Palavras em mente ♡ Capítulo 9

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Após um dia corrido, cheguei em casa pronta para tomar o melhor banho da minha vida. Parece que eu tinha esquecido como era acordar às cinco da manhã, além do trabalho da padaria fui à galeria de artes novamente assinar papéis e termos que faltaram. –Sentada na cama sinto meus pés queimarem quando os mexo.

Viver andando a pé quando se tem carteira de motorista é no mínimo ridículo, mas não consigo dirigir. Porém não posso reclamar que vida está corrida, afinal queria isso, lembro-me que a vó do Alex diz algo sobre quando a mente está vazia acaba sendo a oficina do diabo.

Entro no chuveiro e a água gelada cai sob minha cabeça espalhando meus cabelos em minhas costas, ao mesmo tempo em que sinto a água sob minha pele, pensamentos invadem fazendo-me perder á noção do tempo. Tudo que eu queria era não me importar com o acontecido de mais cedo e não irei contar isto a ninguém, basta de suposições.

As paranoias eu mesmo crio e já está de bom tamanho. Não quero pensar em nada que envolva o Gustavo Baker, como nos ignoramos tantos anos, que continue assim pro bem do meu coração. Após meu banho demorado e calmo coloco a roupa mais confortável do meu armário, penteio meus cabelos e percebo que eles pararam de cair após minha pausa do remédio para ansiedade que tomava frequentemente. 

-Que eu seja mais forte que a ansiedade, as crises me destroem. -Digo pra mim mesma encarando-me na frente do espelho, guardo o frasco do remédio.

Ao sair do banheiro do de cara com a vista mais bonita do mundo, a minha cama. Coloco meu celular para carregar e pego meu notebook a fim de olhar um pouco a vida alheia antes de desmaiar, pois eu não durmo apenas desmaio. Em minha página no friendbook não posto muitas fotos minhas, melhor dizendo quase não posto nada, tirando frases bonitas e coisas engraçadas. A última foto que postei é uma que tirei junto ao Alex, do dia do baile de formatura que fomos juntos. Ele me deu minha flor preferida para colocar no punho, girassóis.

A foto é minha mão apoiada sob seu peito, nos mostrando com flores iguais e cores também. Na foto ele comentou '"Um par sempre" - Meu sorriso é inevitável ao reler isto. Meus pensamentos são cortados por sons de batidas em minha porta;

-Entra mãe, tudo bem. -Aviso bufando sem que ela ouça.

-Como sabia que era eu Anne? Posso pegar a roupa suja? -Pergunta a senhora loira já pegando o cesto no meu banheiro antes que eu responda a sua pergunta. -Tem mais algo sujo por aqui? –Interrogou-me enquanto passava a vista por todo meu quarto a procura de algo.

-Conheço sua batida mãe e como já pegou meu cesto... acho que minha jaqueta também precisa lavar. Mas eu levo ela depois tudo bem? -Ela da de ombros e sai deixando uma pequena abertura da porta. -Era só bater a porta mãe. -Digo pra mim mesma levantando e batendo a porta, o cansaço me deixa mais chata que o normal.

Precisava mesmo ver essa jaqueta, já está precisando lavar. Ganhei da minha avó muitos anos atrás quando ela se lembrava do meu aniversário, é uma jaqueta jeans lisa na parte de trás e tem quatro bolsos na frente com botões em forma de girassóis. É bem simples e feita por ela mesma, mas a graça das coisas está na simplicidade e no valor sentimental que ela possui para nós. -Pego a jaqueta e trago comigo pra cima da cama. Começo a revistar os bolsos com agilidade achando papel de bala, meu fone de ouvido, uma nota fiscal, uma flor murcha mas ainda linda e o bilhete do Baker.

Ao juntar coisas para o lixo observo aquela pequena flor, foi do aniversário da Maryn Condor. Não acredito que guardei a flor que o idiota achou presa em mim. Meus ombros caem e me reprimo mentalmente por isso. Coloquei a flor e o bilhete em cima da mesinha de cabeceira e descartei os papéis no lixo ao lado da minha cama. Não entendo o porquê do bilhete, se ele quer parecer gentil está conseguindo.

Acasos Do CoraçãoWhere stories live. Discover now