Capítulo 56

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Não sei como, mas quando vi eu estava nos braços da minha "mãe" e Heitor estava sendo algemado pelos agentes da polícia

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Não sei como, mas quando vi eu estava nos braços da minha "mãe" e Heitor estava sendo algemado pelos agentes da polícia. Eu já não conseguia absorver absolutamente nada.

— Filha — ela me abraçou e eu não tive nenhum tipo de reação.

Não retribuí, não me afastei, não xinguei. Apenas fiquei sem reação. Em algumas horas minha vida deu um giro de trezentos e sessenta graus.

Eu precisava de explicações, queria entender tudo mas não agora. Agora eu só quero ficar só e pensar, então deixo que Marcela me guie até meu antigo quarto sem falar nada. Deixei que ela me aconchegasse na cama e me abraçasse sem falar nada, permiti que ela me ajudasse no banho sem falar nada, comi sem falar nada.

Não sabia nem descrever como estava me sentindo, era algo atormentador. Eu me sentia vazia, era como se eu já não pertencesse a lugar algum. A minha mãe não é minha mãe e o meu padrasto é o meu pai, que tentou abusar de mim e me usou como refém. O homem que sempre repudiei, um homem asqueroso.

Com a cabeça um pouco descansada pude recordar como tudo aconteceu, foram horas tentando fazer com que Heitor me largasse. Foram várias horas de tortura com um braço no meu pescoço e uma arma na minha cabeça me lembrando que eu podia morrer a qualquer momento.

Os policiais tentaram vários tipos de negociações mas Heitor não estava disposto a ser preso tão facilmente. Ele permaneceu firme por horas, pressionando cada vez a arma em minha cabeça me avisando que se eu fizesse algum movimento brusco minha vida seria tirada de mim com apenas alguns disparos e ele não se importava.

Meu rosto e meu pescoço estão cheios de hematomas mas eu não dei muita importância a isso. Eu ainda estava em transe e não sabia como sair, eu nem se quer sabia se queria sair. Meu reflexo no espelho era meu maior inimigo no momento pois a cada vez que eu olho para ele, as imagens daquele momento surgem em minha mente.

"Solta ela, Heitor".

"Vai ser rápido".

"Você é sangue do meu sangue".

"Tenho que dar um jeito em você".

"Nós podemos negociar, senhor. Deixe a garota".

Várias vozes se misturam na minha cabeça e isso é assustador, as vozes me incomodam mas eu não consigo tirá-las elas gritam umas com as outras me deixando cada vez mais incomodada. Não sei por quanto tempo fico assim. Horas, dias, semanas. Não faço a menor ideia.

Marcela entra em meu quarto a cada instante. Me abraça, me ajuda a comer, tenta falar comigo mas eu ignoro sua presença. Na verdade, eu ignoro a presença de todo mundo que tenta falar comigo, não estou disposta a falar com ninguém.

— Fazem três dias que ela está assim — ouço alguém falar e não me novo da cama.

— A senhora pode me deixar a sós com ela?

Mais Feliz Do Que Nunca!Where stories live. Discover now