Noite feliz ♡ Capítulo 3

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Uma semana se passou desde minha ida ao cemitério. De modo geral, estou me sentindo melhor após o surto em relação ao Alex, contudo o vi pouco esta semana e percebi um leve distanciamento entre nós. No entanto, isso não me preocupa. sei muito bem que a data em que os pais dele faleceram está chegando, e ele sempre se recolhe para viver o luto. Tenho certeza de que em alguns dias tudo estará bem, enchendo meu saco como sempre.

Estamos em pleno feriado, com os estabelecimentos fechados e meu pai não vai abrir a padaria, então estou de folga. Ao me diz para visitar o Alex e ver como ele está, nessa época, ele costuma se fechar tanto que chega a dar medo. Como amiga, estou sempre ao seu lado, mas sei que certas dores precisam ser sentidas sozinhas.

Do outro lado da rua, vejo minha vizinha da casa em frente. Ela tem uma neta de dezoito anos que provavelmente não gosta de mim, embora eu não saiba o motivo. Gostaria até de puxar assunto e conversar, mas não sei como. As poucas coisas que sei sobre ela são através de minha mãe, que conhece todos na rua. Ela se chama Alice Moore, é solitária e reservada. Estudamos no mesmo colégio por todos os anos, mas nossa aulas nunca batiam.

Dei uma pequena volta em frente à praça, que fica a alguns metros da minha casa. O ambiente calmo e vazio era composto apenas por uma pessoa andando de skate. Distanciei-me do caminho ao perceber a pessoa vindo em minha direção em alta velocidade. Apertei os olhos, tentando identificar quem era.

-Que inferno... -murmurei, sentindo-me indignada.

Gustavo Baker andava de skate e passou por mim tão rápido que não me reconheceu, o que foi um alívio. Meu santo não bate com o dele, nunca. Devo admitir que, olhando apenas para sua aparência, ele é um rapaz muito bonito. Seus cabelos sempre bagunçados o tornam ainda mais atraente junto aos seus olhos quase pretos e um sorriso cativante.

Balanço a cabeça para afastar esses pensamentos.

Porém, sua beleza não muda a repulsa que sinto por ele desde a escola. Gustavo sempre foi o oposto de mim, e lembro-me claramente como ele flertava com as meninas na época. Apesar de não dar crédito a fofocas, há rumores de que ele tem um filho que não assumiu e que sempre teve um lance com sua amiga Emma. Essa mudança repentina não me convence de que ele realmente mudou por dentro.

Na frente da porta dos Ross, bato levemente e escuto risadas altas de Alex e uma voz feminina. Pensei que ele estivesse mal, mas pelo visto estava enganada. Aproximo-me da porta novamente e bato duas vezes com mais força, preocupações a toa são horríveis.

Após alguns minutos, o senhor Ross abre a porta, logo arrumando seus suspensorios.

— Oi querida, como está? — Sr. James fala com a voz rouca, abrindo a porta lentamente.

— Oi vô, estou bem. O Alex está? — Ele abre a porta por completo, dando-me espaço para entrar. — O senhor está bem?

— Estou sim, mas sinto meus ossos fracos, coisa de velho. E ele está na sala. Quanto tempo você não aparece! Entre, irei pegar alguns biscoitos! — diz ele, gentilmente.

— Irei adorar, obrigada! — respondo com timidez, adentrando a casa.

Ao me aproximar da sala de televisão, continuo ouvindo as risadas finas enquanto o Sr. James segue rumo a cozinha deixando-me à vontade. Continuei andando em direção às risadas e meu olhar parou no sofá, onde vejo Alex e uma menina desconhecida por mim assistindo televisão com bastante intimidade. Sinto minha garganta seca ao deglutir, enquanto me apoio na parede, sem que os dois possam me ver.

Ainda observando os dois, começo a entender seu distanciamento repentino. A menina vai em direção ao Alex e o beija rapidamente. Minha única reação é dar alguns passos para trás e sair sem que eles me percebam, sai pela porta da frente da casa e a fechei  lentamente. Afinal, se fosse para eu saber de algo, o Alex teria me contado.

Acasos Do CoraçãoWhere stories live. Discover now