Capítulo 17 - A Revolta

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 Natasha voltava da sua corrida naquela tarde, acompanhada sempre pelos cães. Ela caminhou ofegante até o curto lance de escadas que levava ao dormitório encontrando Russel, Osíris, Govan sentados nos sofás da sala, conversando, Liane também estava ali, mas a garota simplesmente ignorou sua existência.

— Ratinha, espere.

— Encoste em mim e cortarei seus dedos imundos. – parou nos primeiros degraus da escada e a fitou. — E usarei como isca de peixe.

— Dá pra me escutar uma vez, sua mimada? Quero poder explicar, por favor.

 Natasha sorriu de canto.

— Mimada? Claro. – deu de ombros e lançou o olhar para os outros presentes. — Fique com quem não te julga traidora e podem conviver com a existência de vocês dois.

— Não é bem assim, Natasha. – disse Osíris jogando a carta sobre a mesa.

— Temos nossos problemas também. – acrescentou Russell.

— Eu não tenho problema. – Govan disse jogando outra carta. — Truco.

— Ah, puta merda. – Osíris desistiu.

— Você blefa demais, Govan. – Russell lhe apontou o dedo indicador.

— Então paga pra ver.

— Não é o que parece. – a menina voltou a atenção para Liane. — Para pessoas que foram traídas, mortas durante os tempos, alguém voltar de repente e outra ser uma espiã não foi nada grave.

— Não estamos revoltados como você.

— Mas, deveriam. – subiu os degraus acompanhada dos cães. — Porque ele foi capaz de esconder de vocês e escolher um qualquer para confiar, diz muito.

 Liane a seguiu com o olhar e então soltou os ombros abaixando a cabeça.

— Nunca pensei que ia me incomodar tanto essa atitude fria dela. – comentou a mulher.

— Você merece. – alfinetou Osíris.

— É uma traidora. — concluiu Russell.

— Eu gosto de você. – comentou Govan, batendo no sofá. — Venha, sente-se aqui.

— Ela tem razão num ponto. – se aproximou. — Por que não estão bravos ou revoltados com Derek?

— Ninguém disse que não estamos. – Osíris a fitou. — A diferença é que podemos entender seus atos.

— Derek nos ajudou por anos depois da traição, nunca pediu nada em troca. Acho que o mínimo que fazemos é... Entender seu lado.

— Natasha poderia entender, também.

— A menina se sente traída. – Govan misturava as cartas distraidamente. — O coração dela sofreu uma perda gigante, o luto tira o melhor de nós.

 Distribuiu o baralho.

— Ela o amava, se dedicou inteiramente a ele. Arriscou-se diversas vezes, largou a vida comum para se tornar uma de nós. – encarou Liane. — E Derek foi embora, mentiu, esqueceu de seu "sacrifício" mesmo dizendo que a amava.

 Todos fitaram o homem que sempre surpreende quando fala algo coerente.

— Quem não se revoltaria? – dividiu a atenção entre eles. — Vocês não eram próximos o suficiente, agora, coloquem-se no lugar de Oswald. – ergueu as sobrancelhas. — Ele sim, deve se sentir traído.

 Ninguém respondeu e talvez, ninguém pensaria sobre o ponto em questão. Afinal, Caleb sempre fez tudo sozinho, todos sabem a maneira que age e não se importa.

 Natasha estava parada no topo da escada, escondida, ainda ouvindo o assunto no andar de baixo. Apertava a garrafa de água com força por conta de sua raiva, as lágrimas voltaram a escorrer pela face cansada.

G.U.Y. - A Lei do SilêncioWhere stories live. Discover now