Capítulo 63

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Dias se passaram e a dor não diminuiu

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Dias se passaram e a dor não diminuiu. Essa casa é grande demais para mim, vazia demais. Me sinto vazia, me sinto sozinha. Sinto muito a falta dela, sinto a falta de Elijah e saber que ele nem se quer se importou em saber como eu estou dói mais em mim.

A única coisa que esses dias fizeram comigo é me puxar ainda mais para a escuridão e eu não sei se me sinto confortável em sair dela. A vida só tem me trazido decepções, quando eu me levantar e a vida me fizer novamente, não sei se eu teria forças para me levantar novamente. Não tenho mais forças para isso, não tenho nem vontade para isso.

Sebastian tem tentado me animar mas sua vida não gira em torno de mim. Ele tem uma vida para cuidar e não pode se preocupar tanto comigo, eu sou muito grata a ele por me dar tanto suporte, não sei onde eu estaria hoje se não fosse por ele.

Ouço passos vindo em minha direção e me viro com um sorriso forçado para receber Sebastian mas meu sorriso se desmancha ao ver que não era Sebastian. Meu coração bateu acelerado em meu peito, minha respiração rapidamente tornou-se desregulada.

— O... O que você está fazendo aqui? — não pude evitar gaguejar — Vai embora daqui! Vai embora.

— Isabelle eu... — cortei suas falas com um golpe em sua bochecha.

— Você nada, Elijah. Você não tem direito de falar absolutamente nada. Vai embora daqui eu não quero te ver, muito menos te escutar. Sai!

— Smurf... — ele não consegue nem se manter de pé. Ver que ele continua o mesmo me deixa magoada. Ele está embriagado como sempre.

— Você está bêbado, Elijah! — minha voz soa com desprezo.

— Eu não estou bêbado. Eu só tomei alguns copos — fala com a voz embargada.

Senti ódio de mim mesma quando me vi tendo pena dele. Não faço a menor ideia de como ele faz para chegar até aqui, ainda mais no estado em que ele está. Bêbado e sem conseguir nem se quer se manter em pé. Como ele conseguiu chegar até o quintal da casa da Marcela?

— Vai deixar um pobre garoto indefeso nestas ruas perigosas? — ele diz e um flash back da primeira vez em que ele me disse isso apareceu em minha mente.

Eu não tinha forças e nem ânimo para discutir com ele. Então o deixei entrar e coloquei ele debaixo do chuveiro com roupa e tudo. Eu não sou obrigada a ver sua nudez.

— Você ainda me ama? — ele pergunta enquanto eu fecho o chuveiro.

— Fecha a boca, Elijah.

Saio do banheiro e aponto para a cama.

— Deita aí e dorme — digo saindo do quarto sem dar a ele a chance de protestar e para ter a certeza de que ele não me seguiria eu tranquei a porta.

Decidi ir para o meu quarto e ficar por lá mesmo. Durante esses dias eu pensei e pensei muito, tanto que tomei uma decisão que eu acho ser a melhor para mim.

Eu vou abandonar essa cidade. Vou embora deste lugar que já me trouxe tanta coisa de mal. Eu só tenho péssimas recordações daqui e ficar aqui não irá me ajudar em nada. Principalmente por um dos meus maiores problemas morar aqui.

Eu não posso me deixar levar por ele. Não posso me contentar com as migalhas que ele me dá e hoje ele só conseguiu me provar como eu estou certa.

Eu irei para onde Marcela queria que eu fosse. E não sei o que esperar daquele lugar. Não sei o que Marcela preparou para mim lá e tenho certeza que é algo bom para mim, mas não tenho certeza se eu irei gostar de seja lá o que for que NY esteja guardando para mim.

De algo eu tenho a certeza. Seattle não é para mim.

Quanto a essa casa, as empresas da Marcela em Seattle eu decidi vender e doar o dinheiro porque não vejo o porquê de ficar com tanto dinheiro sendo que eu sou vazia por dentro e nem que eu gastasse nos anos que me restam de vida eu não conseguiria acabar com tanto dinheiro. Preciso de agilizar isso o mais rápido possível para que eu me possa ir embora.

Depois de terem se passado algumas horas decidi abrir a porta para Elijah e pedir para que ele fosse embora. Ao abrir a porta sua figura apareceu na minha visão. Ele estava sentado na cama e parecia que o efeito do álcool havia sumido um pouco. Elijah parecia envergonhado pois não levantou sua cabeça para me encarar, como normalmente faria.

— Bom. Acho que você já é capaz de ir embora — falo acabando com o silêncio do lugar.

— Você tem razão — ele diz se levantando sem protestar.

Senti uma pontada de decepção no peito pois eu esperava que ele implorasse para ficar ou ao menos me pedisse desculpas. Sou uma idiota por esperar isso dele mas é inevitável eu gosto demais desse idiota de merda.

— É — digo recuperando a postura.

Ele se levantou caminhando em minha direção me dando a oportunidade de prestar atenção nele e pude notar diferença nele. Elijah está mais forte, muito mais forte. Seu corpo magro contém alguns músculos, nem tantos mas o suficiente para que eu note a diferença.

Ele passou por mim sem me encarar ainda. O segui até a porta e foi quando ele finalmente me encarou.

— Sinto muito por tudo que aconteceu — entendi muito bem o que ele quis dizer com "tudo".

— Eu também sinto, Elijah. Mas nem por isso minha situação melhorou — cruzei os braços e ele coçou a cabeça.

Ficamos em silêncio nos encarando e aquela situação já estava se tornando desconfortável para mim então decidi acabar com ela.

— Acho que está na hora de você ir embora.

E novamente ele concordou comigo, novamente ele não pediu para ficar, ele não me pediu desculpas, ele não insistiu. Ele apenas acenou e foi embora. As lágrimas que eu estava segurando vieram com força assim que ele sumiu das minhas vistas. E novamente eu me entreguei a escuridão.

Ele apareceu aqui para me ferir ainda mais. Eu já estava superando isso e ele apareceu para estragar tudo.

Caminhei com raiva, ódio e mágoa até meu quarto e joguei apenas coisas básicas dentro de uma sacola. Não queria levar nenhuma das roupas que estavam naquela casa, não queria nada daquilo. Peguei uma foto da Marcela, o quadro de Elijah, a sacola, e chaves de um dos carros da garagem.

Joguei tudo dentro do carro junto meu celular e liguei o GPS do mesmo para me guiar durante a viagem. Entrei no carro e dei partida sem me importar com mais nada, quando eu estava bem distante de casa decidi gravar um áudio para Sebastian.

"— Não faço ideia de como começar, de como dizer isso para você. E você não imagina como isso é difícil para mim, mas você sabe que é o melhor a de fazer. Agradeço por tudo que você já fez por mim, e não foi pouco. Você foi mais do que um amigo para mim, palavras nunca serão suficientes para te agradecer, Sebastian. Você me provou que neste mundo existem pessoas boas, me mostrou um lado bom dessa vida maldita que só me mostra seu pior lado. Não quero prolongar muito essa despedida. Desculpa por não ter me despedido mas foi necessário. Amo você, obrigada por tudo".

Com lágrimas nos olhos joguei o celular pela janela. Adeus Seattle.

Fim

Mais Feliz Do Que Nunca!Where stories live. Discover now