frente ao mercado. Entrei e peguei tudo que havia na lista, nos mínimos detalhes, e com certeza eu ia ter uma trabalhão pra levar tudo.

- Quer uma ajuda?- Perguntou um menino que trabalha ali, ele parece ter minha idade.

- Não precisa, obrigada.- Sorri. Peguei todas minhas sacolas e respirei fundo tomando coragem.

 Por um momento eu pensei em aceitar a ajuda do menino, mas quando olhei pra fora do estabelecimento vi Chucky dentro do carro. Podia ta a quilômetros que mesmo assim eu saberia que era ele.

 Me apressei e atravessei a rua até sem olhar, quase que sou atropelada por uma moto.

- Olha por onde anda vagabunda!- Se minhas mãos não estivessem ocupadas, teria logo mandando dedo do meio.

 Chucky me olhou assustado, ele abriu a porta do passageiro.

- Toma cuidado morena.- Entrei no carro meio atordoada.

- O que você ta fazendo aqui? Não devia ta de repouso?

- Vagabundo não para não.- Ele estava diferente, falava com desdém. Como se não quisesse a minha presença ali.

Pensei em sair do carro e seguir pra casa, mas algo me dizia pra ficar e conversar com ele.

- Aconteceu alguma coisa?- Perguntei olhando pra ele, o mesmo mantinha a atenção no celular. Peguei o mesmo de sua mão.- To falando com você!

- Me devolve essa porra ai, to resolvendo parada importante cara.- Disse bravo, ele conseguia ficar mais lindo assim.

- Só quando me dizer por que ta me tratando assim.- Disse ao esconder o celular debaixo de mim.

 Ele bufou de raiva.

- Tu é complicada demais garota.- Olhou pra mim por uns instantes e desviou o olhar.- Bem que você disse, não vai dar certo nos dois.

- Se a minha mãe te falou alguma coisa e melhor....- Ele me interrompeu.

- Ela tem razão Gabriela, não posso te prender a mim, que vida vou te oferecer? Uma vida de riscos?- Bateu a mão no volante.

Um silêncio se instalou entre nós.

- Andris... Não tem mais volta.- Ele me olhou sem entender.- Não me vejo mais longe de você, já era.- Fiz gestos.- To metida nisso até o pescoço, e to disposta a correr o risco.- Ele continuou meu olhando em silencio.- Só vou embora se você realmente quiser.

 Ele segurou meu rosto e me beijou devagar. Não precisa de palavras pra me responder, aquele simples gesto já falava que nos dois estavam mais envolvidos que tudo.

- Tu é muito doida.- Disse sorrindo. Vagabundo apaixonado é foda, só consegue me atrair mais ainda.

.....




In My BloodWhere stories live. Discover now