Capítulo 15 - Estrada para o Inferno

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  O mês de Agosto terminava. Natasha simplesmente desapareceu do mapa. Precisava se recuperar, e se manter distante da cidade grande. Liane tomou seu posto de Lilith enquanto se manteve fora, dava instruções para Nero que ficou surpreso com a morte repentina de Desirée Barns.
 Os jornais noticiaram um assassinato, a culpa caiu sobre Jean Mount que segundo a polícia está foragido. É procurado internacionalmente. Caleb riu quando soube, deixou claro que só encontrariam se tiverem reconstrução de células. Segundo ele, Jean perdeu a cabeça e depois o corpo queimou junto com o carro.

 Seja como for. O Artista estava certo. Trevor ainda está no Canadá. Os homens de Caleb estão pelas ruas de cada cidade e puderam avistá-lo. Ela deveria ir embora, pegar o avião e esperar que Trevor desista e caia no conto de sua morte. Entretanto, há tanta coisa acontecendo, não quer ter que parar seu objetivo por um imbecil tão doente da cabeça quanto ela.

 Sem mencionar as suspeitas de um informante entre eles. Certos acontecimentos ficaram em segredo para os demais. Natasha já não consegue dormir direito pensando nisso, os sonhos repetem aqueles encontros. Não só o presente, mas o passado. Não consegue entender o porquê tantas memórias a assombram.

 Os fones de ouvidos vazavam a música alta que Natasha escutava. Ela estava concentrada no exercício. Já havia corrido logo pela manhã, treinava na sala do quartel naquele dia. Esperava pelas ordens de Caleb e seu plano secreto para cercar seja quem for o espião do Artista. O problema é que ela não consegue se concentrar, a cada instante a imagem de Derek surgi em sua mente.

 A voz, o perfume, o toque.

 Ela mais uma vez socou o saco de areia com tanta força que sentiu os dedos estralarem e parou. Fechou os olhos sentindo aquela raiva queimar dentro do estômago e subindo pela garganta. O grito de ódio machucou as cordas vocais.

"Seja melhor"

 Era o que dizia a voz em sua cabeça.

"Você sabe que tem algo errado acontecendo."

 Se afastou passando a mão no suor sobre a testa.

 "Não quero feri-la." a face encapuzada do assassino voltou a mente.

 "Ele não quer matá-la, perdeu diversas oportunidades." Dessa vez, Desirée sussurrou.

 Ela parou no meio da sala, pensativa. Coisas que Caleb a ensinou alguns anos. Como analisar uma situação seja calma ou violenta, precisa ter noção do que enfrentará. Ele a ensinou a usar mais sua habilidade de memória e a boa análise visual. E infelizmente, por sua falta de controle, não fez isso quando encontrou o assassino.

"— Quando enfrentar uma pessoa, com tempo de sobra, pode descobrir tudo apenas pela linguagem de seu corpo, estudá-la. Se vai enfrentá-la, o mínimo que deve fazer é assistir seus movimentos. Como anda, como a observa, com qual a mão predominante. Essas coisas levam a outra assim aprende sobre o inimigo e se é capaz de lutar contra ele."

  Ela o encontrou e perdeu essa oportunidade. Ou... será que não?

 A silhueta dele voltou a mente, na verdade, ela encarou o espelho e foi como se conseguisse construí-lo ao seu lado.

 Homem, quase 1,85 de altura, não pode dizer a idade com exatidão, mas pela massa muscular e seus movimentos diria estar na faixa dos 50 anos. Ele é destro, a primeira coisa que fez foi segurar a arma com a mão direita. Há alguma ferida na perna esquerda que o faz mancar, é quase imperceptível, mas foi notável quando ele a carregou protegendo dos tiros.

 Natasha cerrou os punhos em raiva, a expressão fechou no mesmo instante. Mais imagens voltavam como se revivesse o momento.

"— Você... é um ceifeiro?

 E ele apenas acenou"

 A menina levou a mão até o lado esquerdo do quadril, fechou os olhos, a pele formigou com a sensação do toque. Foi mais afundo, semanas atrás e aquela voz.

"Natasha!"

 Se virou em fúria alcançando aquele peso de 3 quilos e gritou simplesmente o arremessando contra o espelho que explodiu.

"— Ele tem um cúmplice, alguém lhe dando informações."

 Caleb tinha razão, ele sempre tem, e Natasha agora entende o que quis dizer.

— Natasha?! – Liane surgiu assustada com tamanho barulho. — Garota! O que houve?

"— Já suspeita de alguém... E não vai me contar?

— Por enquanto não."

G.U.Y. - A Lei do SilêncioWhere stories live. Discover now