Capítulo 118 :

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Carla: Não... — afirmei convicta — Estamos conversando bastante. Aliás, amanhã você vai para a Delux depois da escola. Temos uma coisa importante para contar — comecei a fazer a trança que me pediu.

Maria Clara: O que é? — se virou para mim toda contente esperando uma resposta.

Carla: Amanhã Maria Clara, amanhã! — peguei em seus ombros delicadamente e a virei para frente, voltando a fazer o penteado. Ouvi seu lamurio chateado e gargalhei. Amarrei a trança e a puxei para beijar sua bochecha. Maria Clara se deitou em mim — Quer dormir na cama com a mamãe? — beijei seu rosto muitas vezes. Ela se virou e me olhou atenta.

Maria Clara: Não mamãe. Você tem que dormir com o papai, não comigo. Se eu me acostumar a dormir aqui, como vai ser quando ele vir? — apenas observei seu rostinho infantil tão atento — Posso perguntar uma coisa?

Carla: Ah... Lá vem você! — revirei os olhos e ela riu alto — Fala mocinha...

Maria Clara: Por que você está gordinha? — meu rosto quase foi ao chão! Separei os lábios, indignada e coloquei as mãos sobre a barriga.

Carla: Eu... O que? — praticamente gritei e ela riu da minha expressão de horror — Aí filha! Ai... — choraminguei.

Maria Clara: Calma mamãe. Não falei que você está feia, pelo contrário, você tá com um bundão — colocou a mão em minhas costas delicadamente, me abraçando forte. Continuei choramingando — E com peitão. Está parecendo aquelas dançarinas de palco.

Carla: A Maria Clara! Que isso menina! — gargalhou mais e ela suspirou — Para de falar essas coisas hein? Não estou gorda, nem com bundão nem nada!

Maria Clara: Está sim — cantarolou — Agora vou dormir mamãe. Boa noite, eu te amo — me beijou no rosto longamente.

Carla: Boa noite meu tesouro. Te amo mais que tudo — a agarrei muito tempo enquanto riamos. Após um momento a deixei ir dormir.

Quando fiquei sozinha... Comecei a pensar. Será que Maria Clara, não estava me pedindo silenciosamente, sem muito alarde, a presença do pai em casa? Não era o que ela queria, afinal, ter Arthur ao meu lado para receber não ou, mas sim dois beijos e dois "boa noite"? Suspirei e me deitei... Era rápido? Sim, era! Apenas alguns meses... Estávamos prontos para uma vida a dois? Poxa! Deveríamos... Já que o bebê chegaria logo, temos uma filha e nós a amamos. Eu, finalmente, abandonaria a vida de independência que criei e entrelaçaria meu caminho ao de Arthur? Fechei os olhos e percebi que chorava...

 Eu, finalmente, abandonaria a vida de independência que criei e entrelaçaria meu caminho ao de Arthur? Fechei os olhos e percebi que chorava

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Comecei a lembrar da primeira vez que nos vimos. Gargalhei. De quando visitei a casa dele. De nosso primeiro beijo... Da viagem a casa da Thaís. Da praia... De nossa primeira noite juntos. Poxa...

"Dentro de você bate um coração complexo, Carla — começou a falar sem inseguranças, apenas abrindo seu coração. Por este motivo deixei que seguisse, que se entregasse — complexo, mas me fez se apaixonar por ele. Porque por mais que seja dura, você é doce. Por mais que queira dar uma de forte, é a mais fraca da história... Por mais que todos te enxerguem como a Rainha de gelo, você é uma menina cheia de incertezas e tão amedrontada que é impossível ultrapassar a barreira envolta em seu coração."

Levantei-me e calcei a pantufa de porco idêntica a de Maria Clara do lado cama. Coloquei um casaco por cima do pijama e olhei no relógio. Droga! Chorei tanto tempo assim? Meia-noite! Sem pensar em mais nada, corri em direção à chave do carro no andar de baixo e chequei para ver se a empregada estava mesmo em casa. Sim. Graças a Deus! Com a chave do carro em mãos desci o elevador notando que estava uma tempestade de cair o mundo do lado de fora, chegando a dar certo medo...

Corri para o carro, apertei o cinto e sai voando do prédio mesmo de pijamas, dirigindo em meio a chuva e com lágrimas nos olhos. Eu precisava me libertar, fazer o que o coração mandava, não ficar presa nos limites da razão, ouvindo a parte que apenas queria me deixar infeliz.

Era difícil acreditar em mim... Meu coração gritava alto. A chuva me cegava, mas a euforia era demasiada. Alcancei o prédio do Arthur depois do que pareceram anos. Estacionei torto, desci do carro no meio da chuva mesmo e empurrei o portão com força... Subi até o elevador molhada até os ossos, tremendo, sem me importar com a água gelada em contato com minha pele. Entrei no elevador e apertei mil vezes o botão, impaciente, fervendo por dentro, nervosa.

Bati na porta uma vez. Nada! Duas vezes, com mais força. Nada!

Comecei a esmurrar a porta impacientemente e... Lá estava ele abrindo a porta. Usava apenas uma calça cinza de moletom, o cabelo bagunçado, os olhos pequenos e sonolentos... Coçou o peito levemente e arregalou os olhos quando me viu. Ficou parado apenas olhando sem entender nada! Travei. Perdi a fala. Respirei fundo.

Arthur: Carla? — sussurrou em choque, olhando-me dos pés à cabeça. Ok! Estava de pijama, casaco e pantufa na porta da casa dele de madrugada e ainda por cima toda encharcada, mas... Precisava estar ali.

Carla: Sim — falei sussurrando baixinho.

Arthur: Sim, o que? Carla entra, pelo amor de Deus! — abriu espaço e tentou me puxar pela mão, mas apenas me aproximei dele — Carla?

Carla: Sim, aceito me casar com você — expliquei olhando em seus olhos quase chorando, encarando-o de baixo — Eu te amo muito Arthur.

Silêncio.

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