Atos inesperados ♡ Capitulo 12

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Minha sexta-feira estava longe de ser calma, a noite ainda nem tinha chegado por completo, e mais uma vez meu pai avisou que não ia jantar em casa. Na verdade, não me lembro do último dia em que jantei com ele ou fiz qualquer refeição em nossa enorme mesa vazia. Está chegando o dia do aniversário da minha mãe, e um único pedido seria tê-la novamente comigo. Este ano faço dezenove anos e faz sete anos de sua morte precoce.

Minha casa é tão grande em espaço e vazia de pessoas. Moramos apenas eu, meu pai e a governanta que me criou desde a morte da minha mãe, quando meu pai se fechou para o mundo e decidiu se afastar sentimentalmente do único filho. Depois de anos, ele acha que pode recuperar o tempo perdido, mas só eu sei quantas vezes estive sozinho nesta casa.

Sentado na cama, passo as mãos entre os cabelos e sinto minha cabeça queimar.

Desde o ano passado, estou travando uma luta com meu pai sobre qual faculdade devo seguir, como se fosse uma decisão dele, que nunca pegou uma nota minha na escola ou assistiu a um jogo de basquete. Ele quer que eu curse administração para dar continuidade ao império do café, o senhor aparenta me conhecer tão bem, mas não sabe onde estão meus sonhos. Após uma longa discussão ao telefone, meu pai se sentiu obrigado a voltar para casa mais cedo e não foi para jantar.

— Gustavo, estou falando com você, saia desse quarto agora! — Gritou meu pai, batendo na porta com insistência após eu entrar em meu quarto. — Gustavo, abra essa porta ou vou derrubar!

Ele batia na porta com tanta força e isso durou mais de meia hora. Ele achava que seus gritos me assustavam.

— Nicholas Baker, você vai derrubar a porta por qual motivo? — Abri a porta com toda a velocidade, fazendo-o se assustar. — Quer me gritar mais? Como sempre faz quando minha opinião não bate com a sua? O que sabe sobre mim? O que sabe sobre meus sonhos?

O senhor de terno e gravata passa a mão em sua testa brilhando de suor e aponta para mim, exaltado.

— Fale baixo comigo, garoto. Eu sempre fiz de tudo por você, nunca te faltou nada. Eu sempre estive aqui desde que sua mãe... — O silêncio tomou conta de todo o ambiente, e ele afrouxou sua gravata azul marinho.

Neguei, sorrindo.

— Desde que minha mãe morreu, você sumiu de si e de mim. A Srta. Mary cuidou de mim todos esses anos sem me dar nenhum dinheiro, sem roupas caras ou viagens de jatinho. — Minha voz exaltada fazia eco no corredor vazio. — Quando me chamou para trabalhar com você na fábrica, eu pensei que seria nossa aproximação, já que minha adolescência foi tão sem direção que fiz coisas das quais o verdadeiro Gustavo se arrepende. — Ele me olhava, sem desviar o olhar. — Aqui estou brigando com a última pessoa que restou, simplesmente porque ele só pensa em si. SEU TRABALHO, SUA VIDA, SUAS REUNIÕES, SEU IMPÉRIO DO CAFÉ. — Gritei com toda minha força, e senti minha garganta arder.er.

Sem controle, lágrimas escorreram do canto dos meus olhos e enxuguei-as com fúria. Na maioria das vezes, penso que tudo que ele faz ao se aproximar de mim é me deixar desnorteado.

— Eu quero o melhor pra você, Gustavo. Quero que seja uma boa pessoa, meu filho. Todo mundo vê isso! — Ele afrouxou o resto da gravata e passou a mão em seus cabelos ralos.

Consenti, o encarando.

— Estou me tornando muito melhor, não está vendo? E as pessoas de fora não sabem sobre nós, sobre nada. Estou trabalhando dois turnos, raramente saio à noite. Mal bebo, não fumo mais. Mas é claro que você não percebeu o quanto mudei. E quer saber? — Dei de ombros, arqueando as sobrancelhas. — Nem eu sei como pude ter sido uma pessoa tão vazia antes, mas esse sou eu agora. Quero correr atrás dos meus sonhos, e se for por dinheiro... Eu prefiro não precisar mais de você. — Ele me olhou friamente, balbuciou, mas não saiu nenhuma palavra.

Acasos Do CoraçãoNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ