Capítulo 142 :

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CARLA

Três meses após o nascimento de Maria Ísis, ficar em casa era o pior dos tormentos para mim. Mesmo distante procurei acompanhar o movimento da empresa e Arthur me mantinha informada de todos os passos que tomava, sendo ele meu substituto temporário. Ficar com as meninas era bom, mas não ocupava todo meu tempo livre. Maria Clara sabia se virar muito bem sem mim apesar de sua pouca idade. Sempre foi acostumada comigo no trabalho, então já era familiarizada com a babá que contratei para ajudar com as duas. 

O grande motivo, mesmo pequeno, era Maria Ísis.  A menininha da casa, apesar de escandalosa quando queria, era um tranquilo bebê. Chorava apenas por fome e não exigia que a segurasse em determinada posição. Bastava deitar no sofá com ela por cima para que dormisse a tarde toda. À noite, quando Arthur chegava, cansava-a tanto que para voltar a dormir de madrugada não custava muito. No meio tempo eu ficava lá... Olhando para o nada! Passei a fazer ginástica para perder o peso que ganhei durante a gravidez e obtive êxito. Era o único momento em que me distanciava um pouquinho de casa... Com tudo, incluindo o tédio que sentia por ficar longe da Delux, este recesso estava me fazendo bem. O estresse reduziu e nosso casamento não passou por nenhuma grave crise até o momento.

Por mais que Arthur quisesse que nossas filhas dormissem conosco todas as noites, isso não era seguro para a bebê e ele sabia disso. Quando dormimos os quatro na mesma cama na noite passada, ele me confessou que passou a noite acordado velando nosso sono. Ele queria fazer isso todas as noites, mas eu não poderia deixá-lo acordado noite após noite.

Se por um lado eu queria que ele descansasse, por outro, eu necessitava de um Arthur lúcido para me ajudar com a empresa. Na noite em que dormimos todos na mesma, eu acordei somente uma vez para alimentar a Maria Ísis. Entretanto, consegui dormir por algumas horas, muito mais do que eu dormia em muito tempo. E quando acordei pela manhã, três pares de olhos idênticos me encaravam.

Maria Clara estava se saindo uma incrível irmã mais velha. Com a ajuda de Arthur comecei a me consultar com uma terapeuta para me ajudar a controlar o temperamento. Após o último ocorrido na Delux, quando os funcionários que sempre tratei com indiferença me socorreram na hora em que mais precisei, tudo o que menos queria era voltar a ser a bruxa e carrasca que percorria os corredores com um machado para cortar a cabeça de quem me olhasse torto. Busquei me acalmar, me concentrar e ter paciência. A cada dia que passava a ideia de pedir demissão da Delux se intensificava em minha mente. Talvez fosse hora da rainha deixar seu império.

Arthur e eu ainda não tínhamos estado sozinhos. E, apesar de querê-lo, eu estava muito exausta para qualquer coisa, mesmo que eu estivesse dormindo mais um pouco sem ter que me preocupar com a Delux. Então, tia Bia deu-nos um ultimato. Hoje estaríamos saindo para um jantar, a dois.

Carla: Eu tirei leite com a bombinha hoje, está tudo na geladeira, mas caso você precise de mais, não hesite em me ligar. Eu já a amamentei... — Olho no relógio. — Tem vinte minutos. Também a troquei, Maria Clara está tomada banho, agora está assistindo um pouco de tv, não a deixe ficar muito tempo e você...

Graça: Carla. Eu darei conta do recado. — ela sorri.

Eu não estava querendo deixá-las para trás. E sentia que Arthur também não queria deixá-las Mordendo meus lábios, eu o encaro. Ele me encara de volta, sabendo onde meus pensamentos estão e, concordando plenamente:

Graça: Nem pensem nisso. — A voz de graça interrompe nossa comunicação muda. — Agora vão. Vão. Ela nos empurra porta a fora. Não nos dando escolhas.

E então, vamos embora.

Arthur: Eu ainda irei demiti-la. — Arthur resmunga.

E eu não posso me segurar. E gargalho. Ele sorri de volta para mim. Ele coloca o carro na estrada e dirige por cerca de meia hora até parar em um hotel de luxo. Eu o olho intrigada.

Carla: O quê? — Pergunta sorrindo.

Arthur: Ai tem uma ótima comida. — Diz, malicioso. Quando descemos do carro, tivemos que esperar o manobrista e Arthur aproveitou esse momento para me secar com seus olhos. — Você está perfeita.

Carla:  Sim? — Pergunto envergonhada.

Meu corpo tinha mudado depois da gravidez e do parto, eu estava receosa sobre quando Arthur o visse verdadeiramente.

Carla: Sim. — Concorda, me puxando para ele.

Beijando-me como se sua vida dependesse disso. O beijo se aprofunda e tenho certeza que está bastante indecente para quem vê de fora. O manobrista aparece e pigarreia para mostrar sua presença. Soltando-me, Arthur joga a chave do carro para ele, antes de me encarar.

Arthur: Acho que poderíamos pular direto para a sobremesa.— Meu coração pula.

Carla: Eu concordo. E então, ao invés de irmos para o restaurante, subimos para uma suíte.

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O Secretário. Where stories live. Discover now