Dois adolescentes problemáticos.
Dois adolescentes tóxicos, cegos pelo orgulho. Uma mistura perigosa de fogo e petróleo que a qualquer momento poderia entrar em combustão, mas acima de tudo, duas almas quebradas que podem escolher entre unir uma a o...
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No dia seguinte, decidi ir a faculdade. Acordei não tão disposta mas eu não podia mais ficar em casa da Marcela sem fazer nada. Apesar de suas revelações eu ainda não me sinto á vontade em sua presença.
Ao descer ela me chamou para tomar café com ela e minha primeira reação foi recusar mas depois da sua insistência eu decidi aceitar.
— Para onde você vai? — ela pergunta e eu quase reviro os olhos pois essa pergunta fará com que surjam várias outras perguntas.
— Faculdade — murmuro me servindo.
— Ah.
Para a minha surpresa ela não me faz mais perguntas mas em contrapartida fica me encarando. Eu conheço aquele olhar, Kate me olhava do mesmo jeito na hora do almoço, ou do café da manhã. Com espectativa, esperando eu comer toda refeição e esse olhar não é nada confortável. Na verdade, me incomoda bastante.
Coço a garganta e me ajeito desconfortável na cadeira. Encaro o prato de panquecas á minha frente e tento lembrar de tudo que Lia falou. Não posso ter uma recaída novamente, não posso permitir. Levo um pedaço até a boca e mastigo nervosamente e o olhar de Marcela está me deixando ainda mais nervosa.
As pessoas podem até não perceber, mas ficar encarando uma pessoa com bulimia quando ele está prestes a comer faz com que ela se sinta ainda menos normal. Incomoda bastante.
— Porque você está me encarando? Se você está tentando me deixar confortável sinto em lhe dizer mas você está falhando miseravelmente — o meu tom de voz não era nada doce.
— Estou tentando fazer isso de um jeito certo. Você pode me ajudar?
— Não, não posso. Eu escutei tudo que você me falou e tive tempo para absorver tudo mas isso não mudou muita coisa do que eu sempre achei de você — sou sincera.
Nossa conversa nada agradável foi interrompida por uma mulher furiosa entrando na cozinha. Ela para ao meu lado e encara Marcela.
— Louise? O que você está fazendo aqui?
— Você já deveria estar imaginando o que eu estou fazendo aqui — a mulher responde furiosa.
— Vamos conversar no escritório.
— Não! Sua filha merece saber que tipo de mãe ela tem. Uma mãe que transa com o marido das outras.
— Louise... — a mulher desfere um tapa no rosto da Marcela e me encara.
— Me desculpa por isso — ela sussurra pra mim e coloca a mão em meu ombro.
— Esquece qualquer tipo de amizade que já tivemos, Marcela. Quero distância de mulheres como você — mãe de Elijah finaliza e se retira.
Assim que ficamos novamente a sós eu a encaro sem dizer nada e ela me encara de volta como se quisesse que eu dissesse algo. Que eu a apoiasse mas eu jamais o farei.
