G.U.Y. - A Lei do Silêncio

Capítulo 13 - A Sangue Frio

 Natasha acordou cedo naquela manhã apenas para acompanhar Desirée a caminhada. Roma é simplesmente estonteante, tinha que admitir, mas seu objetivo principal era conquistar ainda mais o coração daquela mulher. E por quê? Para ter tudo e sabe que consegue.

 Sabia que havia algo escondido no comportamento de Desirée em relação a ela. E descobriu que a mulher perdeu uma filha que segundo sua descrição lembrava muito Natasha, seria alguns anos mais velha, mas mesmo assim. A semelhança a fez cair em tentação. E a menina soube tirar vantagem disso.

 A única pessoa que não parecia aproveitar a oportunidade foi Caleb que por algum motivo estava mais silencioso que o normal. Permitiu que saísse logo cedo, a mentira dele foi que algo urgente e preocupante vem acontecendo desde a madrugada passada e por isso não consegue sair do celular.

 A mentira foi bem estruturada, é de Caleb que estávamos falando, mas, mesmo assim, foi estranho para Natasha.

 Na hora do almoço, Desirée os convidou novamente para juntar-se a ela e Jean no andar mais alto. Viram dois andares abaixo que estavam em reforma, algo aconteceu com os vidros e estão trocando do andar inteiro, por isso algumas partes do hotel pareciam vazias.

 A mulher explicava sobre a missa que aconteceria amanhã, quinta-feira. Empolgava-se sobre a estrutura e a "energia pura" do lugar. O qual Natasha simplesmente deixava entrar por um ouvido e sair pelo outro. Não era possível que a mulher era tão hipócrita daquela maneira. Era assustador até mesmo para ela.

— Não creio que poderemos ficar até amanhã. – disse Caleb que voltava para a mesa depois de levantar de repente com outra ligação. — Há alguns problemas acontecendo e precisaremos voltar, essa tarde.

— Não. – Natasha logo se intrometeu.

— Ingrid. – ergueu a mão e se ajeitou na cadeira.

— Você prometeu. – inclinou-se e cerrou o punho controlando à vontade de socar a mesa.

— Infelizmente terei que quebrar essa promessa. – a encarou sério. — E é melhor a Madame Berny ficar de olho nas notícias.

— O que quer dizer?

 Caleb pegou o celular e estendeu para ela. A mulher analisou a notícia recente e ergueu as sobrancelhas.

"Segundo informações, foi possível encontrar ligações entre Goffman e Desirée Berny. O dinheiro desviado está sendo rastreado pela polícia e mais evidências de atividades criminosas são registradas..."

  O artigo continuava, mas a mulher parou de ler.

— Nem mesmo morto esse desgraçado me deixa em paz. – comentou ela mais para si.

 Natasha passou os olhos no artigo e achou aquilo extremamente suspeito. E encarou Caleb.

— Não podemos ir, temos que ajudá-la.

— Não. – Desirée foi mais rápida. — Seu pai tem razão nesse quesito, cara mia. – acariciou seus cabelos. — Não é de surpresa que essas mortes vêm acontecendo, essa exposição.... – balançou a cabeça. — Achei que ficando desaparecida distrairia seja lá quem for esse desgraçado.

— Por quê? Quem é?

— Ingrid, já chega. – intrometeu-se Caleb. — Esse não é um assunto nosso.

— É a partir do momento que isso nos afetou. – confrontou. — É o mesmo homem? Aquele no baile beneficente?

— Talvez, não posso dizer com certeza. – disse a mulher.

 Natasha se irritou e olhou ao redor, se levantou assim que encontrou Jean.

— Ingrid! – chamou Caleb sendo ignorado.

— Senhor Mount. – se aproximou ela e apenas recebeu o olhar de canto. — Você lutou contra ele, é o único que pode dizer.

 Mas Jean não respondeu, apenas mudou o foco, voltando a atenção para Desirée. E ninguém disse que isso faria ela parar.

— Ele te deu uma surra, não foi? – sussurrou para ele. — Não quer me contar.