Capítulo 11 - Primordiais

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Essa noite temos muito a oferecer, obras-primas de todos os lados do mundo.

 Natasha rangeu os dentes em puro ódio, seus olhos transbordavam a fúria. Hipócritas, cruéis, nojentos e obcecados pelo corpo feminino e a objetificação de apenas menininhas.

 Ela se aproximou de uma das vitrines. Se via nos olhos da pobre menina que estava dopada, mal podia se manter em pé de tanta droga em seu corpo frágil e jovem. Dentro dela, fervia a vontade de sangue, sua atenção passou ao redor e estava claro como o dia. A grande maioria das pessoas ali eram homens com a expressão sedenta, com a imaginação repugnante de como poderiam tocá-las. E Natasha arquitetava em como poderia fazê-los sofrer cada segundo do resto da vida que terão assim que ela tiver uma arma em mãos.

 Ah, não, eles não sairão vivos daquele lugar.

Controle-se.

  Soou a voz em seu ouvido.

Natasha precisa manter a mente limpa, ou vai cometer um grave erro.

 Um movimento sutil passou a mão na orelha retirando o comunicador, jogou dentro da bolsa e saiu andando pelo salão. As vozes estavam altas, conversando animadas sobre como a beleza de todas elas eram "exóticas", foram minutos depois que Natasha avistou o homem chinês. Não tinha a expressão alegre, passava a mão na barba, analisando a última vitrine. De repente, uma mulher alta de longos cabelos castanhos e vestido vermelho se aproximou dele.

  Natasha parou e observou, mas seu sossego durou pouco.

— Parece que nos encontramos de novo.

 Ela lançou o olhar de canto para Natanael, e sorriu fraco.

— De fato, senhor Lonrenzato. – se virou para ele. — É um homem persistente.

— Não estaria nesse ramo se não fosse um homem durão. – riu ele ficando ao lado dela.

— É o que diz para elas? – a frase sugestiva o fez sorrir.

— Às vezes. — os olhos azuis a analisaram. — Desculpe-me se soei desesperado ou rude, senhorita D'Marchi, mas como pode ver, não temos muitas mulheres nesse "ramo".

— Só porque não as vê, não quer dizer que são inexistentes. – voltou a encarar Dingxiang. — Veja a bella donna logo ali.

— Ah sim, Desirée Berny. – o nome de alguma maneira soou familiar para ela. — Mas, não se deixe enganar pelo belo rosto dela.

 Natanael aproximou-se mais do que deveria, quase encostou em sua orelha, as mãos foram até a cintura dela.

Desirée é o que nós chamamos de "Ira de Deus". – sussurrou ele. — Uma mulher religiosa que vem operando milagres desde os 17. Se reparar bem... – os dedos dele subiram lentamente pelo braço dela. — É a única que foi permitida ter acompanhante, seu guarda-costas, Jean Mount.

 Um sorriso surgiu no rosto dela, se virou minimamente, pôde sentir a respiração dele bater próximo ao rosto.

Talvez, eu tenho o julgado mal, senhor Natanael. – desviou do possível beijo. — Sabe como usar sua língua.

 — Posso fazer mais do que agraciá-la com palavras. – afastou-se um pouco. — Mas, disse que está aqui a trabalho.

— E estou. – deu de ombros. — Mio padre, precisa de novas funcionárias, de qualidade.

— Bom, qualidade é o que terá aqui. – riu ele. — Soube que essas garotas foram selecionadas de maneira meticulosa.

— Hm, interessante, mas, o que entra nessa meticulosidade?

— Aparência, comportamento, tipo de sangue, de onde vem, ricas ou pobres. – passou os olhos ao redor. — Ouvi alguém dizer que algumas até se vendem para salvar a família. O que o desespero não faz.

G.U.Y. - A Lei do SilêncioWhere stories live. Discover now